São Paulo, segunda-feira, 07 de novembro de 2005

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Empresa quer atletas com tênis ilegal

LEILA SUWWAN
DE NOVA YORK

A regra é incontornável: corredores não podem competir com tênis que tenham molas na sola.
A solução que a pequena empresa americana Spira encontrou foi transformar a ilegalidade de seu produto num lance publicitário e anunciou um prêmio de US$ 1 milhão para quem vencer a Maratona de Boston em 2006 -e for desqualificado- usando um feioso modelo amarelo fluorescente de 220 gramas e um sistema de molas metálicas à vista.
Com isso, a Spira quer desafiar os grandes no mercado, Nike, Reebok e Adidas, e deixar para trás todos os sistemas de ar e espuma de acolchoamento.
"Queria fazer isso na Maratona de Nova York [ontem], mas o tênis especial não ficou pronto em tempo", afirmou Andy Krafsur, dono da Spira. "Temos que pressionar para mudar as regras que não permitem novas tecnologias para proteger interesses." O desafio real é angariar uma fatia do mercado multimilionário de tênis voltados para o esporte.
Maratonistas quenianos já foram recrutados, e a Spira está à procura de corredores de elite que topem o estranho patrocínio. É difícil avaliar se as molas poderão ajudar alguém a ganhar. Mas está claro que a idéia é tripudiar as regras e apostar na contravenção.
Vários corredores podem querer testar o sistema de molas, que prometem devolver mais de 90% da pisada em propulsão e diminuir em 20% o impacto nas juntas. Além de aumentar as vendas, haverá propaganda gratuita nas transmissões, já que os inscritos usarão uniformes da Spira.
A regra da IAAF, entidade que comanda o atletismo no mundo, diz que "nenhuma mola ou mecanismo de qualquer espécie" que dê vantagem ao competidor pode ser utilizado. A Spira questiona a regra com o argumento de que o tênis não é exclusivo e vários outros esportes incorporaram produtos que oferecem vantagem.
Porém o tênis só é ilegal em competições, e as vendas começam a decolar em pequenas revendedoras de calçados. A Spira faturou US$ 4 milhões em vendas no ano passado e quer dobrar o valor neste ano. "Queremos entrar no mercado brasileiro antes do final de 2006", disse Krafsur.

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