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São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2003

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Ex-treinadores se reerguem longe do Morumbi

DA REPORTAGEM LOCAL

Eles não serviram para comandar o São Paulo. Mas, mesmo sem o amparo da famosa estrutura e do elenco estrelado do clube do Morumbi, hoje estão por cima.
Praticamente todos os treinadores desprezados pelos diretores são-paulinos após o fim da era Telê Santana, em processo muito parecido com o que vitimou agora Oswaldo de Oliveira, passam atualmente por bons momentos.
E o maior exemplo disso é justamente o do sucessor imediato de Telê. Conduzido ao cargo de treinador do São Paulo no início de 1996, o ex-atacante do clube Muricy Ramalho deixou o Morumbi chamado de burro pela torcida.
Hoje, comanda o Internacional, que não tem na sua equipe titular nem sequer um jogador que já tenha servido a seleção, mas lidera o primeiro Brasileiro de pontos corridos da história com sete a mais do que o São Paulo.
Outros dois treinadores que também tinham histórico como jogadores no Morumbi passam hoje por situação parecida.
Em 1998, Dario Pereyra, então iniciante como técnico, fazia boa campanha no São Paulo -o time ficou invicto nos sete primeiros jogos da temporada. Mas, logo após a primeira derrota do ano, para o Fluminense, foi demitido.
Hoje, brilha na competição que é o sonho maior do São Paulo, a Libertadores da América. Dario dirige o modesto Paysandu, que, depois de bater o Boca Juniors, na Argentina, está muito perto de passar às quartas-de-final do principal torneio sul-americano.
Ex-lateral do clube nos anos 70, Nelsinho Baptista saiu por baixo do São Paulo duas vezes nos últimos anos. Em 1998, mesmo após a conquista do título estadual, foi demitido após uma derrota por 7 a 2 para a Lusa pelo Brasileiro.
No ano passado, apesar de levar o time às semifinais da Copa do Brasil e à final do Rio-São Paulo, preferiu adiantar-se à então iminente dispensa e pediu para sair.
Depois de deixar o São Paulo pela última vez, Nelsinho foi para o Goiás, onde salvou o time do rebaixamento e ganhou o Estadual.
Agora coloca o Flamengo, que fracassou de forma retumbante nos últimos cinco Brasileiros, no quinto lugar da edição de 2003.
A falta de paciência dos cartolas são-paulinos vitimou outros dois profissionais renomados, que igualmente deram a volta por cima. Um deles, aliás, está agora no topo da profissão.
Em 1996, o tetracampeão Carlos Alberto Parreira não resistiu a um elenco dividido e deixou o São Paulo menos de quatro meses depois da sua contratação.
Na sua volta à capital paulista, no ano passado, Parreira ganhou dois títulos com o Corinthians, mostrou que dá resultados com tempo para trabalhar e pavimentou seu retorno à seleção.
Com Mário Sérgio, o tempo dado pelo São Paulo foi ainda menor. Ele dirigiu o time em apenas oito jogos do Brasileiro-98. Seu estilo inovador e a "mania" de mudar o time a cada partida não agradaram, e ele acabou dispensado. Agora faz bom trabalho no São Caetano, que conduziu até as quartas-de-final do Brasileiro-02.
Oswaldo Alvarez e Levir Culpi, que também deixaram o São Paulo depois de intenso tiroteio de torcida e diretoria, estão empregados -o primeiro comanda o Atlético-PR, e o segundo dirige o Botafogo na Série B do Brasileiro.

Racha
Quase todos os treinadores desprezados pelo São Paulo nos últimos anos apontam as divisões políticas do clube como obstáculo para um bom trabalho. "Isso atrapalha", constata Parreira.
As constantes comparações com as conquistas obtidas por Telê também fazem mal para os treinadores são-paulinos. "Ficou muito difícil trabalhar no São Paulo depois de todo aquele sucesso do Telê", afirma Muricy.
Alguns dos demitidos nos últimos anos, como o técnico do Inter, estão na lista de candidatos a substituir Oliveira. (PAULO COBOS)


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