São Paulo, segunda-feira, 07 de dezembro de 2009

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entrevista

Márcio Braga quer fim do ponto corrido

EUARDO ARRUDA
DO PAINEL FC

Aos 73 anos, Márcio Braga deixa hoje a presidência com mais um título nacional. Campeão em 92 e agora, Braga sai criando polêmica. Em entrevista à Folha, falou que, com a conquista do clube, é preciso rediscutir a fórmula do torneio, que, diz ele, atingiu o limite para dar receitas aos clubes.

 

FOLHA - O que significa esse título para o Flamengo, não só em termos esportivos mas financeiros e políticos?
MÁRCIO BRAGA -
É a consolidação de que o Flamengo é hegemônico no Rio. Estamos iguais ao São Paulo, com seis títulos brasileiros. Consolidação da política de profissionalização do clube, que deu certo.

FOLHA - Política de profissionalização?
BRAGA -
Quando falam que o Flamengo não tem planejamento e é uma esculhambação, fico muito sentido. Não atinge a mim, atinge a essas pessoas que nos deram esse título, que é a comissão técnica.

FOLHA - O que foi determinante para esse título?
BRAGA -
Seis anos atrás não tínhamos talão de cheques, estávamos com as contas bloqueadas, em estado de insolvência. Hoje o Flamengo está planejado para o futuro. Se seguirmos respeitando o orçamento, o Flamengo crescerá. Quando chegamos, havia R$ 50 milhões em contratos. A projeção agora é de R$ 150 milhões.

FOLHA - Até que ponto o STJD e a arbitragem influenciaram o resultado final do Brasileiro?
BRAGA -
Há 46 anos estou no futebol, e esse negócio de achar que o juiz roubou e mala preta não leva a nada. Ninguém perde ou ganha torneio por isso. Acho que há incompetência generalizada na arbitragem brasileira. Quanto ao tribunal, ele acerta e erra.

FOLHA - O senhor acha que haverá suspeita de que o Grêmio entregou o jogo?
BRAGA -
De maneira nenhuma. Mas eu nunca fui a favor de pontos corridos. O sistema de playoffs americano é muito bom. Temos que ter decisões intermediárias. Aí que se originam as grandes receitas. Por 30 anos, a fórmula do torneio era modificada. E nos últimos seis anos tivemos os pontos corridos, que chegou ao ápice.

FOLHA - Por que mudar?
BRAGA -
Pelo Flamengo ter chegado ao hexa. Não queremos escolher qual é o time mais regular nem discutir que o ponto corrido premia o mais competente. Temos de valorizar é o nosso espetáculo para os jogadores seguirem aqui. E, para isso, temos de melhorar nossas receitas.

FOLHA - O senhor quer dizer que com essa fórmula as receitas chegaram ao limite?
BRAGA -
Sim. No futebol, todo mundo vive do prato para a boca. A receita da TV é o máximo que ela pode pagar. A do fornecedor de material, do patrocinador da camisa, idem. Tem que mudar a fórmula. [O ponto corrido] da CBF foi um sucesso, ótimo, mas devemos melhorar.

FOLHA - Mas o clube melhorou sob esse sistema.
BRAGA -
Veja esse campeonato. E se tivéssemos tido um quadrangular entre Inter, Palmeiras, São Paulo e Flamengo? Iria render e todo mundo desejaria ganhar de fato.

FOLHA - Para o senhor precisa ter uma final então?
BRAGA -
Sim. É só olhar o Superbowl nos EUA. O país para para ver. Todos ganham, e a TV paga mais.


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