Novo atacante do Manchester City diz que odeia rock e levará samba à Inglaterra

Carrasco tradicional dos chilenos, jogador defende treinador e atira contra os presidentes de Real Madrid e Santos, seus ex-clubes

Fernando Donasci/Folha Imagem

O atacante Robinho, que defendeu o técnico Dunga, deixa treino da seleção em Teresópolis

SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS

Cercado de mimos na Granja Comary, o atacante Robinho, 24, vai entrar em campo nesta noite para salvar a pele de Dunga. À Folha, na sexta, pouco antes do embarque da delegação para o Chile, o novo contratado do Manchester City defendeu o treinador e disse que vai "jogar para o Dunga" em Santiago. A partida será decisiva para definir o futuro do treinador. Uma derrota pode tirá-lo da seleção. Pivô de disputa entre Real Madrid, Chelsea e Manchester City, ele diz que quer ser eleito o melhor jogador do mundo em 2009 mesmo num clube periférico. Robinho afirma estar magoado com o presidente do clube espanhol, Ramón Calderón, e rebateu as críticas do santista Marcelo Teixeira. ""Ele não tem que reclamar. Até ganhou um dinheiro com a minha negociação", afirmou. Robinho chegou na quarta a Teresópolis de helicóptero. Sobre o novo país, o principal artilheiro da era Dunga (nove gols) admitiu não saber falar inglês e rejeitar rock. E contou que não se incomodará com os dias chuvosos de Manchester.

 

FOLHA - A seleção poderá ficar em sétimo se perder no Chile. Esse jogo tem significado especial para você?
ROBINHO - Vou jogar sempre para agradar aos torcedores brasileiros, mas lógico que jogarei também para o Dunga neste momento especial. Ele é um treinador que me apóia muito. Tenho carinho grande por ele. As cobranças contra o trabalho do Dunga são injustas, mas seleção sempre foi assim. Quando não ganha, a cobrança é no treinador. Tomara que a situação mude no Chile.

FOLHA - Depois do Pelé, você é o jogador que mais gols fez contra os chilenos. Já tem seis gols...
ROBINHO - É. Levo sempre muita sorte contra eles. Sei que cada jogo tem a sua história, mas espero repetir os meus gols em Santiago.

FOLHA - No Real Madrid, você disse que usaria o prestígio do clube para ser o melhor do mundo. Foi para o Manchester City. Ficou mais difícil?
ROBINHO - Quero ser ainda o melhor do mundo. Muita gente acha que o Manchester City não é um time de ponta. O projeto deles é muito bom, e posso ser o melhor jogando lá. O Madrid me dá projeção maior, mas prefiro jogar no City do que ficar no banco do Real.

FOLHA - A história mostra que, para ser eleito o melhor do mundo, tem que ser jovem. Você não tem tanto tempo para chegar ao título...
ROBINHO - Tenho 24 anos e posso disputar o título por mais uns três anos. Mesmo assim, vou fazer de tudo para ser eleito já no próximo ano. Os meus companheiros de clube são bons e vão me ajudar. Vamos disputar a Copa da Uefa e brigar pelo título do Campeonato Inglês. Se tiver sucesso nessas competições, os caminhos ficarão mais curtos para ser eleito o melhor do mundo.

FOLHA - Você queria jogar no Chelsea. Eles lançaram até uma camisa com o seu nome. Não ficou frustrado por ter ido para outro clube?
ROBINHO - Aquela camisa ajudou a me tirar do Chelsea, mas também tem o fato de o Real Madrid ser adversário deles na liga [Copa dos Campeões]. Se jogo e faço três gols contra eles, o presidente do Madrid cai. Por isso, eles atrapalharam muito a negociação com o Chelsea.

FOLHA - Você saiu brigado do Real Madrid e muito criticado...
ROBINHO - Infelizmente, aconteceu isso. Queria sair pela porta da frente. Se o Real contratasse um jogador de ponta, sairia de lá sem problema. Mas eles não conseguiram ninguém e mudaram de opinião sobre a minha saída. Naquele momento, eu não queria mais ficar.

FOLHA - Você está magoado com o Real Madrid?
ROBINHO - Só saí magoado com o presidente, que não foi correto. Os torcedores sempre me apoiaram e gostavam de mim. Os jogadores estão tranqüilos.

FOLHA - O presidente do Santos, Marcelo Teixeira, criticou você e seu empresário pela forma como saiu...
ROBINHO - O presidente do Santos não tem que reclamar. Até ganhou um dinheirinho [cerca de R$ 4 milhões como clube formador] para ajudar o time a sair dessa situação difícil [risos]. Sempre torço para o Santos e estou sofrendo agora. O time está num momento estranho. Tem o artilheiro do Brasileiro e está lutando para sair da zona de rebaixamento.

FOLHA - Você já conhece o inglês?
ROBINHO - Não sei nada, mas também não é tão difícil aprender a língua. O inglês é problema para o Elano [que também joga no Manchester City]. Ele está morto com farofa no inglês. Vou falar melhor do que ele já em alguns meses.

FOLHA - Você é pagodeiro e gosta de dançar funk. A cidade de Manchester é berço de várias bandas famosas. Como vai ser sua vida noturna na terra do rock?
ROBINHO - Não gosto de rock. Já avisei lá. Vou levar o samba para a Inglaterra. Vou ensinar a música brasileira para eles.

FOLHA - Manchester é industrial, famosa pela chuva e tempo ruim. Não se arrepende de deixar Madri?
ROBINHO - A minha família dizia que vou perder muito ao trocar de cidade. Madri é uma cidade linda, ensolarada, mas isso é relativo. Quando estiver bem, fazendo gols, Manchester vai ficar maravilhosa.

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