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POR QUÊ?
Norte-americanos erraram tudo e apressaram revés
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
A derrota viria de todo modo,
em algum momento. Primeiro,
devido à evidente evolução dos
"estrangeiros", cada vez mais
presentes na NBA. Segundo,
por causa da própria natureza
do esporte. Se o melhor jamais
perdesse, jogar para quê?
Feita a ressalva, confira as razões do fiasco dos EUA:
1) A seleção não reuniu os
grandes nomes da NBA. Dos 15
destaques do campeonato passado, apenas três participam.
Astros como Shaquille O'Neal,
Kobe Bryant, Tim Duncan e Jason Kidd alegaram contusão,
estafa ou desinteresse.
2) A recusa dos craques deu
"moral" a quem atendeu ao
chamado. "Já que vim, quero
aparecer!" A comissão técnica
teve, portanto, de administrar
egos de um elenco sem brilho,
promovendo um rodízio em
quadra sem critérios táticos.
3) A equipe é baixa. Só cinco
atletas têm mais de 2,01 m. A
Iugoslávia, com oito, controlou
os rebotes anteontem (40 x 29).
4) Faltam jogadores decisivos, capazes de sacar a cesta do
nada, de tirar um time da lama.
Os únicos com esse perfil são
Reggie Miller, 37, e Paul Pierce,
24. Mas o veterano só foi chamado para atrair público (e,
para piorar, se machucou). E o
segundo jamais tinha disputado partidas tão importantes.
5) Ao contrário dos adversários, acostumados a se reunir
periodicamente para torneios
internacionais, o grupo norte-americano nunca tinha jogado
junto. Tampouco repetiu a base de uma das 29 equipes da
NBA. O desentrosamento ficou
evidente, sobretudo na rotação
da defesa -argentinos e iugoslavos cansaram de completar
bandejas "limpas" sob a tabela.
6) A seleção se apresentou em
17 de agosto, a menos de duas
semanas da estréia. Foi a que
menos treinou para o Mundial.
Alguns convocados, de férias,
não pisavam em quadra havia
quatro meses. Faltou gás.
7) Os EUA historicamente
não se importam com os Mundiais. Os ginásios de Indianápolis vazios, agitados somente
pelos fãs "visitantes", evidenciam a falta da "energia cívica"
que turbina as outras seleções.
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