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FUTEBOL
A menos de 1 mês da Copa, joelho direito atormenta meia-atacante, que teme que uma cirurgia encerre sua carreira
"Dói muito, o tempo todo", afirma Rivaldo
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A BARCELONA
A loja oficial do Barcelona vende fotos heróicas do meia-atacante Rivaldo conduzindo a bola, comemorando gols e erguendo troféus. Vibrando. Sorrindo.
O jogador que se via ontem no
Camp Nou, porém, era outro.
Um Rivaldo abatido, gripado,
fragilizado. Que olhava para o
chão e falava baixo sempre que
comentava sua lesão no joelho direito. Que, por fim, admitiu: "Dói
muito. Dói o tempo todo".
A exemplo do que vem acontecendo há mais de duas semanas, o
meia-atacante não treinou ontem
com o grupo do Barcelona. Ficou
à parte, fazendo apenas exercícios
físicos, longe da bola.
Não sabia nem a data do próximo jogo de seu time, contra o Zaragoza, pela última rodada do Espanhol. "Vai ser no sábado? Pensei que seria na sexta-feira."
Rivaldo, 30, sabe que o cenário é
preocupante. Em 26 dias, ele precisa estar recuperado e entrar em
campo como um dos comandantes da seleção na Copa, contra a
Turquia. Pelo menos é o que deseja Luiz Felipe Scolari, que designou o médico José Luiz Runco, da
seleção, para acompanhar o caso.
Ontem, o coordenador Antônio
Lopes disse que "a palavra da CBF
é a que vale" e que a situação de
Rivaldo "não é preocupante".
As palavras do jogador, no entanto, levam para outro lado. E
deixam no ar o termo "incógnita", usado anteontem por Ricard
Pruna, médico do Barcelona, ao
avaliar as chances de o brasileiro
jogar todas as partidas da Copa.
"Ainda sinto muitas dores. Sinto o tempo todo, sempre que vou
chutar com a perna esquerda. O
joelho direito faz o apoio e dói
muito", disse Rivaldo, ontem, de
dentro de seu Porsche, no estacionamento do Camp Nou.
Ele se preparava para deixar o
estádio. E, novamente seguindo a
rotina dos últimos dias, não iria
falar com a imprensa. Pouco a
pouco, porém, passou a se abrir.
"Às vezes, a dor é menor, mas o
médico [Pruna] acha melhor eu
não jogar. Não reclamo. É ele
quem sabe o que pode acontecer."
O atleta não quer ouvir falar em
cirurgia, embora isso pudesse ser
uma saída para depois da Copa.
"Tenho muito medo de operar.
Não posso fazer cirurgia por causa do meu jeito de pisar. Se operar
o joelho, posso ter de parar de jogar", disse. "Seria parecido com o
que houve com o Ronaldo. No
meu caso, tirariam o menisco e
botariam uma prótese. Mas, pelo
jeito como piso, não adiantaria."
A receita ideal, para o jogador,
seria continuar o atual trabalho.
Ou seja: fazer musculação "até o
fim da carreira". Segundo ele,
quanto mais forte estiver a parte
de trás da coxa direita, menos
pressão haverá sobre o menisco.
Mas Rivaldo não reclamou apenas de dores. Reclamou da imprensa e criticou Djalminha.
Para Rivaldo, a imprensa "adora" criar polêmica em cima dele.
Ele citou como exemplo o episódio de sua lesão no joelho, no último dia 21, contra o Celta.
"A imprensa daqui fica dizendo
toda hora que foi contra Portugal,
pela seleção", declarou, referindo-se ao último amistoso do Brasil, no dia 17. "Não foi."
Criticou ainda o burburinho
criado por ter contratado um fisioterapeuta particular, Renato
Fernandez. "Estou no Barcelona,
e o clube autorizou. Não tinha
mesmo que ter ligado para a CBF.
Não quis sacanear ninguém."
Foi para não criar mais polêmicas que ele evitou, ontem, um dia
após a convocação para o Mundial, comentar a lista de Scolari.
Só falou de Djalminha, que perdeu a chance de ir para a Copa ao
dar uma cabeçada no seu técnico
no La Coruña, Javier Irureta.
"Ele me disse que não aguentava mais o técnico e que estava suportando a situação só porque
queria ir à Copa. E foi explodir
cinco dias antes da convocação!
Isso não pode fazer."
Na segunda-feira, Rivaldo se entrega aos médicos da seleção. Espera, até lá, estar recuperado de
um problema menor, uma gripe.
"Ontem [anteontem], tive até um
acesso de tosse no dentista", disse,
com um raro sorriso, antes de fechar a porta do carro e sair para
para casa. No bairro de Sarriá.
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