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ENTREVISTA
EVANDER HOLYFIELD
Aos 44, ele se diz o melhor da história dos pesados
Americano lutará pelo 5º cinturão na categoria a uma semana de fazer 45
AOS 44 ANOS -completa 45 em duas semanas-, o norte-americano Evander ""Real
Deal" (""O Cara") Holyfield busca consolidar seu legado ao ser o primeiro pentacampeão dos pesados. O veteraníssimo boxeador, que perdeu um pedaço da orelha ao enfrentar Mike Tyson em
1997, desafia, em Moscou, o russo Sultan Ibragimov,
32, no próximo sábado pelo cinturão da Organização
Mundial de Boxe. Autoconfiança não é problema para
Holyfield, que afirma já ser o melhor peso-pesado de
toda a história, por já ter conquistado títulos em quatro oportunidades, um feito até então inédito.
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Evander Holyfield diz que
sua intenção ao desafiar pelo título é provar que 44, 45 anos ""é
apenas um número" e que é
possível lutar até os 65 anos.
"Se eu seguir vencendo, o que
pode me impedir de lutar?"
Holyfield, também o mais
dominante campeão dos cruzadores (categoria abaixo à dos
pesados), em entrevista à Folha, concedida de seu celular
durante visita a Nova York, onde participou de eventos promocionais, fala de sua experiência em shows como ""Dançando com as Estrelas" e diz
que ""há muito tempo" perdoou
Mike Tyson por ter arrancado
um pedaço de sua orelha.
FOLHA - Qual o segredo de lutar de
forma ininterrupta até os 44 anos?
EVANDER HOLYFIELD - Você tem
de ter um objetivo, e o meu
sempre foi ser o campeão unificado dos pesos-pesados. Sempre quis me aposentar como
""o" campeão indiscutível dos
pesos-pesados. Foi a fé, a coragem e a autoconfiança de que
isso aconteceria que permitiram que eu seguisse lutando
para alcançar essa marca.
FOLHA - Se o seu objetivo era esse,
porque não se aposentou quando
foi campeão unificado?
HOLYFIELD - Fui campeão pela
primeira vez em 1990. Em novembro de 1992, perdi os títulos para Riddick Bowe. Quis
voltar a ser campeão unificado
e por isso a revanche com Bowe, mas, quando isso ocorreu,
ele já havia abandonado um dos
cinturões em favor de Lennox
Lewis. Venci Riddick Bowe,
mas perdi para Michael Moorer. Voltei em 96, venci [Mike]
Tyson e, desde então, estou em
busca do título unificado, sem
faltar nenhum cinturão. Em 99,
tive essa chance, mas perdi a luta para Lewis. Achei que havia
vencido. Deram para ele, mas
tudo bem. Sempre há um novo
dia. Em 2007, consegui um novo título [o da AMB, ao bater
por pontos John Ruiz].
FOLHA - Onde você acredita que é
seu lugar entre os maiores pesos-pesados da história?
HOLYFIELD - Eu já sou um dos
maiores. Já sou.
FOLHA - Mas qual a sua posição?
HOLYFIELD - Número um, já devo ser o número um! Sou o único que foi campeão mundial
dos pesados [enfático] quatro
vezes. Se for por popularidade,
[minha colocação] pode ser diferente, cada um tem sua opinião. Mas, realisticamente, sou
o único que foi tetracampeão.
FOLHA - E, se ganhar o quinto título, será mais difícil alguém igualá-lo.
HOLYFIELD - É. Vai ser difícil. Levou 20 anos para alguém ser bicampeão. Depois, mais 20 anos
para alguém ser tricampeão. E
mais 20 anos para surgir um tetra. Se eu vencer agora...
FOLHA - Seu rival no sábado é o
russo Sultan Ibragimov. Os pesados
da ex-União Soviética são melhores
que os americanos atualmente?
HOLYFIELD - Eles provaram que
são melhores do que os lutadores que venceram. Sei que os
quatro campeões hoje são da
ex-União Soviética. Eles provaram que são melhores [apenas]
que quem eles venceram, mas
serão considerados [pelo público] os melhores pesos-pesados
até alguém superá-los.
FOLHA - Você se sente pressionado
para levar de volta o cinturão para
os EUA? É como o personagem
Rocky Balboa no filme ""Rocky 4"?
HOLYFIELD - Não vejo isso como
pressão. Meu trabalho é fazer
isso. E vou fazê-lo. Não me vejo
como Rocky, porque sou muito
melhor do que ele. A semelhança pode ser que vou fazer tudo o
que for preciso para vencer.
FOLHA - Você teme se machucar?
HOLYFIELD - Se tivesse medo
disso, jamais boxearia. Isso é
parte de meu trabalho, de nossa
vida, é algo inerente a ela. Todo
mundo que teve sucesso passou
por isso. Quero mostrar que 44,
45 anos é só um número.
FOLHA - [Em tom de brincadeira]
Você se vê lutando aos 65 anos?
HOLYFIELD - Por quê não, se seguir vencendo? Se isso acontecer, estará tudo certo. Não luto
para perder, luto para ganhar.
FOLHA - Você vem participando de
várias atividades fora do boxe. Participou de evento de telecatch e do
show "Dançando com as Estrelas".
HOLYFIELD - São atividades que
poderia fazer, independentemente de ser campeão.
FOLHA - Você ficou chateado
por ter sido eliminado do "Dançando com as Estrelas"?
HOLYFIELD - [Animadamente]
No ""Dançando com as Estrelas", sei que não era o melhor
dançarino. [Enfático] Mas não
era o pior. Foi divertido, gostei
de todas as semanas de que participei. Foi uma grande experiência, faria de novo. Mas foi
muito trabalhoso, trabalhei duro como [na preparação] para
uma luta. Mas eles pagam muito menos para isso [dançar].
FOLHA - Você perdoou Tyson pela
mordida em sua orelha [em 1997]?
HOLYFIELD - Já o perdoei, já o
perdoei. Isso é passado, é um
passado longínquo.
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