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WASHINGTON OLIVETTO
Retrato em branco-e-preto da 1ª rodada
A primeira rodada da Copa do Mundo não foi espetacular, mas produziu
alguns destaques.
A Alemanha, com seu magnífico uniforme preto-e-branco, meteu 8 a 0 na fraquíssima Arábia
Saudita, obviamente vestida de
verde-e-branco, e Miroslav Klose,
o Baltazar da Alemanha, fez três
gols de cabeça.
Felipão brilhou convocando Ricardinho, e o árbitro coreano
Kim Young-joo foi o grande herói
da partida Brasil x Turquia, com
uma atuação impecável, que
lembrou o nosso querido Carlos
Eugênio Simon na partida entre
o campeão da Copa do Brasil e o
Brasiliense.
A Argentina deu show de bola
na Nigéria, e os craques Ortega,
Batistuta, Verón, Simeone e Sorín, com jogadas magistrais, pareciam os brasileiros de 1982 Sócrates, Casagrande, Zenon, Biro-Biro e Alfinete.
O Senegal deu um banho nos
franceses, coisa que muitos consideravam impossível, e Diouf, o
Dinei do Senegal, foi o nome do
jogo.
Gostei também da Itália contra
o Equador e, mais particularmente, de Vieri, que, assinalando
dois gols, pareceu uma espécie de
Deivid branco.
Não gostei da Inglaterra contra
a seleção da Suécia e confesso que
esperava mais do que aquele
minguado 1 a 1.
A verdade é que o futebol inglês
já teve tempos melhores, mais
precisamente em 1882, ano em
que foi fundado o glorioso Corinthian Football Club de Londres,
equipe em que se destacava a figura de Charles William Miller.
Hoje, bons mesmo na Inglaterra são somente os estrangeiros
Silvinho e Edu.
Ainda com relação aos jogos da
primeira rodada, não há dúvida
de que o zagueiro Gamarra foi o
melhor de Paraguai x África do
Sul, mostrando que não esqueceu
nada do que aprendeu quando
atuou na equipe campeã brasileira de 1998.
Já Arce manteve aquele seu joguinho de sempre. Um gol de bola
parada, e só.
Portugal decepcionou diante
dos EUA num jogo em que, curiosamente, quem fez o gol de português foi o americano Agoos. E a
Coréia ganhou da Polônia vestindo um uniforme cor-de-rosa que
se adequaria muito mais ao São
Paulo ou ao Fluminense.
No capítulo "Transmissão", lamentavelmente a TV sul-coreana, que gera as imagens, optou
por transmitir tudo a distância
-o que faz com que o telespectador perca muito em emoção.
Felizmente, para contrabalançar essa falha técnica, existem os
comentários de Walter Casagrande Jr., sempre precisos e pertinentes.
Casagrande teve sólido aprendizado prático como jogador no
início de sua carreira, acompanhado de consistente embasamento teórico, durante o movimento sócio-político-esportivo
intitulado Democracia Corintiana. Hoje, 20 anos depois, colhe os
frutos dessa formação tão requintada.
Uma última observação, agora
sobre a localização geográfica e o
horário dos jogos. Sem dúvida
nenhuma, a Fifa errou. Três, seis
e oito da manhã não são horas de
ver futebol.
Se, em vez de Ulsan, que é longe
feito um cão, a Fifa tivesse mandado as partidas do Brasil no
Parque São Jorge, que é aqui pertinho, os jogos poderiam ser
transmitidos num horário muito
mais decente, e a presença de torcedores brasileiros no estádio seria muito maior, o que é sempre
bom para o espetáculo.
Optando por Ulsan, a Fifa prejudicou a tudo e a todos em geral
e ao Ricardinho em particular,
que teve de viajar 50 horas de
avião para chegar até lá, quando
poderia chegar à Fazendinha em
poucos minutos.
Revoltante.
Washington Olivetto, publicitário sempre (e cronista esportivo eventual), esperava mais da Alemanha contra a Irlanda
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