São Paulo, quinta-feira, 08 de março de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Enfático, Lula defende o gasto federal com Pan-07

União faz novo aporte e sua fatia, inicialmente de R$ 138 mi, chega a R$ 1,65 bi

No Rio, presidente diz haver hipocrisia no debate e que evento é imprescindível, porque, após os Jogos, "o que vai ficar é o nome do Brasil"

MÁRIO MAGALHÃES
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

No mesmo dia em que a Folha revelou a existência de um estouro de 684% no custo público do Pan em relação ao orçamento de 2002, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu com veemência os gastos da União com o evento.
"Quando forem abertos os Jogos Pan-Americanos [no dia 13 de julho], o que vai ficar é o nome do Brasil", disse Lula, ontem, no estádio do Maracanã.
"Se houve excesso, pode discutir, pode o Tribunal de Contas investigar, pode qualquer coisa", completou o presidente.
Em seguida, o ministro Orlando Silva Jr. (Esporte) anunciou novo aumento do desembolso do governo federal com a competição. Até ontem era R$ 1,5 bilhão. Com mais R$ 150 milhões, alcança R$ 1,65 bilhão.
Na brochura oficial da candidatura carioca apresentada à Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana) em 2002, a fatura da União estava estipulada em R$ 138 milhões (valor atualizado pela inflação). Agora, para cada R$ 1 de despesa dos cofres federais previsto, serão consumidos R$ 12.
Indagado sobre o "fechamento da torneira", o ministro respondeu: "Espero que o pênalti do presidente [cobrado contra o governador do Rio, Sérgio Cabral] tenha marcado o ponto final da transferência de recursos para o Pan".
O presidente afirmou ignorar "o orçamento da Odepa".
"Eu conheço o orçamento que me foi apresentado já quando eu era presidente [a partir de 2003]." Lula, porém, não informou os números.
O presidente duvidou do estouro. A brochura que contém a planilha orçamentária foi assinada pelos governos federal, estadual e municipal em 2002.
Enviaram cartas dando "garantias financeiras" à Odepa os então presidente Fernando Henrique Cardoso e governador Anthony Garotinho (Rio de Janeiro) e o hoje ainda prefeito Cesar Maia (Rio).
"Acho totalmente infundado e absurdo imaginar que nós estamos gastando dez vezes mais", afirmou Lula.
No seu governo, o orçamento do Pan-2007 disparou.
O presidente assinou ontem medida provisória concedendo mais R$ 100 milhões para a conclusão da reforma do complexo esportivo do Maracanã, propriedade do Estado do Rio.
A quantia faria parte do R$ 1,5 bilhão da conta da União.
O Ministério do Esporte, porém, divulgou que os R$ 150 milhões suplementares contemplam o Maracanã e a infra-estrutura da Vila do Pan.
Como é possível que o dinheiro substitua compromissos do Estado e do município do Rio, não se pode assegurar que houve novo acréscimo ao custo público (soma de União, Estado e município) de R$ 3,2 bilhões dos Jogos, 684% a mais do que os R$ 409 milhões definidos na origem.
Lula foi pragmático ao falar de transferências de recursos como a de ontem: "Nessas alturas do campeonato, nós temos que realizar o Pan".
O presidente disse que, assim, defende "o nome do país".
"Se algum deles [governo estadual ou municipal] tiver algum problema, o governo federal tem que entrar."
Ele apontou hipocrisia na discussão sobre gastos públicos: "Vira-e-mexe as pessoas perguntam: "Nossa, mas tá gastando com o Pan?". [...] No Brasil tem uma hipocrisia, que as pessoas falam: "Ah, tá gastando com o Pan, poderia fazer uma casa popular, uma creche". Nós precisamos fazer a casa popular, a creche, mas não podemos prescindir do Pan".
O presidente assinou a medida provisória ontem diante de seis ministros.
O governador Sérgio Cabral afirmou que, "sem dinheiro do governo federal, não haveria Jogos". Olhando para Lula, elogiou: "Eu diria que o senhor é o grande artilheiro do Pan".


Texto Anterior: Mata-mata: Amoroso joga a toalha
Próximo Texto: De pênalti, Lula marca 2 em Cabral
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.