São Paulo, sábado, 07 de setembro de 2002

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POR QUÊ?

Norte-americanos erraram tudo e apressaram revés

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

A derrota viria de todo modo, em algum momento. Primeiro, devido à evidente evolução dos "estrangeiros", cada vez mais presentes na NBA. Segundo, por causa da própria natureza do esporte. Se o melhor jamais perdesse, jogar para quê?
Feita a ressalva, confira as razões do fiasco dos EUA:
1) A seleção não reuniu os grandes nomes da NBA. Dos 15 destaques do campeonato passado, apenas três participam. Astros como Shaquille O'Neal, Kobe Bryant, Tim Duncan e Jason Kidd alegaram contusão, estafa ou desinteresse.
2) A recusa dos craques deu "moral" a quem atendeu ao chamado. "Já que vim, quero aparecer!" A comissão técnica teve, portanto, de administrar egos de um elenco sem brilho, promovendo um rodízio em quadra sem critérios táticos.
3) A equipe é baixa. Só cinco atletas têm mais de 2,01 m. A Iugoslávia, com oito, controlou os rebotes anteontem (40 x 29).
4) Faltam jogadores decisivos, capazes de sacar a cesta do nada, de tirar um time da lama. Os únicos com esse perfil são Reggie Miller, 37, e Paul Pierce, 24. Mas o veterano só foi chamado para atrair público (e, para piorar, se machucou). E o segundo jamais tinha disputado partidas tão importantes.
5) Ao contrário dos adversários, acostumados a se reunir periodicamente para torneios internacionais, o grupo norte-americano nunca tinha jogado junto. Tampouco repetiu a base de uma das 29 equipes da NBA. O desentrosamento ficou evidente, sobretudo na rotação da defesa -argentinos e iugoslavos cansaram de completar bandejas "limpas" sob a tabela.
6) A seleção se apresentou em 17 de agosto, a menos de duas semanas da estréia. Foi a que menos treinou para o Mundial. Alguns convocados, de férias, não pisavam em quadra havia quatro meses. Faltou gás.
7) Os EUA historicamente não se importam com os Mundiais. Os ginásios de Indianápolis vazios, agitados somente pelos fãs "visitantes", evidenciam a falta da "energia cívica" que turbina as outras seleções.


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