São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2008

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No escuro, ginástica conhece hoje seu novo presidente

Sem o técnico ucraniano Oleg Ostapenko e sem contato com contratos e receitas para 2009, "crias" de atual mandatária disputam comando da confederação

CRISTIANO CIPRIANO POMBO
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Após 17 anos, a CBG (Confederação Brasileira de Ginástica) elege hoje novo presidente. E o que mais chama a atenção na eleição é que os dois candidatos ao cargo não têm ciência do que de fato há pela frente.
Marco Martins e Maria Luciene Resende disputam hoje, em Curitiba, o cargo de Vicélia Angela Florenzano com diferentes opiniões sobre projetos para a ginástica, mas, em entrevistas à Folha, revelaram desconhecimento sobre o que vão herdar da atual administração.
Para piorar o cenário, pelo menos para um dos candidatos, Luciene, está definido que o Brasil não terá o ucraniano Oleg Ostapenko. O técnico, que ajudou o Brasil a faturar o primeiro ouro em Mundial e a alcançar finais olímpicas, irá trabalhar na seleção de seu país.
"Sei mais ou menos quais são os valores que a CBG recebe. Porque a Vicélia não passa essas coisas para a gente. Já tentei ver os contratos, mas ela disse que eram confidenciais. Sei que a Caixa, em 2007, passou quase R$ 5 milhões, o COB chegou a R$ 2 milhões. Mas o ideal seriam R$ 10 milhões", diz Martins, que pretendia contar com a expertise de Oleg.
Para Maria Luciene, esses pontos só ficarão claros após a eleição. "Teremos noção após a primeira reunião para traçar o período de transição. Hoje, a única coisa que sei é que nosso patrocinador oficial é a Caixa."
O desconhecimento intriga por serem os dois candidatos "crias" de Vicélia, tendo ambos ocupado a vice-presidência.
Na eleição, só os mandatários das 18 federações filiadas à CBG têm direito a voto e, segundo a Folha apurou, Maria Luciene ostenta mais aliados -é apoiada pela maioria e é vista com bons olhos por Vicélia.
A atual mandatária diz não conhecer os planos dos candidatos, mas que ouviu deles -esteve em mais de uma oportunidade com os dois- projetos para usar a estrutura de Curitiba por seis meses.
E, sobre patrocínios, nem Vicélia sabe o que virá. "Quais metas a CBG firmará no novo ciclo? De quanto será o patrocínio da Caixa para 2009?"
A incerteza quanto ao futuro se revela ainda na disparidade dos candidatos. Se Martins é contra sucessivas reeleições -criada em 1978, a CBG terá seu sexto presidente-, Maria Luciene defende "a perpetuação" se o trabalho tiver aval.
Se ela se diz contra técnicos estrangeiros, ele quer a capacitação a partir deles. Quanto às seleções, ele admite períodos de concentração, ela, a revisão do conceito de "permanente".
Mas uma coisa é certa, até pelo estatuto da CBG: se Martins for eleito, a confederação irá para Brasília; se Maria Luciene triunfar, irá para Aracaju.


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