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Novo espião é desafeto de Romário
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
O técnico Gilson Nunes, um dos
desafetos do atacante Romário,
será o segundo espião da seleção
brasileira na Copa do Mundo.
Depois de ser convidado por
Luiz Felipe Scolari na manhã de
anteontem, ele aceitou o cargo no
final da tarde de ontem, após uma
reunião com o coordenador técnico Antônio Lopes.
"Estou muito orgulhoso do
convite. Quero fazer de tudo para
ajudar a seleção", disse Gilson
Nunes, que comandou a Costa Rica em parte das eliminatórias. Os
costarriquenhos serão os terceiros adversários do Brasil na Copa.
O treinador virou desafeto de
Romário depois de cortá-lo da seleção brasileira às vésperas da disputa do Mundial de juniores na
Rússia, em 1985.
Na época, Romário foi dispensado por indisciplina. O treinador
decidiu afastá-lo da seleção por
ter passado uma noite gritando,
da janela do hotel em que a delegação estava concentrada, para as
mulheres que passavam em uma
badalada rua de Copacabana.
Além de Romário, o zagueiro
Denílson, seu companheiro de
quarto, foi cortado do Mundial.
O anúncio da contratação de
Gilson Nunes foi feito no dia seguinte a Scolari divulgar a lista
dos convocados para a Copa. O
atacante do Vasco ficou fora.
Em entrevista à Folha em março, Romário chamou Gilson Nunes de ""traíra", gíria usada pelos
boleiros para qualificar traidores.
Ele disse que a atitude do treinador quase o fez encerrar a carreira
precocemente. "O futebol está
cheio de traíras. Um deles é o Gilson Nunes. Se não tivesse uma
boa família em 1985, eu teria parado de jogar depois do corte da seleção", declarou Romário.
"Naquela vez, não houve critério. Ele decidiu pegar dois jovens
desconhecidos para serem punidos. O Muller, que estava também
no nosso quarto no dia, mas já era
conhecido, foi poupado do corte", disse o atacante.
Depois da saída dos dois atletas,
a seleção conquistou o Mundial
na Rússia. Muller, ex-São Paulo,
foi o destaque do torneio.
O corte do atleta é um assunto
que Gilson Nunes quer esquecer.
Ele disse ontem que a decisão o
deixou triste. "A história fez com
que as pessoas não esquecessem
isso. O meu coração não pedia,
mas a razão estava acima. Na época, houve consenso na comissão
técnica pelo seu corte. No fundo,
decidi com um pouco de tristeza."
Gilson Nunes é amigo de Scolari
desde 1997. Ele foi contratado para comandar o Juventude após ser
indicado pelo técnico da seleção.
"Desde então, nasceu uma amizade. Apesar da distância, nos damos bem até hoje", disse ele, que
estréia no cargo no dia 20.
O outro espião da seleção brasileira é Jairo dos Santos.
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