São Paulo, sábado, 08 de junho de 2002

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WASHINGTON OLIVETTO

Retrato em branco-e-preto da 1ª rodada

A primeira rodada da Copa do Mundo não foi espetacular, mas produziu alguns destaques.
A Alemanha, com seu magnífico uniforme preto-e-branco, meteu 8 a 0 na fraquíssima Arábia Saudita, obviamente vestida de verde-e-branco, e Miroslav Klose, o Baltazar da Alemanha, fez três gols de cabeça.
Felipão brilhou convocando Ricardinho, e o árbitro coreano Kim Young-joo foi o grande herói da partida Brasil x Turquia, com uma atuação impecável, que lembrou o nosso querido Carlos Eugênio Simon na partida entre o campeão da Copa do Brasil e o Brasiliense.
A Argentina deu show de bola na Nigéria, e os craques Ortega, Batistuta, Verón, Simeone e Sorín, com jogadas magistrais, pareciam os brasileiros de 1982 Sócrates, Casagrande, Zenon, Biro-Biro e Alfinete.
O Senegal deu um banho nos franceses, coisa que muitos consideravam impossível, e Diouf, o Dinei do Senegal, foi o nome do jogo.
Gostei também da Itália contra o Equador e, mais particularmente, de Vieri, que, assinalando dois gols, pareceu uma espécie de Deivid branco.
Não gostei da Inglaterra contra a seleção da Suécia e confesso que esperava mais do que aquele minguado 1 a 1.
A verdade é que o futebol inglês já teve tempos melhores, mais precisamente em 1882, ano em que foi fundado o glorioso Corinthian Football Club de Londres, equipe em que se destacava a figura de Charles William Miller.
Hoje, bons mesmo na Inglaterra são somente os estrangeiros Silvinho e Edu.
Ainda com relação aos jogos da primeira rodada, não há dúvida de que o zagueiro Gamarra foi o melhor de Paraguai x África do Sul, mostrando que não esqueceu nada do que aprendeu quando atuou na equipe campeã brasileira de 1998.
Já Arce manteve aquele seu joguinho de sempre. Um gol de bola parada, e só.
Portugal decepcionou diante dos EUA num jogo em que, curiosamente, quem fez o gol de português foi o americano Agoos. E a Coréia ganhou da Polônia vestindo um uniforme cor-de-rosa que se adequaria muito mais ao São Paulo ou ao Fluminense.
No capítulo "Transmissão", lamentavelmente a TV sul-coreana, que gera as imagens, optou por transmitir tudo a distância -o que faz com que o telespectador perca muito em emoção.
Felizmente, para contrabalançar essa falha técnica, existem os comentários de Walter Casagrande Jr., sempre precisos e pertinentes.
Casagrande teve sólido aprendizado prático como jogador no início de sua carreira, acompanhado de consistente embasamento teórico, durante o movimento sócio-político-esportivo intitulado Democracia Corintiana. Hoje, 20 anos depois, colhe os frutos dessa formação tão requintada.
Uma última observação, agora sobre a localização geográfica e o horário dos jogos. Sem dúvida nenhuma, a Fifa errou. Três, seis e oito da manhã não são horas de ver futebol.
Se, em vez de Ulsan, que é longe feito um cão, a Fifa tivesse mandado as partidas do Brasil no Parque São Jorge, que é aqui pertinho, os jogos poderiam ser transmitidos num horário muito mais decente, e a presença de torcedores brasileiros no estádio seria muito maior, o que é sempre bom para o espetáculo.
Optando por Ulsan, a Fifa prejudicou a tudo e a todos em geral e ao Ricardinho em particular, que teve de viajar 50 horas de avião para chegar até lá, quando poderia chegar à Fazendinha em poucos minutos.
Revoltante.


Washington Olivetto, publicitário sempre (e cronista esportivo eventual), esperava mais da Alemanha contra a Irlanda



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