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Colorados vibram só por uma hora como campeões
Torcedores de Inter sofrem com jogo em casa e com atuação do Grêmio no Rio
Internacional 4
Santo André 1
PAULO GALDIERI
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
No meio de um mar vermelho da torcida do Internacional,
em pleno Beira-Rio, um "sacrilégio" acontecia. Um torcedor
vestido com a camisa do Grêmio andava no meio dos "arquirrivais". E torcia loucamente pelo lado vermelho do RS.
O anônimo torcedor, vestido
de Grêmio e que pouco foi incomodado ao transitar durante
parte do jogo contra o Santo
André pelas arquibancadas coloradas, foi o retrato do espírito
que tomou conta do Beira-Rio.
À medida que o Inter construía em campo a goleada de 4 a
1 sobre o Santo André, sua torcida se desligava do que acontecia no gramado em Porto Alegre e passava a sofrer para que
seu grande rival segurasse o
Flamengo no Maracanã.
Do instante em que conseguiu abrir o placar, aos 22min
do primeiro tempo, com Alecsandro, até o momento em que
Ronaldo Angelim marcou a virada do Flamengo, já na segunda etapa do jogo no Rio, passou--se pouco mais de uma hora em
que a torcida do Inter sentiu o
gosto do título brasileiro.
Ao longo de todo esse tempo,
o rádio no ouvido e o olho no
campo deram o tom no som das
arquibancadas do Beira-Rio.
Cada chute que passava raspando a trave defendida pelo
Santo André recebia o mesmo
tratamento que as chances perdidas pelo Grêmio no Rio, conforme as informações trazidas
pelas narrações simultâneas
-típicas das transmissões nas
rádios gaúchas- das partidas
de Grêmio e Inter.
O segundo gol do Inter, aos
33min da etapa inicial, marcado pelo zagueiro Índio, serviu
para dar ao Beira-Rio a certeza
de que o futuro de seu time nos
momentos finais do Nacional já
não pertencia mais a ele.
Com 2 a 0 no placar da arena
gaúcha, o jogo diante do Santo
André deixou de ser a prioridade para se tornar complemento
do que ocorria no Maracanã.
O segundo tempo começou e
o Inter, em campo, parecia refletir o espírito de sua torcida.
Diminuiu o ritmo, mas não o
suficiente para que o Santo André esboçasse reação. Não tardou para o Inter, ainda momentaneamente campeão, ampliar sua vantagem para 3 a 0,
numa bela cobrança de falta de
Andrezinho, aos 22min.
O gol fez a torcida explodir,
como que iniciando festa pelo
título que parecia ir para o Sul.
Mas a celebração dos torcedores foi tão intensa quanto
breve. Dois minutos depois,
veio pelo rádio a narração do
segundo gol do Flamengo sobre
o Grêmio. A notícia silenciou
instantaneamente o Beira-Rio.
Só quase dez minutos depois é
que o estádio voltou a vibrar.
Desta vez, já pelo vice-campeonato. O quarto gol, de Giuliano,
aos 37min, e o gol do Santo André, com Nunes cobrando pênalti, aos 40min, passaram
quase despercebidos.
"Achei ótimo. Um vice equivale ao título de Copa do Brasil,
pois leva à Libertadores. Sempre queremos vencer, mas não
deu. Então comemoramos esse
vice pela terceira vez nos últimos anos", disse o homem forte
do futebol do Inter, Fernando
Carvalho. Festa inusitada para
fechar um torneio inusitado, e
no ano do centenário do time.
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