São Paulo, quinta-feira, 08 de janeiro de 2004

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AÇÃO

Mineirinho campeão mundial

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Aos nove anos, Adriano de Souza nem sabia nadar, mas a sua habilidade em surfar pequenas ondas para a direita no Canto do Maluf, Guarujá, já era percebida pelos amigos mais velhos, que logo trataram de apresentá-lo para um possível patrocinador. Deu certo, o talento foi reconhecido e veio um pequeno apoio da Hang Loose.
De origem muito humilde, a graninha e, mais ainda, a orientação fizeram com que Mineirinho, apelido como Adriano é mais conhecido, visse no surfe um futuro que até então não podia sequer imaginar.
Do irmão mais velho, Ângelo, herdou o apelido e as primeiras pranchas. Aos 11 anos, obteve o primeiro resultado em competições, venceu o Tribuna Colegial em Santos na categoria Iniciantes e, com o prêmio, fez sua primeira viagem para o Havaí.
Os resultados se seguiram, venceu o Paulista na Iniciantes, na Grommets, na Mirim e na Júnior, ganhou dois Brasileiros na Iniciantes e representou o Brasil no ISA Games na África do Sul e só não ficou com o título na Júnior porque cometeu uma interferência -terminou em terceiro. Além disso, num grande evento nos EUA, o East Coast Surfing Championship, foi finalista em três categorias, vencendo na Júnior.
A essa altura chamou a atenção das marcas internacionais e fechou patrocínio com a Oakley. Pranchas, tinha à vontade as do Ricardo Martins. Em 2002, ainda amador, foi o mais jovem a vencer um campeonato do Circuito Brasileiro Profissional e a garantir vaga na elite nacional.
Aos 15 anos, resolveu se profissionalizar. Com isso pôde comprar uma casa e se mudar, com a família, para mais perto da praia, lá mesmo no Guarujá.
Agora, aos 16 anos, Mineirinho conquista seu maior título e outro recorde. No último domingo, nas esquerdas de Narrabeen, na Austrália, ele conquistou o Mundial da ASP (Associação de Surfe Profissional) sub-21 e, de quebra, tornou-se o mais jovem campeão da categoria.
Uma de suas principais características ficou muito evidente durante a competição, a calma. Sua pontuação recorde (17,9 pontos em 20 possíveis) logo na primeira fase do Mundial contribui para essa tranquilidade, mas as seis baterias que teve que vencer para chegar ao título foram de deixar o coração na boca. Especialmente a decisiva contra o local e favorito Shaun Cansdell, 20.
O título seguramente dará um novo impulso na carreira do jovem Adriano, assim como o fez para o atual bicampeão mundial, o havaiano Andy Irons (campeão em 1998), e para o top 5 do mundo, o australiano Joel Parkinson (campeão em 1999 e 2001).
Depois da vitória, falou em português à imprensa local. Disse que se tratava de um dos momentos mais emocionantes de sua vida e que o discurso na língua-mãe seria mais sincero porque sairia do coração.
Até o dia 19 de fevereiro, ficará na Austrália, numa casa de família, para estudar inglês, surfar e curtir o título. Depois, vai direto para o Havaí, já para sua quinta temporada.

Base Jump
Luiz Henrique Santos, o Sabiá, foi o vice-campeão na prova nas Petronas Towers (as mais altas do mundo), com os melhores do mundo. E participou do salto simultâneo de 13 atletas, recorde mundial.

Surfe, temporada 2004
Na 19ª edição, o Hang Loose mais uma vez abrirá o WQS. O evento, quatro estrelas, será em Fernando de Noronha (PE) de 2 a 8 de fevereiro. Na semana seguinte, em Torres (RS), acontece o Reef Classic.

Expedição e escaladas
Com um supercaminhão 4 x 4 de base, Waldemar Niclevicz e equipe partiram ontem de São Paulo com destino à cordilheira dos Andes, onde, nos próximos três anos, irão escalar mais de cem montanhas.

E-mail sarli@trip.com.br


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