São Paulo, domingo, 08 de abril de 2007

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Veterano peita CBH e faz críticas a Pessoa

Ginete Luiz Felipe Azevedo censura critérios para selecionar time do Pan

"Ele fez uma coisa que nem Pelé fez no futebol", afirma medalhista olímpico sobre decisão do maior cavaleiro do país em não ir aos Jogos


Antônio Gaudério/Folha Imagem
O cavaleiro Luiz Felipe Azevedo, dono de dois bronzes olímpicos e um ouro em Pan-Americanos


SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Mais velho medalhista olímpico brasileiro em atividade, o cavaleiro Luiz Felipe Azevedo, 53, acumula insatisfações. Em entrevista à Folha, o dono de dois bronzes por equipe em Olimpíadas (Atlanta-96 e Sydney-00) e de um ouro individual no Pan de Havana-91 entra em confronto com o principal nome do hipismo brasileiro, Rodrigo Pessoa, e com a cúpula do esporte.
Um dos favoritos a integrar o time nacional no Pan, ele censura o critério de seleção da equipe da Confederação Brasileira de Hipismo, que garantiu antecipadamente as vagas de Pessoa, medalha de ouro na última Olimpíada, e Bernardo Rezende Alves no torneio. Com isto, sobraram apenas três lugares em jogo nas seletivas. Azevedo diz que não gostou da postura de Pessoa, que declarou ter desistido de disputar o Pan por não concordar com o critério da CBH. "O Rodrigo fez uma coisa que nem o Pelé fez no futebol. Queria escalar o time também", disse o cavaleiro. "Estou pouco ligando se ele é contra. Para mim, não importa.
Tenho duas medalhas olímpicas com o Rodrigo. Fiz parte das duas equipes olímpicas com ele", afirmou Azevedo, que, como fã do temperamento de Romário, não pretende encerrar a carreira tão cedo.
 

FOLHA - Você vai participar da seletiva no Brasil?
LUIZ FELIPE AZEVEDO -
Vou, vou... Não sei se você reparou na minha barba. Só vou cortá-la na hora que tiver certeza que este critério vai ser mantido. Desde 83, o Brasil sempre fez seletivas nas pistas e conseguimos ganhar quatro ouros em Pans. A única exceção foi em em 1995, quando trouxeram da Europa o Rodrigo e o Neco [Nelson Pessoa, pai de Rodrigo]. Naquela vez, os dois tiveram os piores resultados da equipe no Pan.

FOLHA - Você acha que Pessoa não vai mesmo disputar o Pan?
AZEVEDO
- Ele não disse que abriu mão da vaga. Ele disse que só saltaria no Pan se fosse uma equipe forte com os cavaleiros da Europa. Então, ele não abriu a mão da vaga. Ele exigiu que a confederação seguisse a cartilha dele. Isso eu repudio.

FOLHA - Você ficou chateado com a CBH por causa da seleção?
AZEVEDO
- Fui uma das pessoas que apoiaram o senhor Maurício Manfredi [presidente da entidade]. Posso ter me confundido, mas acreditei que o Manfredi seria a esperança da renovação. O critério de selecionar dois da Europa é até aceitável desde que eles venham tendo resultado lá. Do contrário, não. A confederação teve uma posição muito branda em relação ao comportamento do Rodrigo.

FOLHA - Você já conversou com Pessoa depois das decisão dele?
AZEVEDO
- Não. Conversei com o Doda [outro cavaleiro que compete na Europa]. Ele disse que falou com o Rodrigo sobre a minha posição. Segundo o Doda, o Rodrigo não é contra o que estou dizendo. Mesmo assim, eu estou pouco ligando se ele é contra.

FOLHA - Você acha que toda esta polêmica pode atrapalhar o time?
AZEVEDO
- Vai depender de quem se classificar. Os cavaleiros mais experientes tiram isto de letra. Vamos precisar ter alguém com experiência e sangue frio para baixar a bola de todos, dizer que somos iguais. Sei que amanhã por causa desta entrevista, vai ter pelo menos uns 300 me detonando. Mas penso deste forma. Assim como dizem que futebol é bola na rede, no hipismo é vara no paraflanco. Sei que se fizer isto na seletiva, em pouco tempo vou estar no Pan. Por isto estou pouco ligando para quem vai me detonar.

FOLHA - Você consegue fazer alguma comparação com outro esporte sobre a posição de Pessoa?
AZEVEDO
- Sim. Posso dizer que nem o Pelé faria isto. Era como ele chegar no seu tempo de atleta e dizer: "Eu vou para esta competição e vou escolher os outros 21 jogadores".


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