São Paulo, segunda-feira, 07 de dezembro de 2009

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Colorados vibram só por uma hora como campeões

Torcedores de Inter sofrem com jogo em casa e com atuação do Grêmio no Rio

Internacional 4
Santo André 1

PAULO GALDIERI
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

No meio de um mar vermelho da torcida do Internacional, em pleno Beira-Rio, um "sacrilégio" acontecia. Um torcedor vestido com a camisa do Grêmio andava no meio dos "arquirrivais". E torcia loucamente pelo lado vermelho do RS.
O anônimo torcedor, vestido de Grêmio e que pouco foi incomodado ao transitar durante parte do jogo contra o Santo André pelas arquibancadas coloradas, foi o retrato do espírito que tomou conta do Beira-Rio.
À medida que o Inter construía em campo a goleada de 4 a 1 sobre o Santo André, sua torcida se desligava do que acontecia no gramado em Porto Alegre e passava a sofrer para que seu grande rival segurasse o Flamengo no Maracanã.
Do instante em que conseguiu abrir o placar, aos 22min do primeiro tempo, com Alecsandro, até o momento em que Ronaldo Angelim marcou a virada do Flamengo, já na segunda etapa do jogo no Rio, passou--se pouco mais de uma hora em que a torcida do Inter sentiu o gosto do título brasileiro.
Ao longo de todo esse tempo, o rádio no ouvido e o olho no campo deram o tom no som das arquibancadas do Beira-Rio.
Cada chute que passava raspando a trave defendida pelo Santo André recebia o mesmo tratamento que as chances perdidas pelo Grêmio no Rio, conforme as informações trazidas pelas narrações simultâneas -típicas das transmissões nas rádios gaúchas- das partidas de Grêmio e Inter.
O segundo gol do Inter, aos 33min da etapa inicial, marcado pelo zagueiro Índio, serviu para dar ao Beira-Rio a certeza de que o futuro de seu time nos momentos finais do Nacional já não pertencia mais a ele.
Com 2 a 0 no placar da arena gaúcha, o jogo diante do Santo André deixou de ser a prioridade para se tornar complemento do que ocorria no Maracanã.
O segundo tempo começou e o Inter, em campo, parecia refletir o espírito de sua torcida. Diminuiu o ritmo, mas não o suficiente para que o Santo André esboçasse reação. Não tardou para o Inter, ainda momentaneamente campeão, ampliar sua vantagem para 3 a 0, numa bela cobrança de falta de Andrezinho, aos 22min.
O gol fez a torcida explodir, como que iniciando festa pelo título que parecia ir para o Sul.
Mas a celebração dos torcedores foi tão intensa quanto breve. Dois minutos depois, veio pelo rádio a narração do segundo gol do Flamengo sobre o Grêmio. A notícia silenciou instantaneamente o Beira-Rio. Só quase dez minutos depois é que o estádio voltou a vibrar. Desta vez, já pelo vice-campeonato. O quarto gol, de Giuliano, aos 37min, e o gol do Santo André, com Nunes cobrando pênalti, aos 40min, passaram quase despercebidos.
"Achei ótimo. Um vice equivale ao título de Copa do Brasil, pois leva à Libertadores. Sempre queremos vencer, mas não deu. Então comemoramos esse vice pela terceira vez nos últimos anos", disse o homem forte do futebol do Inter, Fernando Carvalho. Festa inusitada para fechar um torneio inusitado, e no ano do centenário do time.


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