São Paulo, domingo, 07 de outubro de 2007

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ENTREVISTA

EVANDER HOLYFIELD


Aos 44, ele se diz o melhor da história dos pesados

Americano lutará pelo 5º cinturão na categoria a uma semana de fazer 45

AOS 44 ANOS -completa 45 em duas semanas-, o norte-americano Evander ""Real Deal" (""O Cara") Holyfield busca consolidar seu legado ao ser o primeiro pentacampeão dos pesados. O veteraníssimo boxeador, que perdeu um pedaço da orelha ao enfrentar Mike Tyson em 1997, desafia, em Moscou, o russo Sultan Ibragimov, 32, no próximo sábado pelo cinturão da Organização Mundial de Boxe. Autoconfiança não é problema para Holyfield, que afirma já ser o melhor peso-pesado de toda a história, por já ter conquistado títulos em quatro oportunidades, um feito até então inédito.

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Evander Holyfield diz que sua intenção ao desafiar pelo título é provar que 44, 45 anos ""é apenas um número" e que é possível lutar até os 65 anos. "Se eu seguir vencendo, o que pode me impedir de lutar?" Holyfield, também o mais dominante campeão dos cruzadores (categoria abaixo à dos pesados), em entrevista à Folha, concedida de seu celular durante visita a Nova York, onde participou de eventos promocionais, fala de sua experiência em shows como ""Dançando com as Estrelas" e diz que ""há muito tempo" perdoou Mike Tyson por ter arrancado um pedaço de sua orelha.

 

FOLHA - Qual o segredo de lutar de forma ininterrupta até os 44 anos?
EVANDER HOLYFIELD
- Você tem de ter um objetivo, e o meu sempre foi ser o campeão unificado dos pesos-pesados. Sempre quis me aposentar como ""o" campeão indiscutível dos pesos-pesados. Foi a fé, a coragem e a autoconfiança de que isso aconteceria que permitiram que eu seguisse lutando para alcançar essa marca.

FOLHA - Se o seu objetivo era esse, porque não se aposentou quando foi campeão unificado?
HOLYFIELD
- Fui campeão pela primeira vez em 1990. Em novembro de 1992, perdi os títulos para Riddick Bowe. Quis voltar a ser campeão unificado e por isso a revanche com Bowe, mas, quando isso ocorreu, ele já havia abandonado um dos cinturões em favor de Lennox Lewis. Venci Riddick Bowe, mas perdi para Michael Moorer. Voltei em 96, venci [Mike] Tyson e, desde então, estou em busca do título unificado, sem faltar nenhum cinturão. Em 99, tive essa chance, mas perdi a luta para Lewis. Achei que havia vencido. Deram para ele, mas tudo bem. Sempre há um novo dia. Em 2007, consegui um novo título [o da AMB, ao bater por pontos John Ruiz].

FOLHA - Onde você acredita que é seu lugar entre os maiores pesos-pesados da história?
HOLYFIELD
- Eu já sou um dos maiores. Já sou.

FOLHA - Mas qual a sua posição?
HOLYFIELD
- Número um, já devo ser o número um! Sou o único que foi campeão mundial dos pesados [enfático] quatro vezes. Se for por popularidade, [minha colocação] pode ser diferente, cada um tem sua opinião. Mas, realisticamente, sou o único que foi tetracampeão.

FOLHA - E, se ganhar o quinto título, será mais difícil alguém igualá-lo.
HOLYFIELD
- É. Vai ser difícil. Levou 20 anos para alguém ser bicampeão. Depois, mais 20 anos para alguém ser tricampeão. E mais 20 anos para surgir um tetra. Se eu vencer agora...

FOLHA - Seu rival no sábado é o russo Sultan Ibragimov. Os pesados da ex-União Soviética são melhores que os americanos atualmente?
HOLYFIELD
- Eles provaram que são melhores do que os lutadores que venceram. Sei que os quatro campeões hoje são da ex-União Soviética. Eles provaram que são melhores [apenas] que quem eles venceram, mas serão considerados [pelo público] os melhores pesos-pesados até alguém superá-los.

FOLHA - Você se sente pressionado para levar de volta o cinturão para os EUA? É como o personagem Rocky Balboa no filme ""Rocky 4"?
HOLYFIELD
- Não vejo isso como pressão. Meu trabalho é fazer isso. E vou fazê-lo. Não me vejo como Rocky, porque sou muito melhor do que ele. A semelhança pode ser que vou fazer tudo o que for preciso para vencer.

FOLHA - Você teme se machucar?
HOLYFIELD
- Se tivesse medo disso, jamais boxearia. Isso é parte de meu trabalho, de nossa vida, é algo inerente a ela. Todo mundo que teve sucesso passou por isso. Quero mostrar que 44, 45 anos é só um número.

FOLHA - [Em tom de brincadeira] Você se vê lutando aos 65 anos?
HOLYFIELD
- Por quê não, se seguir vencendo? Se isso acontecer, estará tudo certo. Não luto para perder, luto para ganhar.

FOLHA - Você vem participando de várias atividades fora do boxe. Participou de evento de telecatch e do show "Dançando com as Estrelas".
HOLYFIELD
- São atividades que poderia fazer, independentemente de ser campeão.

FOLHA - Você ficou chateado por ter sido eliminado do "Dançando com as Estrelas"?
HOLYFIELD
- [Animadamente] No ""Dançando com as Estrelas", sei que não era o melhor dançarino. [Enfático] Mas não era o pior. Foi divertido, gostei de todas as semanas de que participei. Foi uma grande experiência, faria de novo. Mas foi muito trabalhoso, trabalhei duro como [na preparação] para uma luta. Mas eles pagam muito menos para isso [dançar].

FOLHA - Você perdoou Tyson pela mordida em sua orelha [em 1997]?
HOLYFIELD
- Já o perdoei, já o perdoei. Isso é passado, é um passado longínquo.


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