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FUTEBOL
Para ex-senador, sucesso do time que dirige e patrocina deve-se à sua gestão
Estevão diz ser "pau para
toda obra" no Brasiliense
MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-senador Luiz Estevão é o
dono, o presidente, o diretor de
futebol, o patrocinador e, por vezes, o técnico do Brasiliense, equipe sensação e que começa a decidir hoje a Copa do Brasil.
Com o mandato cassado há
quase dois anos por suposto envolvimento no desvio de R$ 167
milhões do Fórum Trabalhista de
São Paulo e respondendo a diversos processos, Luiz Estevão, 52,
dirige um clube que não tem conselho deliberativo e cujos diretores são funcionários contratados
por ele mesmo.
O time é do próprio ex-senador,
que estampa na camisa amarela a
publicidade do Grupo OK, outra
empresa sua.
Estevão não esconde o seu poder centralizador. Admite-o -"já
interferi na escalação"- e diz que
a sua administração é o principal
"ingrediente" do sucesso do time
de Taguatinga (DF), que, com
menos de dois anos de vida e antes de chegar à primeira divisão
do futebol nacional, já avançou
até a final do torneio mata-mata
que dá vaga na Libertadores.
Durante a campanha vitoriosa,
o time do senador cassado teve
dois técnicos. O primeiro, Édson
Porto, classificou o time para as
oitavas-de-final com uma vitória
por 4 a 1 sobre o Confiança (SE) e
pediu demissão por não aguentar
a pressão exercida por Estevão,
que, então, decidiu contratar Péricles Chamusca, justamente o treinador do time sergipano.
Em entrevista à Folha, o ex-senador falou do favoritismo do
Corinthians, adversário na decisão da Copa do Brasil, de seu papel de "mecenas" do Brasiliense e
da ascensão meteórica da equipe
do Distrito Federal.
Folha - As premiações que o senhor distribui aos jogadores levantaram suspeitas do Ministério Público sobre a procedência deste dinheiro. De onde sai a renda distribuída aos atletas como prêmio?
Luiz Estevão - O Brasiliense tem
quatro patrocinadores. O Luiz,
que sou eu, o Estevão, que sou eu,
o Oliveira, que sou eu, e o Neto,
que sou eu. Os prêmios e os salários saem do meu bolso. Sou o
único sócio do Grupo OK, que patrocina o time. Portanto sai tudo
do mesmo bolso: os salários, as
premiações e as despesas. Não
que eu não tenha procurado outros patrocinadores, mas ninguém quis nos patrocinar.
Folha - O próprio Parreira afirmou que as premiações pagas pelo
senhor estão fora dos padrões do
futebol brasileiro atualmente [foram de R$ 5.000 nas quartas-de-final, R$ 10 mil nas semifinais, e podem chegar a R$ 15 mil se o time for
campeão". O senhor acredita que
isso levou seu time à final da Copa
do Brasil?
Estevão - O principal ingrediente do sucesso do meu time não são
as premiações, mas a segurança
que os atletas do Brasiliense têm.
Eles sabem que vão receber salário todo final de mês. Isso, infelizmente, não é mais regra no futebol brasileiro, mas exceção. Jogador sem salário, não importa por
qual grande clube jogue, fica desestabilizado.
Folha - Com tudo isso, quem é o
favorito ao título?
Estevão - Todas as previsões no
futebol são temerárias, mas o
grande favorito é o Corinthians.
Pela tradição, pela camisa, pelo
plantel, pela folha de pagamentos,
cinco ou seis vezes maior que a
nossa. Enquanto os nossos salários somados não chegam a R$
200 mil mensais, a folha do Corinthians deve ultrapassar um pouco
a casa de R$ 1 milhão.
Folha - O fato de o sorteio ter determinado que a segunda partida
final seja disputada em Taguatinga
(DF) não favorece o seu time?
Estevão - Isso não vale nada em
uma decisão que envolve grandes
equipes. E o Brasiliense é um
grande time. Não estou falando
de grande clube. Se não fosse um
grande time, não teria chegado à
final como chegou. Nem o Corinthians ganhou os últimos quatro
jogos. Nós ganhamos.
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