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entrevista
Márcio Braga quer fim do ponto corrido
EUARDO ARRUDA
DO PAINEL FC
Aos 73 anos, Márcio
Braga deixa hoje a presidência com mais um título
nacional. Campeão em 92
e agora, Braga sai criando
polêmica. Em entrevista à
Folha, falou que, com a
conquista do clube, é preciso rediscutir a fórmula
do torneio, que, diz ele,
atingiu o limite para dar
receitas aos clubes.
FOLHA - O que significa esse
título para o Flamengo, não só
em termos esportivos mas financeiros e políticos?
MÁRCIO BRAGA - É a consolidação de que o Flamengo
é hegemônico no Rio. Estamos iguais ao São Paulo,
com seis títulos brasileiros. Consolidação da política de profissionalização
do clube, que deu certo.
FOLHA - Política de profissionalização?
BRAGA - Quando falam
que o Flamengo não tem
planejamento e é uma esculhambação, fico muito
sentido. Não atinge a mim,
atinge a essas pessoas que
nos deram esse título, que
é a comissão técnica.
FOLHA - O que foi determinante para esse título?
BRAGA - Seis anos atrás
não tínhamos talão de
cheques, estávamos com
as contas bloqueadas, em
estado de insolvência. Hoje o Flamengo está planejado para o futuro. Se seguirmos respeitando o orçamento, o Flamengo
crescerá. Quando chegamos, havia R$ 50 milhões
em contratos. A projeção
agora é de R$ 150 milhões.
FOLHA - Até que ponto o STJD
e a arbitragem influenciaram
o resultado final do Brasileiro?
BRAGA - Há 46 anos estou
no futebol, e esse negócio
de achar que o juiz roubou
e mala preta não leva a nada. Ninguém perde ou ganha torneio por isso. Acho
que há incompetência generalizada na arbitragem
brasileira. Quanto ao tribunal, ele acerta e erra.
FOLHA - O senhor acha que
haverá suspeita de que o Grêmio entregou o jogo?
BRAGA - De maneira nenhuma. Mas eu nunca fui a
favor de pontos corridos.
O sistema de playoffs americano é muito bom. Temos que ter decisões intermediárias. Aí que se
originam as grandes receitas. Por 30 anos, a fórmula
do torneio era modificada.
E nos últimos seis anos tivemos os pontos corridos,
que chegou ao ápice.
FOLHA - Por que mudar?
BRAGA - Pelo Flamengo
ter chegado ao hexa. Não
queremos escolher qual é
o time mais regular nem
discutir que o ponto corrido premia o mais competente. Temos de valorizar
é o nosso espetáculo para
os jogadores seguirem
aqui. E, para isso, temos de
melhorar nossas receitas.
FOLHA - O senhor quer dizer
que com essa fórmula as receitas chegaram ao limite?
BRAGA - Sim. No futebol,
todo mundo vive do prato
para a boca. A receita da
TV é o máximo que ela pode pagar. A do fornecedor
de material, do patrocinador da camisa, idem. Tem
que mudar a fórmula. [O
ponto corrido] da CBF foi
um sucesso, ótimo, mas
devemos melhorar.
FOLHA - Mas o clube melhorou sob esse sistema.
BRAGA - Veja esse campeonato. E se tivéssemos
tido um quadrangular entre Inter, Palmeiras, São
Paulo e Flamengo? Iria
render e todo mundo desejaria ganhar de fato.
FOLHA - Para o senhor precisa
ter uma final então?
BRAGA - Sim. É só olhar o
Superbowl nos EUA. O
país para para ver. Todos
ganham, e a TV paga mais.
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