|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MOTOR
A primeira vez
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Max Mosley cancelou sua
ida a Melbourne. Vai
acompanhar pela TV a primeira
corrida da nova F-1 que idealizou. Parece querer mostrar que já
é possível esperar algum tipo de
emoção, mesmo que seja via satélite. Repetindo a última coluna,
faz tempo que isso não acontece.
Seria obviamente interessante
acompanhar o tiroteio verbal entre o presidente da FIA, que tinha
entrevista coletiva prevista para a
quinta-feira, e os novíssimos aliados Frank Williams e Ron Dennis, que falariam na sexta. Mas,
na falta de pesos-pesados, sobrou
para o leve de plantão. O bate-boca reuniu Paul Stoddart, da modesta Minardi, e o chefão da
McLaren -discutiram publicamente sobre os milhões da Arrows
que foram redistribuídos à nanica e à neo-nanica Jordan.
É fácil criticar Mosley por faltar
ao embate. Creio, no entanto, que
o advogado inglês imaginou ser
melhor argumento o próprio regulamento. E este, como esperado, foi eloquente ontem: Barrichello, Raikkonen, Villeneuve
(sim, Villeneuve), Schumacher.
Primeiro piloto a dar a volta lançada, o alemão descreveu a própria Ferrari como um veículo de
limpeza pública. Boa desculpa ou
sinal dos novos tempos?
A resposta poderia ou deveria
vir com o resultado do segundo
treino, previsto para a madrugada de hoje, anual privilégio do leitor. Crente como Mosley, a coluna
aguardava mais surpresas.
E não foram poucas na sexta, a
começar pelos oito décimos impostos a Schumacher por Barrichello. Raikkonen colocou outros
sete em Coulthard, que antes de
entrar na pista sugeriu novos tipos de marmelada -times pequenos abrindo para grandes,
alusão direta à Sauber, cliente da
Ferrari. Eis o primeiro avanço do
sistema, a capacidade de separar
companheiros de equipe, algo relativamente raro nas últimas
temporadas, quando as três filas
foram invariavelmente ocupadas
pelos mesmos. Mosley 1 a 0.
Villeneuve, por si só uma surpresa, creditou o sucesso à experiência na Indy, que também ordena as saídas de pista na classificação. Como Button, quinto, ficou a três décimos do canadense,
é razoável imaginar que a BAR
optou por um treino-show. Alguém repetiu a tática hoje? Esse
era esperado, Mosley 2 a 0.
O placar, enfim, poderia se dilatar ou mesmo sofrer uma reviravolta na madrugada. O jogo, no
entanto, só termina na noite de
hoje, quando a F-1 mais magra e
mais polêmica dos últimos tempos abre a temporada 2003. Prognóstico? Ferrari e Schumacher,
quebrando recordes. Só que desta
vez parece mais difícil. Será?
Muitos afirmam que o regulamento foi feito sob medida para
Schumacher. Melhor dizendo, para punir o pentacampeão mundial. Pode ser. O inverso também.
O alemão, que sempre foi criticado por correr sozinho, contra
adversários pífios ou companheiros servis, pode encontrar nesta
nova F-1 a oportunidade que
sempre lhe faltou: brilhar contra
rivais como brilha contra adversidades. Talvez neste ano eles apareçam, mesmo que por decreto.
Fiasco?
O desempenho da Williams no primeiro treino foi pífio. Para completar, depois de Frank Williams criticar o próprio carro e sugerir
que pode construir um novo, Gerhard Berger disse que vai abandonar o barco em breve. A BMW, que tem um bom motor, talvez o melhor da F-1 atual, começa a perder a paciência.
Fiasco
E, se os bávaros cogitam a hipótese de montar um time próprio, existem estruturas disponíveis no mercado, neste momento. Apesar do
pacote de ajuda da FIA, Eddie Jordan afirmou em Melbourne que
sua operação está no limite e que pode vender suas ações assim que
receber uma boa oferta. O irlandês diz que fará de tudo para seu time
não fechar, como aconteceu com Arrows e Prost.
E-mail mariante@uol.com.br
Texto Anterior: Vôlei: "Fator casa" dita estréia dos times nos mata-matas das Superligas Próximo Texto: Futebol - José Geraldo Couto: Artilharias pesadas Índice
|