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São Paulo, sábado, 08 de março de 2003

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MOTOR

A primeira vez

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

Max Mosley cancelou sua ida a Melbourne. Vai acompanhar pela TV a primeira corrida da nova F-1 que idealizou. Parece querer mostrar que já é possível esperar algum tipo de emoção, mesmo que seja via satélite. Repetindo a última coluna, faz tempo que isso não acontece.
Seria obviamente interessante acompanhar o tiroteio verbal entre o presidente da FIA, que tinha entrevista coletiva prevista para a quinta-feira, e os novíssimos aliados Frank Williams e Ron Dennis, que falariam na sexta. Mas, na falta de pesos-pesados, sobrou para o leve de plantão. O bate-boca reuniu Paul Stoddart, da modesta Minardi, e o chefão da McLaren -discutiram publicamente sobre os milhões da Arrows que foram redistribuídos à nanica e à neo-nanica Jordan.
É fácil criticar Mosley por faltar ao embate. Creio, no entanto, que o advogado inglês imaginou ser melhor argumento o próprio regulamento. E este, como esperado, foi eloquente ontem: Barrichello, Raikkonen, Villeneuve (sim, Villeneuve), Schumacher. Primeiro piloto a dar a volta lançada, o alemão descreveu a própria Ferrari como um veículo de limpeza pública. Boa desculpa ou sinal dos novos tempos?
A resposta poderia ou deveria vir com o resultado do segundo treino, previsto para a madrugada de hoje, anual privilégio do leitor. Crente como Mosley, a coluna aguardava mais surpresas.
E não foram poucas na sexta, a começar pelos oito décimos impostos a Schumacher por Barrichello. Raikkonen colocou outros sete em Coulthard, que antes de entrar na pista sugeriu novos tipos de marmelada -times pequenos abrindo para grandes, alusão direta à Sauber, cliente da Ferrari. Eis o primeiro avanço do sistema, a capacidade de separar companheiros de equipe, algo relativamente raro nas últimas temporadas, quando as três filas foram invariavelmente ocupadas pelos mesmos. Mosley 1 a 0.
Villeneuve, por si só uma surpresa, creditou o sucesso à experiência na Indy, que também ordena as saídas de pista na classificação. Como Button, quinto, ficou a três décimos do canadense, é razoável imaginar que a BAR optou por um treino-show. Alguém repetiu a tática hoje? Esse era esperado, Mosley 2 a 0.
O placar, enfim, poderia se dilatar ou mesmo sofrer uma reviravolta na madrugada. O jogo, no entanto, só termina na noite de hoje, quando a F-1 mais magra e mais polêmica dos últimos tempos abre a temporada 2003. Prognóstico? Ferrari e Schumacher, quebrando recordes. Só que desta vez parece mais difícil. Será?
 
Muitos afirmam que o regulamento foi feito sob medida para Schumacher. Melhor dizendo, para punir o pentacampeão mundial. Pode ser. O inverso também.
O alemão, que sempre foi criticado por correr sozinho, contra adversários pífios ou companheiros servis, pode encontrar nesta nova F-1 a oportunidade que sempre lhe faltou: brilhar contra rivais como brilha contra adversidades. Talvez neste ano eles apareçam, mesmo que por decreto.

Fiasco?
O desempenho da Williams no primeiro treino foi pífio. Para completar, depois de Frank Williams criticar o próprio carro e sugerir que pode construir um novo, Gerhard Berger disse que vai abandonar o barco em breve. A BMW, que tem um bom motor, talvez o melhor da F-1 atual, começa a perder a paciência.

Fiasco
E, se os bávaros cogitam a hipótese de montar um time próprio, existem estruturas disponíveis no mercado, neste momento. Apesar do pacote de ajuda da FIA, Eddie Jordan afirmou em Melbourne que sua operação está no limite e que pode vender suas ações assim que receber uma boa oferta. O irlandês diz que fará de tudo para seu time não fechar, como aconteceu com Arrows e Prost.

E-mail mariante@uol.com.br


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