|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ex-treinadores se reerguem longe do Morumbi
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles não serviram para comandar o São Paulo. Mas, mesmo sem
o amparo da famosa estrutura e
do elenco estrelado do clube do
Morumbi, hoje estão por cima.
Praticamente todos os treinadores desprezados pelos diretores
são-paulinos após o fim da era Telê Santana, em processo muito
parecido com o que vitimou agora Oswaldo de Oliveira, passam
atualmente por bons momentos.
E o maior exemplo disso é justamente o do sucessor imediato de
Telê. Conduzido ao cargo de treinador do São Paulo no início de
1996, o ex-atacante do clube Muricy Ramalho deixou o Morumbi
chamado de burro pela torcida.
Hoje, comanda o Internacional,
que não tem na sua equipe titular
nem sequer um jogador que já tenha servido a seleção, mas lidera o
primeiro Brasileiro de pontos
corridos da história com sete a
mais do que o São Paulo.
Outros dois treinadores que
também tinham histórico como
jogadores no Morumbi passam
hoje por situação parecida.
Em 1998, Dario Pereyra, então
iniciante como técnico, fazia boa
campanha no São Paulo -o time
ficou invicto nos sete primeiros
jogos da temporada. Mas, logo
após a primeira derrota do ano,
para o Fluminense, foi demitido.
Hoje, brilha na competição que
é o sonho maior do São Paulo, a
Libertadores da América. Dario
dirige o modesto Paysandu, que,
depois de bater o Boca Juniors, na
Argentina, está muito perto de
passar às quartas-de-final do
principal torneio sul-americano.
Ex-lateral do clube nos anos 70,
Nelsinho Baptista saiu por baixo
do São Paulo duas vezes nos últimos anos. Em 1998, mesmo após
a conquista do título estadual, foi
demitido após uma derrota por 7
a 2 para a Lusa pelo Brasileiro.
No ano passado, apesar de levar
o time às semifinais da Copa do
Brasil e à final do Rio-São Paulo,
preferiu adiantar-se à então iminente dispensa e pediu para sair.
Depois de deixar o São Paulo
pela última vez, Nelsinho foi para
o Goiás, onde salvou o time do rebaixamento e ganhou o Estadual.
Agora coloca o Flamengo, que
fracassou de forma retumbante
nos últimos cinco Brasileiros, no
quinto lugar da edição de 2003.
A falta de paciência dos cartolas
são-paulinos vitimou outros dois
profissionais renomados, que
igualmente deram a volta por cima. Um deles, aliás, está agora no
topo da profissão.
Em 1996, o tetracampeão Carlos
Alberto Parreira não resistiu a um
elenco dividido e deixou o São
Paulo menos de quatro meses depois da sua contratação.
Na sua volta à capital paulista,
no ano passado, Parreira ganhou
dois títulos com o Corinthians,
mostrou que dá resultados com
tempo para trabalhar e pavimentou seu retorno à seleção.
Com Mário Sérgio, o tempo dado pelo São Paulo foi ainda menor. Ele dirigiu o time em apenas
oito jogos do Brasileiro-98. Seu
estilo inovador e a "mania" de
mudar o time a cada partida não
agradaram, e ele acabou dispensado. Agora faz bom trabalho no
São Caetano, que conduziu até as
quartas-de-final do Brasileiro-02.
Oswaldo Alvarez e Levir Culpi,
que também deixaram o São Paulo depois de intenso tiroteio de
torcida e diretoria, estão empregados -o primeiro comanda o
Atlético-PR, e o segundo dirige o
Botafogo na Série B do Brasileiro.
Racha
Quase todos os treinadores desprezados pelo São Paulo nos últimos anos apontam as divisões
políticas do clube como obstáculo
para um bom trabalho. "Isso atrapalha", constata Parreira.
As constantes comparações
com as conquistas obtidas por Telê também fazem mal para os treinadores são-paulinos. "Ficou
muito difícil trabalhar no São
Paulo depois de todo aquele sucesso do Telê", afirma Muricy.
Alguns dos demitidos nos últimos anos, como o técnico do Inter, estão na lista de candidatos a
substituir Oliveira.
(PAULO COBOS)
Texto Anterior: Missão é deixar clima leve, diz técnico-tampão Próximo Texto: Futebol: Corinthians perde trunfos da era Parreira Índice
|