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FUTEBOL
Atenção e a tensão
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quase todo o mundo volta
sua atenção neste fim de semana para as eliminatórias da
Copa do Mundo de 2002. A bem
da verdade, isso não passa de
uma meia verdade.
A Europa passou um bom tempo esperando por este final de semana, que fecha os grupos das eliminatórias do continente. O problema é que só fecha mesmo, pois
os nove grupos já estão definidos.
Escrevo esta coluna sem saber
os resultados dos inúmeros jogos
de ontem, mas a situação estava
tão clara que podia fazer uma coluna só sobre Rússia, Portugal,
Dinamarca, Itália ou Inglaterra,
seleções que devem ter carimbado
o passaporte para o Mundial nas
últimas horas. Só o Grupo 6 mostrava razoável suspense com a
briga entre Croácia e Bélgica para
saber quem ia à Copa e quem ia
ter que jogar a repescagem.
Alguns jogos certamente foram
melancólicos, como o da eliminada Holanda com Andorra.
O Grupo 4 reuniu as partidas
mais inúteis, pois Suécia e Turquia já sabiam exatamente quais
eram os seus destinos. Quase da
mesma forma, o Grupo 2 viu Portugal entrar em campo já comemorando, e a Irlanda jogar pensando no rival asiático na repescagem (Emirados Árabes Unidos,
Irã ou Arábia Saudita).
O Grupo 3 destacou o jogo entre
República Tcheca e Bulgária, que
não deixou muita margem para
surpresa porque os tchecos, com
uma equipe mais competitiva, jogavam pelo empate e em casa. A
Dinamarca tinhas as mesmas
vantagens diante da fraca Islândia, mas para ir direto à Copa,
não para a repescagem.
No Grupo 5, com a Polônia segura, ficou a dúvida entre o segundo lugar. A Ucrânia, dona de
uma boa equipe, deve ter lucrado
com o fato de os poloneses, seus rivais, já estarem classificados. Mas
talvez um empate não tenha sido
suficiente para o time de Shevchenko, e Belarus representa agora a chave no mata-mata.
O Grupo 8 chegou sem sal à rodada derradeira, com a Itália enfrentando uma eliminada Hungria em casa precisando só de um
0 a 0 para ir ao Mundial. A Romênia, segunda colocada garantida, já estava bem satisfeita por
disputar a repescagem.
O Grupo 9 foi finalizado naquela histórica goleada de 5 a 1 da Inglaterra sobre a Alemanha. Os
alemães, desde então, apenas preparam o time para a repescagem
temendo o que seria maior fiasco
da história de seu futebol.
O melhor e mais esperado jogo
deste fim de semana, disparado,
ficou para outra semana. Áustria
e Israel, tirando o lado político,
religioso, comercial, estratégico e
tudo o mais que se possa imaginar, já era uma partida que merecia muita atenção. A Fifa anunciou o adiamento da partida após
a explosão de um avião que saiu
de Tel Aviv cheio de israelenses,
mas isso, muito provavelmente,
não é a única razão da não-realização do confronto.
Com o mundo respirando terrorismo, a Copa na Ásia é um ótimo
alvo, especialmente com a presença de EUA (os americanos deverão ganhar vaga com a segunda
posição na Concacaf) e Israel
(que tem um bom time, era favorita contra os austríacos e travaria um duelo de risco com os turcos na repescagem).
As eliminatórias terão mais
atenção do mundo quando ocorrerem as repescagens. E, no dia
em que Israel entrar em campo
para tentar a vaga, o mundo precisará estar mesmo muito atento.
China
Metade do planeta (chineses, descendentes, comunistas, Fifa, TV,
patrocinadores, comerciantes, fabricantes de material esportivo
etc.) solta fogos pela histórica classificação. Pode comemorar!
Portugal
A colônia portuguesa pode estocar bacalhau. A chance de Portugal
ficar em terceiro lugar na Copa, como em 1966, é enorme. E a chance de ganhar a Eurocopa em 2004 também. Pode comemorar!
Brasil
Na América do Sul, resta a briga entre Equador e Uruguai para disputar a repescagem. O Brasil vai à Copa. Pode comemorar?
França
A estrutura da federação e o talento de seus jogadores têm rendido
mais títulos do que os franceses imaginavam. Pode comemorar?
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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