São Paulo, terça-feira, 08 de fevereiro de 2005

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Alvará de Ronaldo esvazia jogo marcado para faturar

Gilberto Scofield /Agência O Globo
Zagallo, coordenador da seleção brasileira, que disputa amistoso com Hong Kong, posa com fãs


Desfalque frustra promotores e reduz a expectativa de público de amistoso do Brasil com Hong Kong amanhã cedo, vendido por US$ 1 mi por patrocinadora da CBF

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A HONG KONG

Faltou combinar com Ronaldo e com o Real Madrid para o amistoso de amanhã, às 7h (de Brasília), em Hong Kong contra a equipe local, ser mais um jogo caça-níquel da seleção contra um rival sofrível a passar despercebido. O adversário do Brasil nunca chegou perto de uma Copa e é 134º colocado no ranking da Fifa.
A mal explicada ausência de última hora do atacante causou desconforto em patrocinadores da partida, ameaça transformar a festa em um fiasco de público e arranhou a sólida relação entre Ronaldo e a camisa amarela.
Segundo a CBF, o Real Madrid enviou um fax autorizando apenas a presença de Roberto Carlos no amistoso. Seguiu assim outros gigantes europeus, como o Milan, que liberou Cafu mas vetou Dida e Kaká, e o Porto, que autorizou Diego a viajar mas não fez o mesmo com Luis Fabiano.
O clube espanhol teria dito a Ronaldo que ele não poderia fazer uma nova longa viagem depois de passar três dias no Brasil tratando de problemas particulares.
E, como não tinha grande interesse em jogar na Ásia a menos de uma semana do seu casamento, o atacante pouco se importou. Assim, não fez o que pregou no ano passado, quando cobrou de colegas que não atenderam convocação para enfrentar o Haiti uma reação contra os clubes europeus.
Mas Carlos Alberto Parreira nem pensa em fazer com o Ronaldo o mesmo que fez com esses atletas, afastando-os de jogo pelas eliminatórias. "Esse caso não vai ter desdobramentos", disse.
Ronaldo se livrou do amistoso, mas vai passar os próximos dias treinando praticamente sozinho na Espanha, já que os outros astros do Real Madrid estão servindo suas seleções ou de folga.
O desfalque no jogo, que tem os direitos explorados pela AmBev, patrocinadora da CBF, irritou os dirigentes de Hong Kong, que pagaram US$ 1 milhão -a prometida presença de Ronaldo foi um dos chamarizes para o duelo, que comemora o ano-novo chinês e os 90 anos da federação local.
"Estou muito desapontado", queixou-se Martin Hong, vice-presidente da federação de Hong Kong. Até o final da tarde de ontem, com menos de 48 horas para o início da partida, 16 mil ingressos, ou quase metade da carga total colocada à venda, permaneciam disponíveis nas bilheterias.
Há poucos dias, em entrevista a diários asiáticos, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, criticou o caráter caça-níqueis do amistoso.
Sem praticamente meio time titular, o Brasil faz seu último jogo antes de pegar Peru e Uruguai pelas eliminatórias no final de março. Resta procurar motivação.
"É claro que um jogo contra Hong Kong não é importante. Mas quando a seleção entra em campo é sempre importante", diz em um discurso bastante dúbio Parreira, que só hoje, antes do único treino para o jogo, irá fechar o grupo -ontem ainda faltava chegar uma turma que tem Ronaldinho como grande astro.

NA TV - Globo, ao vivo, às 7h de amanhã

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