São Paulo, domingo, 07 de outubro de 2001

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FUTEBOL

Atenção e a tensão

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quase todo o mundo volta sua atenção neste fim de semana para as eliminatórias da Copa do Mundo de 2002. A bem da verdade, isso não passa de uma meia verdade.
A Europa passou um bom tempo esperando por este final de semana, que fecha os grupos das eliminatórias do continente. O problema é que só fecha mesmo, pois os nove grupos já estão definidos.
Escrevo esta coluna sem saber os resultados dos inúmeros jogos de ontem, mas a situação estava tão clara que podia fazer uma coluna só sobre Rússia, Portugal, Dinamarca, Itália ou Inglaterra, seleções que devem ter carimbado o passaporte para o Mundial nas últimas horas. Só o Grupo 6 mostrava razoável suspense com a briga entre Croácia e Bélgica para saber quem ia à Copa e quem ia ter que jogar a repescagem.
Alguns jogos certamente foram melancólicos, como o da eliminada Holanda com Andorra.
O Grupo 4 reuniu as partidas mais inúteis, pois Suécia e Turquia já sabiam exatamente quais eram os seus destinos. Quase da mesma forma, o Grupo 2 viu Portugal entrar em campo já comemorando, e a Irlanda jogar pensando no rival asiático na repescagem (Emirados Árabes Unidos, Irã ou Arábia Saudita).
O Grupo 3 destacou o jogo entre República Tcheca e Bulgária, que não deixou muita margem para surpresa porque os tchecos, com uma equipe mais competitiva, jogavam pelo empate e em casa. A Dinamarca tinhas as mesmas vantagens diante da fraca Islândia, mas para ir direto à Copa, não para a repescagem.
No Grupo 5, com a Polônia segura, ficou a dúvida entre o segundo lugar. A Ucrânia, dona de uma boa equipe, deve ter lucrado com o fato de os poloneses, seus rivais, já estarem classificados. Mas talvez um empate não tenha sido suficiente para o time de Shevchenko, e Belarus representa agora a chave no mata-mata.
O Grupo 8 chegou sem sal à rodada derradeira, com a Itália enfrentando uma eliminada Hungria em casa precisando só de um 0 a 0 para ir ao Mundial. A Romênia, segunda colocada garantida, já estava bem satisfeita por disputar a repescagem.
O Grupo 9 foi finalizado naquela histórica goleada de 5 a 1 da Inglaterra sobre a Alemanha. Os alemães, desde então, apenas preparam o time para a repescagem temendo o que seria maior fiasco da história de seu futebol.
O melhor e mais esperado jogo deste fim de semana, disparado, ficou para outra semana. Áustria e Israel, tirando o lado político, religioso, comercial, estratégico e tudo o mais que se possa imaginar, já era uma partida que merecia muita atenção. A Fifa anunciou o adiamento da partida após a explosão de um avião que saiu de Tel Aviv cheio de israelenses, mas isso, muito provavelmente, não é a única razão da não-realização do confronto.
Com o mundo respirando terrorismo, a Copa na Ásia é um ótimo alvo, especialmente com a presença de EUA (os americanos deverão ganhar vaga com a segunda posição na Concacaf) e Israel (que tem um bom time, era favorita contra os austríacos e travaria um duelo de risco com os turcos na repescagem).
As eliminatórias terão mais atenção do mundo quando ocorrerem as repescagens. E, no dia em que Israel entrar em campo para tentar a vaga, o mundo precisará estar mesmo muito atento.


China
Metade do planeta (chineses, descendentes, comunistas, Fifa, TV, patrocinadores, comerciantes, fabricantes de material esportivo etc.) solta fogos pela histórica classificação. Pode comemorar!

Portugal
A colônia portuguesa pode estocar bacalhau. A chance de Portugal ficar em terceiro lugar na Copa, como em 1966, é enorme. E a chance de ganhar a Eurocopa em 2004 também. Pode comemorar!

Brasil
Na América do Sul, resta a briga entre Equador e Uruguai para disputar a repescagem. O Brasil vai à Copa. Pode comemorar?

França
A estrutura da federação e o talento de seus jogadores têm rendido mais títulos do que os franceses imaginavam. Pode comemorar?

E-mail rbueno@folhasp.com.br



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