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FUTEBOL
Artilharias pesadas
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Apesar dos resultados bem
diferentes (um empate e
uma goleada), os primeiros jogos
da semifinal paulista tiveram
muitas semelhanças. Em ambos,
um dos oponentes jogou acuado,
sofrendo a pressão do adversário.
O São Paulo massacrou a até
então invicta Portuguesa Santista
(que só tinha tomado dois gols),
mas a artilharia corintiana não
foi menos pesada: foram mais de
20 finalizações contra apenas
umas cinco do Palmeiras.
Isso não significa que a final esteja definida. É quase certo que o
São Paulo estará lá, mas o Corinthians que se cuide. Jogando fechado atrás e explorando os contragolpes, como se fosse um brioso
time do interior, o Palmeiras conseguiu derrotar o São Caetano e
assustar o próprio Corinthians.
Hoje, tudo pode ser diferente,
até porque os jogadores em campo serão outros. O Palmeiras sem
zagueiros terá a volta de Claudecir. Magrão -o pulmão e o coração do time nos últimos tempos-
continua de fora.
O Corinthians, por sua vez, terá
a volta de Gil no lugar de Fumagalli ou de Leandro (tanto faz: os
dois têm sido muito pouco efetivos) e a provável entrada de Fabrício na posição de Fabinho.
A meu ver, os dois times se fortalecem com as mudanças, e o jogo tende a ser mais emocionante
que o de quarta passada. Tomara
que tenha mais gente para ver.
O golpe da CBF contra o Atlético-MG e o Juventude teve desdobramentos importantes. A censura da Justiça desportiva às declarações do vice atleticano Alexandre Kalil faz lembrar a ditadura.
Por outro lado, ao declarar oficialmente o presidente da CBF,
Ricardo Teixeira, "persona non
grata" em Belo Horizonte, a Câmara Municipal da capital mineira conferiu uma forte tonalidade política à causa do Atlético.
Os gaúchos de Caxias deveriam
fazer o mesmo. Aliás, todas as cidades brasileiras deveriam declarar oficialmente que não gostam
de Teixeira.
Deu pano para manga a discussão sobre craques, mestres e inventores. Muitos leitores escreveram comentando minha coluna
da última segunda. Alguns lembraram nomes que deixei de citar
(Nilton Santos, Gérson, Julinho).
Outros levaram adiante o debate
sobre os critérios de definição de
cada uma dessas categorias.
Aos primeiros, respondo que
não tive a intenção de fazer uma
lista completa ou exaustiva, mas
apenas relacionar alguns jogadores que julgo exemplares das três
definições.
Já os critérios devem ser aperfeiçoados. O mestre não tem que fazer literalmente tudo.
Um zagueiro, para ser mestre,
não precisa ser um grande driblador, e um atacante não tem de saber marcar.
Já o inventor não precisa necessariamente "patentear" uma nova jogada (como Leônidas com a
bicicleta ou Didi com a folha-seca). Basta que use de modo inventivo e inesperado o repertório
existente.
Um já foi
Durou pouco o "trio de ouro"
vascaíno. Talvez por se sentir
ofuscado por Marcelinho, o
sérvio Petkovic pediu as contas
para jogar na China. Agora resta saber como o mais discreto
Marques se entenderá com o Pé
de Anjo.
Máquina azeitada
Quando encaixa seu toque de
bola rápido e criativo, o São
Paulo tem rompantes de esquadrão. Contra a Portuguesa Santista, anteontem, todos os cinco gols foram bonitos. À exceção
do primeiro (um maravilhoso
chute longo de Júlio Batista), os
outros resultaram de desconcertantes trocas de passes entre
Kaká, Reinaldo, Ricardinho e
Luís Fabiano. Pena que essa
máquina às vezes emperra.
Principalmente quando falta
uma peça chamada Kaká.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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