São Paulo, sexta-feira, 08 de junho de 2007

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São Paulo recebe a seleção "CDF"

Ainda tímidos, novatos mostram suor nos treinos e contagiam veteranos na Liga Mundial de vôlei

Equipe, que joga contra a Coréia do Sul às 10h, no Ibirapuera, vive a disputa mais acirrada por posições sob a batuta de Bernardinho


Marlene Bergamo/Folha Imagem
Bernardinho se contorce durante treino do Brasil no Ibirapuera


MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

A quadra está mais silenciosa, os jogadores, mais retraídos, mas o já alucinante ritmo dos treinamentos parece ter encontrado novos entusiastas.
A intensa mescla de novatos e veteranos implantada pelo técnico Bernardinho na Liga Mundial transformou a seleção de vôlei, que encara a Coréia do Sul hoje, às 10h, em São Paulo.
Tímidos, os novatos falam pouco, não têm tanta liberdade para brincadeiras e ainda se acostumam à experiência de jogar ao lado de seus ídolos.
Mas, em meio ao silêncio, têm imprimido um novo ritmo ao dia-a-dia da equipe.
"Eles chegaram com muito entusiasmo. Nunca vi algum deles ficar de mau humor, reclamar de algo. Têm um pique intenso. Após o treino, batem mais bolas. Quando estou meio mal, lembro que éramos assim e penso que não há do que reclamar", diz o meio Gustavo, 31.
Os jogadores ainda se acostumam aos jogos de alto nível e ao assédio da imprensa e da torcida. Até a liberdade que os mais velhos têm com o técnico Bernardinho impressiona. Mas algumas características dos novatos já sobressaem.
Bruninho, 20, levantador e filho de Bernardinho, é o mais espirituoso e parece mais à vontade. Ele jogou uma etapa da Liga em 2006, mas só agora teve a chance de ser titular.
"Fiquei assustado porque tudo aconteceu muito rápido. Claro que senti frio na barriga na estréia, mas agora já estou me habituando", diz o jogador, que, antes de entrar para a seleção, tinha "medo" de Gustavo.
"Ele parecia tão sério, grandalhão, tão bravo... Mas, depois, conheci uma pessoa incrível, com um coração enorme."
O meio-de-rede já ganhou até um clone. Éder, 23, também é gaúcho, reservado, joga na mesma posição, tem cabelos loiros e curtos e o mesmo tipo físico do companheiro.
"Já virou motivo para sacaneá-lo. Estamos imaginando o que vai acontecer quando estiverem juntos Éder, André Heller [meio-de-rede], Murilo [irmão de Gustavo] e eu. Vai todo mundo confundir a gente", brinca o veterano jogador.
Com o time misto, Bernardinho pretende dar mais experiência aos novatos e poupar jogadores que ainda estão se recuperando da temporada européia, como Giba e Ricardinho.
Mas quem já festeja os resultados é Roberta Giglio, única mulher da comissão técnica. Com o grupo desde 2001, há tempos não era tão paparicada.
"Os meninos são ótimos, estão sempre prontos a ajudar, a carregar uma mala", brinca ela, responsável pelas estatísticas.
Roberta também ganhou um novo companheiro. Se não é escalado -vai disputar vaga com Nalbert, Murilo, Roberto Minuzzi, Dante e Giba-, o ponta Thiago Alves, 20, vê os jogos ao seu lado. "Ele é muito inteligente, pega as coisas com facilidade, é observador", elogia ela.
Outros novatos nem sequer tiveram o desgosto de ocupar o banco. Alan, 27, é o novo líbero da equipe. Escadinha se recupera de uma cirurgia no joelho.
Ele se adaptou com facilidade ao esquema tático e é um dos nomes mais fortes para suceder o atual dono da posição.
Alan não terá a chance de dividir a quadra com Escadinha -cada equipe tem apenas um líbero-, mas está ansioso para atuar ao lado de seu ídolo.
"Ele não joga na minha posição. Tenho admiração grande pelo Giba. O fato de ele ter me passado algumas coisas no início da minha carreira foi bacana demais", afirma o jogador.
A renovação da equipe mudou o status até de velhos conhecidos do elenco.
Roberto Minuzzi, 25, era uma das grandes apostas de Bernardinho até passar por cirurgia no coração, em 2005.
"É uma situação engraçada. Me sinto em um ambiente conhecido, com velhos amigos, mas numa situação totalmente nova", declara o ponta.
Rodrigão também vive experiência inusitada. Antes tímido, agora é o capitão do time.
"É um aprendizado grande. Servirá muito no futuro, aprendi a falar mais, me soltar mais. Os mais jovens me conheceram em uma situação totalmente diferente", diz o meio-de-rede.

TV - Brasil x Coréia do Sul
Globo, ao vivo, às 10h



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