São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2008

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Nova liga americana caça brasileiras

Campeonato profissional dos EUA atrai jogadoras nacionais para o país em que o futebol feminino é mais valorizado

Marta é principal objeto de desejo das equipes e tem sua presença considerada estratégica para atrair o público e os patrocinadores

MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A medalha de ouro olímpica não veio mais uma vez. Tampouco as promessas de maior valorização no âmbito nacional. O futebol feminino do Brasil, no entanto, ganha cada vez mais prestígio internacional e pode encontrar o seu novo eldorado nos EUA em 2009.
No início do ano, foi fundada a Women Professional Soccer (Futebol Feminino Profissional, em inglês), ou WPS, que utilizará o sistema de franquias nos moldes de ligas americanas já consagradas, como a NBA.
O campeonato terá início em abril do ano que vem e já conta com sete franquias associadas para 2009 e três para 2010. Tem como missão "ser a maior liga de futebol feminino do mundo e um parâmetro global pelo qual o esporte profissional feminino será medido."
Um vasto mercado se abre para as brasileiras. Pelo menos, metade das atletas da seleção já foi sondada. As mais cobiçadas são Marta e Cristiane.
"As brasileiras são criativas, têm intimidade com a bola e jogam com uma paixão que é única. O estilo brasileiro será um grande atrativo para os torcedores e melhorará o padrão de jogo da liga", avaliou Tonya Antonucci, principal dirigente da WPS, em entrevista à Folha.
A atacante Cristiane diz que a WPS poderá levar não somente as jogadoras da seleção, como também será um mercado que absorverá talentos.
"Temos destaques que podem fazer os olhos deles [dos americanos] brilharem. Com o que a gente apresentou na Olimpíada, não serão apenas uma ou duas jogadoras que irão para lá. Vão querer levar muito mais brasileiras", apostou Cristiane, artilheira da Olimpíada de Pequim, com cinco gols.
A atacante, que atualmente defende o Corinthians no Campeonato Paulista, recebeu propostas dos times de Boston, Chicago e Nova Jérsei.
O anúncio da contratação das estrangeiras ocorrerá a partir de 6 de outubro, segundo o calendário de atividades da WPS. As jogadoras que estiverem com contrato vigente com algum clube só serão anunciadas em janeiro de 2009, quando será aberta a janela de transferências internacionais.
"Acredito que metade desse time que estava na Olimpíada vai acabar indo jogar nos EUA. É bom para os nossos dirigentes verem que, se estão criando uma liga forte lá, é possível fazer aqui também", comentou a volante Formiga, que pode ir para o Saint Louis levada pelo técnico Jorge Barcellos.
Barcellos, treinador da seleção na Olimpíada, rompeu com a CBF para assumir o novo time. Ele chegará aos EUA no próximo sábado e já sabe quais atletas quer levar consigo.
"Vai ser ótimo porque as brasileiras vão ter uma nova vertente para trabalhar. Além disso, é bom para a seleção. Disputando uma liga competitiva, as jogadoras se manterão em atividade e não dependerão apenas de campeonatos esporádicos", avaliou Barcellos.
Além de Formiga, o treinador está interessado em Tânia Maranhão, Cristiane, Fabiana Baiana e Maicon. Levaria mais se as regras da WPS permitissem. Cinco é o número máximo de estrangeiras por equipe. "Mas vou tentar a Marta também. Não custa tentar", disse o novo técnico do Saint Louis.
Marta não é apenas o sonho de consumo de Barcellos. Boston, Los Angeles e Nova Jérsei já entraram em contato com a jogadora. A presença da maior estrela do futebol feminino mundial é considerada estratégica para os dirigentes da WPS para fomentar o interesse do público e dos patrocinadores.
Mesmo com uma política rígida de contenção de gastos, a liga abriu a possibilidade de as franquias contratarem uma jogadora que esteja acima do teto salarial, o que abriria a possibilidade de cobrir o salário de Marta, atualmente defendendo o Umea, da Suécia.
"Marta tem se demonstrado interessada em jogar na WPS, e nós estamos animados com isso. Tenho certeza que todas as equipes da WPS ficariam animadas de tê-la. Quanto mais atletas de alto nível estiverem em campo, maior será o potencial interesse que patrocinadores e investidores terão pela nossa marca", disse Antonucci.


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