São Paulo, segunda-feira, 08 de março de 2010

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JUCA KFOURI

Contradições corintianas


O Corinthians começa a entrar no perigoso terreno da bagunça, no qual quem manda não poderia mandar...

...E QUEM obedece, no mínimo, perdeu o juízo. Ronaldo Fenômeno, sabe-se, ninguém esconde, o que é ótimo, virou parceiro, sócio mesmo do Corinthians. Com bons resultados econômicos e, no ano passado, esportivos. Seu retorno ao futebol e seu sacrifício para mais uma volta por cima foram plenamente compensados pelas emoções que já viveu com a camisa corintiana, coisa que ele é o primeiro a manifestar.
Mas, claro que você sabia que vinha um "mas", à medida que ele parece ter perdido a esperança de ir à Copa, até porque sabe que nada justificaria uma convocação, as coisas começaram a se embaralhar em Parque São Jorge. Com razão, dia desses, após mais uma atuação pífia do Corinthians, Ronaldo disse que o time estava sendo mexido demais, que era preciso mais entrosamento.
Mano Menezes não gostou e fez questão de dizer que quem manda no time é ele, declaração que só faz quem não está totalmente seguro de sua autoridade.
E disse mais: também com razão, respondeu que mantém Ronaldo em campo mesmo mal não só porque ele sempre pode decidir a qualquer momento, como ainda porque ele precisa de ritmo de jogo. Está tudo muito bem, está tudo muito bom, mas alguma coisa não faz sentido nisso tudo.
Se Ronaldo precisa de ritmo, não deveria ter ficado fora da suada vitória de ontem, contra o Azulão. Se é mesmo Mano Menezes quem manda, a ausência do craque revela uma óbvia contradição.
Se, no entanto, é Ronaldo quem decide que jogo jogará, que jogo não jogará, a contradição é dele ao cobrar mais entrosamento. Uma coisa é certa: o parceiro Ronaldo e Mano Menezes não andam falando a mesma língua.
Quarta-feira tem jogo pela Libertadores na altitude de Bogotá. Um mau resultado pode acabar com a calmaria que o clube vive desde que ganhou a Copa do Brasil.

Desperdício
Se José Serra tiver coragem de ser candidato à Presidência, trocando o certo pelo cada vez mais incerto, coisa que só anunciará depois de seu aniversário, dia 19 próximo, pois, maniático, não toma decisões importantes em seu "inferno astral", deixará o governo paulista sem realizar uma obra fundamental: a volta do torcedor comum aos estádios. Um gol contra.
No campo esportivo, seu governo terá apenas a marca do Museu do Futebol, ideia formidável e de realização exemplar. Mas pouco diante do que deveria ter feito e não fez.
Estranho, aliás, que não tenha feito, porque apaixonado por futebol, nem sequer percebeu que, se não fosse por virtude, por oportunismo eleitoral deveria ter feito.
O governante que um dia puder dizer que trouxe segurança para o torcedor terá feito um gol de proporções inimagináveis no Brasil.
Infelizmente, nem o palmeirense dos paulistas, nem o cruzeirense dos mineiros, nem o vascaíno dos cariocas e nem muito menos o corintiano dos brasileiros fizeram nada neste sentido.
E olhe que o Ministério do Esporte produziu um alentado, e muito benfeito, diagnóstico sobre a questão. Cadê, que fim levou?

blogdojuca@uol.com.br


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