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AÇÃO
Mineirinho campeão mundial
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Aos nove anos, Adriano de
Souza nem sabia nadar, mas
a sua habilidade em surfar pequenas ondas para a direita no
Canto do Maluf, Guarujá, já era
percebida pelos amigos mais velhos, que logo trataram de apresentá-lo para um possível patrocinador. Deu certo, o talento foi reconhecido e veio um pequeno
apoio da Hang Loose.
De origem muito humilde, a
graninha e, mais ainda, a orientação fizeram com que Mineirinho, apelido como Adriano é
mais conhecido, visse no surfe um
futuro que até então não podia
sequer imaginar.
Do irmão mais velho, Ângelo,
herdou o apelido e as primeiras
pranchas. Aos 11 anos, obteve o
primeiro resultado em competições, venceu o Tribuna Colegial
em Santos na categoria Iniciantes
e, com o prêmio, fez sua primeira
viagem para o Havaí.
Os resultados se seguiram, venceu o Paulista na Iniciantes, na
Grommets, na Mirim e na Júnior,
ganhou dois Brasileiros na Iniciantes e representou o Brasil no
ISA Games na África do Sul e só
não ficou com o título na Júnior
porque cometeu uma interferência -terminou em terceiro. Além
disso, num grande evento nos
EUA, o East Coast Surfing Championship, foi finalista em três categorias, vencendo na Júnior.
A essa altura chamou a atenção
das marcas internacionais e fechou patrocínio com a Oakley.
Pranchas, tinha à vontade as do
Ricardo Martins. Em 2002, ainda
amador, foi o mais jovem a vencer um campeonato do Circuito
Brasileiro Profissional e a garantir vaga na elite nacional.
Aos 15 anos, resolveu se profissionalizar. Com isso pôde comprar uma casa e se mudar, com a
família, para mais perto da praia,
lá mesmo no Guarujá.
Agora, aos 16 anos, Mineirinho
conquista seu maior título e outro
recorde. No último domingo, nas
esquerdas de Narrabeen, na Austrália, ele conquistou o Mundial
da ASP (Associação de Surfe Profissional) sub-21 e, de quebra, tornou-se o mais jovem campeão da
categoria.
Uma de suas principais características ficou muito evidente durante a competição, a calma. Sua
pontuação recorde (17,9 pontos
em 20 possíveis) logo na primeira
fase do Mundial contribui para
essa tranquilidade, mas as seis
baterias que teve que vencer para
chegar ao título foram de deixar o
coração na boca. Especialmente a
decisiva contra o local e favorito
Shaun Cansdell, 20.
O título seguramente dará um
novo impulso na carreira do jovem Adriano, assim como o fez
para o atual bicampeão mundial,
o havaiano Andy Irons (campeão
em 1998), e para o top 5 do mundo, o australiano Joel Parkinson
(campeão em 1999 e 2001).
Depois da vitória, falou em português à imprensa local. Disse que
se tratava de um dos momentos
mais emocionantes de sua vida e
que o discurso na língua-mãe seria mais sincero porque sairia do
coração.
Até o dia 19 de fevereiro, ficará
na Austrália, numa casa de família, para estudar inglês, surfar e
curtir o título. Depois, vai direto
para o Havaí, já para sua quinta
temporada.
Base Jump
Luiz Henrique Santos, o Sabiá, foi o vice-campeão na prova nas Petronas Towers (as mais altas do mundo), com os melhores do mundo. E participou do salto simultâneo de 13 atletas, recorde mundial.
Surfe, temporada 2004
Na 19ª edição, o Hang Loose mais uma vez abrirá o WQS. O evento,
quatro estrelas, será em Fernando de Noronha (PE) de 2 a 8 de fevereiro. Na semana seguinte, em Torres (RS), acontece o Reef Classic.
Expedição e escaladas
Com um supercaminhão 4 x 4 de base, Waldemar Niclevicz e equipe
partiram ontem de São Paulo com destino à cordilheira dos Andes,
onde, nos próximos três anos, irão escalar mais de cem montanhas.
E-mail sarli@trip.com.br
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