UOL


São Paulo, sábado, 08 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Artilharias pesadas

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Apesar dos resultados bem diferentes (um empate e uma goleada), os primeiros jogos da semifinal paulista tiveram muitas semelhanças. Em ambos, um dos oponentes jogou acuado, sofrendo a pressão do adversário.
O São Paulo massacrou a até então invicta Portuguesa Santista (que só tinha tomado dois gols), mas a artilharia corintiana não foi menos pesada: foram mais de 20 finalizações contra apenas umas cinco do Palmeiras.
Isso não significa que a final esteja definida. É quase certo que o São Paulo estará lá, mas o Corinthians que se cuide. Jogando fechado atrás e explorando os contragolpes, como se fosse um brioso time do interior, o Palmeiras conseguiu derrotar o São Caetano e assustar o próprio Corinthians.
Hoje, tudo pode ser diferente, até porque os jogadores em campo serão outros. O Palmeiras sem zagueiros terá a volta de Claudecir. Magrão -o pulmão e o coração do time nos últimos tempos- continua de fora.
O Corinthians, por sua vez, terá a volta de Gil no lugar de Fumagalli ou de Leandro (tanto faz: os dois têm sido muito pouco efetivos) e a provável entrada de Fabrício na posição de Fabinho.
A meu ver, os dois times se fortalecem com as mudanças, e o jogo tende a ser mais emocionante que o de quarta passada. Tomara que tenha mais gente para ver.
 
O golpe da CBF contra o Atlético-MG e o Juventude teve desdobramentos importantes. A censura da Justiça desportiva às declarações do vice atleticano Alexandre Kalil faz lembrar a ditadura.
Por outro lado, ao declarar oficialmente o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, "persona non grata" em Belo Horizonte, a Câmara Municipal da capital mineira conferiu uma forte tonalidade política à causa do Atlético.
Os gaúchos de Caxias deveriam fazer o mesmo. Aliás, todas as cidades brasileiras deveriam declarar oficialmente que não gostam de Teixeira.
 
Deu pano para manga a discussão sobre craques, mestres e inventores. Muitos leitores escreveram comentando minha coluna da última segunda. Alguns lembraram nomes que deixei de citar (Nilton Santos, Gérson, Julinho). Outros levaram adiante o debate sobre os critérios de definição de cada uma dessas categorias.
Aos primeiros, respondo que não tive a intenção de fazer uma lista completa ou exaustiva, mas apenas relacionar alguns jogadores que julgo exemplares das três definições.
Já os critérios devem ser aperfeiçoados. O mestre não tem que fazer literalmente tudo.
Um zagueiro, para ser mestre, não precisa ser um grande driblador, e um atacante não tem de saber marcar.
Já o inventor não precisa necessariamente "patentear" uma nova jogada (como Leônidas com a bicicleta ou Didi com a folha-seca). Basta que use de modo inventivo e inesperado o repertório existente.

Um já foi
Durou pouco o "trio de ouro" vascaíno. Talvez por se sentir ofuscado por Marcelinho, o sérvio Petkovic pediu as contas para jogar na China. Agora resta saber como o mais discreto Marques se entenderá com o Pé de Anjo.

Máquina azeitada
Quando encaixa seu toque de bola rápido e criativo, o São Paulo tem rompantes de esquadrão. Contra a Portuguesa Santista, anteontem, todos os cinco gols foram bonitos. À exceção do primeiro (um maravilhoso chute longo de Júlio Batista), os outros resultaram de desconcertantes trocas de passes entre Kaká, Reinaldo, Ricardinho e Luís Fabiano. Pena que essa máquina às vezes emperra. Principalmente quando falta uma peça chamada Kaká.

E-mail jgcouto@uol.com.br


Texto Anterior: Motor - José Henrique Mariante: A primeira vez
Próximo Texto: Panorâmica - Basquete: Uberlândia perde sua invencibilidade
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.