São Paulo, quarta-feira, 08 de maio de 2002

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Novo espião é desafeto de Romário

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O técnico Gilson Nunes, um dos desafetos do atacante Romário, será o segundo espião da seleção brasileira na Copa do Mundo.
Depois de ser convidado por Luiz Felipe Scolari na manhã de anteontem, ele aceitou o cargo no final da tarde de ontem, após uma reunião com o coordenador técnico Antônio Lopes.
"Estou muito orgulhoso do convite. Quero fazer de tudo para ajudar a seleção", disse Gilson Nunes, que comandou a Costa Rica em parte das eliminatórias. Os costarriquenhos serão os terceiros adversários do Brasil na Copa.
O treinador virou desafeto de Romário depois de cortá-lo da seleção brasileira às vésperas da disputa do Mundial de juniores na Rússia, em 1985.
Na época, Romário foi dispensado por indisciplina. O treinador decidiu afastá-lo da seleção por ter passado uma noite gritando, da janela do hotel em que a delegação estava concentrada, para as mulheres que passavam em uma badalada rua de Copacabana.
Além de Romário, o zagueiro Denílson, seu companheiro de quarto, foi cortado do Mundial.
O anúncio da contratação de Gilson Nunes foi feito no dia seguinte a Scolari divulgar a lista dos convocados para a Copa. O atacante do Vasco ficou fora.
Em entrevista à Folha em março, Romário chamou Gilson Nunes de ""traíra", gíria usada pelos boleiros para qualificar traidores.
Ele disse que a atitude do treinador quase o fez encerrar a carreira precocemente. "O futebol está cheio de traíras. Um deles é o Gilson Nunes. Se não tivesse uma boa família em 1985, eu teria parado de jogar depois do corte da seleção", declarou Romário.
"Naquela vez, não houve critério. Ele decidiu pegar dois jovens desconhecidos para serem punidos. O Muller, que estava também no nosso quarto no dia, mas já era conhecido, foi poupado do corte", disse o atacante.
Depois da saída dos dois atletas, a seleção conquistou o Mundial na Rússia. Muller, ex-São Paulo, foi o destaque do torneio.
O corte do atleta é um assunto que Gilson Nunes quer esquecer. Ele disse ontem que a decisão o deixou triste. "A história fez com que as pessoas não esquecessem isso. O meu coração não pedia, mas a razão estava acima. Na época, houve consenso na comissão técnica pelo seu corte. No fundo, decidi com um pouco de tristeza."
Gilson Nunes é amigo de Scolari desde 1997. Ele foi contratado para comandar o Juventude após ser indicado pelo técnico da seleção.
"Desde então, nasceu uma amizade. Apesar da distância, nos damos bem até hoje", disse ele, que estréia no cargo no dia 20.
O outro espião da seleção brasileira é Jairo dos Santos.



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