São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2008

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luta de classes

Nanicos querem piso para Lei Piva

Confederações reclamam de concentração de verba em seis modalidades e pedem mínimo para todos, hoje, no COB

Com mais recursos, vôlei, atletismo e natação têm 7 pódios em Pequim, contra um de pequenas; COB prevê divisão de cotas por méritos


EDUARDO ARRUDA
EDUARDO OHATA
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Confederações de esportes olímpicos nanicas apresentam hoje um pacote de reivindicações, em assembléia do COB, no Rio, que debaterá pela primeira vez reforma nos critérios da divisão da verba da Lei Piva.
Entre as sugestões, estão a fixação de um piso de R$ 2 milhões por ano e redução da verba a confederações que já contam com patrocínio estatal. O argumento é de que um grupo de seis modalidades -atletismo, esportes aquáticos, basquete, vôlei, ginástica e handebol - concentra o dinheiro da União. Falam em mais de 80%.
Na realidade, o número é um pouco inferior. Levantamento da Folha mostra que sete esportes -inclui o judô que tem investimento menor - levam 79% das verbas, considerados o patrocínio estatal e a Lei Piva.
Só que atletismo, vôlei e natação, que têm dinheiro de estatais e 4% cada da Lei Piva, obtiveram sete medalhas olímpicas em Pequim-2008. O basquete ficou fora com os homens e fracassou no feminino.
E o COB divulgou que a intenção é distribuir a verba por meritocracia -os critérios começam a ser definidos hoje.
Outros cinco pódios foram ganhos por esportes com nível médio de investimento, judô e vela. E os nanicos levaram uma medalha com o taekwondo.
"Tenho direito a 2,5% por ano da verba da Lei Piva. Se não consigo fazer tudo o que preciso com isso, imagine quem recebe só 1%? Não vão conseguir nunca uma medalha olímpica", argumenta Alaor Azevedo, presidente da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa.
Na sua proposta, quem já recebe valor igual ou superior a R$ 2 milhões de patrocínio estatal não teria direito a levar parte da verba da Lei Piva até que todas atingirem o piso.
O discurso de Azevedo encontra ecos. ""Esse critério de meritocracia pode acabar prejudicando confederações de modalidades menos populares", analisa Celso Wolf Júnior, presidente da Confederação Brasileira de Badminton.
Outro ponto criticado é a falta de critérios. ""Quis saber como a verba era dividida. "Tem que levar medalha no Pan", disseram. Ganhamos pela primeira vez, evoluímos, e nosso quinhão não mudou" diz Wolf Jr.
Até hoje, o COB determinava sozinho quanto de dinheiro cada confederação recebia. E nunca criou regras claras para essa divisão.
Diversos dirigentes, por exemplo, acreditavam que haveria incremento se tivessem um campeão mundial. Mas pouco mudou para o taekwondo, mesmo após Natália Falavigna se tornar melhor.
Outros dois dirigentes de confederações apóiam o pleito do piso mínimo, mas preferem o anonimato.
Há apoio a discussão entre uma das confederações ricas. ""Tem que ser algo equilibrado. Pode-se ver um meio-termo [entre cota fixa e mérito]", diz Roberto Gesta de Melo, da Confederação Brasileira de Atletismo, que defende ajuda as modalidades pobres.
Mas a maioria, como vôlei e basquete, evitou se pronunciar sobre o assunto. Só vão tomar posição na reunião do COB.


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