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TÊNIS
Desespero?
Federer precisa saber dar a
volta por cima; para quem nunca esteve por baixo, talvez essa seja a tarefa mais difícil
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
HÁ DOIS ANOS , Roger Federer
chegou sorrindo a um papo
com repórteres em Miami.
Surpreendentemente, havia sido
derrotado na primeira rodada em
Indian Wells, o torneio anterior.
"Diga o que aconteceu lá. Tudo
bem?", soltou um colega americano.
"Bom, existem coisas boas [dessa
derrota]. Digo, ganhei um tempinho
para descansar. Tenho tentado planejar alguma folga, vocês sabem, e
pela primeira vez em anos tirei uma
semana. Então consegui descansar,
me divertir. Foi muito bom."
Perder, à época, parecia mais necessidade fisiológica de Federer do
que possibilidade técnica real dos
adversários. O suíço não encontrava
rivais à frente. Naquele ano, ganharia três Grand Slams, seria vice no
outro e faturaria o Masters.
Mas a maré mudaria. E 2008, que
começou com expectativa de quebra
de recordes e a consagração como o
melhor de todos os tempos, acabou
com Federer à sombra de Rafael Nadal, sem seu título de Wimbledon,
muito menos o troféu de Roland
Garros, nem o ouro olímpico. O suíço ainda seria destronado de seu cativo primeiro lugar do ranking.
Aos 28 anos, quando se esperava
que vivesse o auge, Federer passa
por seu momento mais delicado
desde que despontou do anonimato
e se impôs no circuito. Não chega
aos títulos que sugeriu ganhar, não
alcança marcas históricas tão próximas, deixando a impressão de que
elas nunca estiveram tão longe.
Na semana passada, de novo em
Miami, Federer encarou os jornalistas após outra derrota, com um sorriso, sim, mas um sorriso amarelo.
Foi uma derrota humilhante. Chegou a destruir raquete em meio a um
jogo em que não sabia o que fazer.
"Graças a Deus, a temporada de
quadras duras terminou", disse Federer, ele que há dois anos só perdia
quando queria nas quadras duras.
Agora, virá o saibro, em que Nadal,
seu algoz, brilha e domina como
poucos fizeram na história do tênis.
Mais do que em qualquer momento, o suíço precisa manter o controle
e saber dar a volta por cima. Para
quem nunca esteve por baixo, talvez
seja essa a tarefa mais difícil.
DESABAFO
Jornalista: "O quanto de pressão
está sentindo lá na quadra?". Federer: "Não muita. Não ganho mais
20 torneios seguidos, então ninguém crê mais que serei campeão".
TOPO
Com as quartas em Miami, Bruno
Soares, 27, chegou a 16º do ranking
de duplas. Ao lado de Kevin Ullyett,
tem tudo para crescer mais.
CIRCUITO UNIMED
Na 1ª etapa, no Joinville Tênis Clube, os campeões foram Rodrigo
Schaefer, Marina Bohrer (18 anos),
Karue Sell, Ana Pinto (16), Rafael
Niemezewki, Jornada Peres (14),
Renato Junior e Ana Batista (12).
reandaku@uol.com.br
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