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MOTOR
O despertador não tocou
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
A corrida mais chata do
ano, talvez dos últimos anos,
não merece maior comentário. A
última coluna antecipou que
Schumacher transformaria Spa
em uma espécie de one man
show. Não há mérito na previsão.
A F-1 está por demais previsível.
E como falar mal dessa F-1 já se
tornou rotina por aqui, duas pequenas novidades da semana para compensar tanta descrença: a
McLaren quer juntar forças com
a Williams, e a BMW resolveu
apontar o dedo para o chassi fabricado pela mesma Williams.
A primeira, capa da "Autosport" nesta semana, reúne todos
os elementos de uma boa cascata.
Diagnosticado que um dos fatores
de sucesso da Ferrari é o bom relacionamento com a Bridgestone,
a escuderia de Ron Dennis quer
dividir e trocar dados com a Wil-liams sobre os pneus Michelin.
Um intercâmbio básico de informações já existe. A proposta é
radicalizar o processo, não se explica de que modo, com o objetivo
de diminuir ainda nesta temporada o abismo entre a Ferrari e os
dois times ingleses. Enfim, não seria o primeiro conluio dos súditos
da rainha contra os italianos na
história da categoria. Longe disso.
Resta saber se adianta ou se é
apenas mais uma para inglês ver,
ou ler, o que preferir.
A segunda notícia é evidentemente mais importante. Gerhard
Berger foi duro e elegante com a
parceira. O problema da Wil-liams é o chassi, e o time precisa
de uma "revolução" de projeto semelhante à que a fábrica bávara
experimentou há dois anos com
seu próprio motor, sintetizou o diretor esportivo da BMW.
Berger disse também que confia
no time e na chance de a tal revolução de fato acontecer até a próxima temporada, para a qual
prevê uma Williams melhor, mas
ainda sem chance de tirar o título
da Ferrari. Curiosa mesmo foi a
resposta de Frank Williams, que,
em poucas palavras, disse que o
modelo FW25 será, então, um
carro "revolucionário".
O chefão da Williams ainda
comparou Montoya a Mansell e
garantiu que seu time experimentará já em 2003 uma nova era de
domínio. Como a vivida sob os
"cuidados" do Leão, bom discurso para ouvidos de patrocinador.
Traduzindo, a BMW não vai
colocar nenhum centavo a mais
para desenvolver um motor que
já é bom, e está na hora de sir Wil-liams e Patrick Head torrarem algum. A crise é, sim, o maior problema das rivais da Ferrari -e
como a tanga é ainda pior na
McLaren, por lá nenhum dos parceiros ousa falar mal do outro.
E, enquanto essa e outras revoluções não ocorrem, o público vai
respondendo à altura. No último
domingo, média de 13 pontos,
sendo que Barrichello, a grande
alavanca de audiência no bananal, tinha vencido na Hungria.
Dado mais alarmante, apenas
20% dos aparelhos estavam ligados no horário. E pensar que não
há muito GPs aumentavam a audiência até dos outros canais.
A categoria que deveria ser a
mais chata do mundo decide seu
campeão em duas corridas decisivas, amanhã e no outro domingo.
Castro Neves, Gil, Hornish e,
mais de longe, Giaffone disputam
o primeiro título de peso da breve
história da IRL. Em menos de um
ano, a liga assimilou pilotos, times, motores, circuitos e até mesmo os altos custos da Indy. E pensar que a IRL nasceu justamente
para negar os vícios da rival.
Dentro
Cada vez mais próximo do título da Indy e cada vez mais longe da
F-1. A negociação de Cristiano da Matta com a Toyota aparentemente fez água. O piloto mineiro chegou mesmo a criticar o que
chamou de "esse pessoal da F-1", que não se mostrou disposto a
pagar a multa milionária imposta por Carl Haas. Na Europa, aumenta agora a cotação de Felipe Massa para a vaga. A montadora
japonesa prefere um brasileiro ao lado do já acertado Olivier Panis
por razões exclusivas de mercado.
Fora
A Chip Ganassi, uma das equipes mais bem-sucedidas da Indy nos
últimos tempos, vai tirar seus carros da categoria até o final desta
temporada. A cada vez maior IRL deve abraçar ainda a Green, que
agora está nas mãos de Michael Andretti. Se tudo isso acontecer,
dos velhos barões da Cart sobrarão apenas Paul Newman, Carl
Haas e Bobby Rahal. O último apaga a luz.
E-mail mariante@uol.com.br
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