São Paulo, segunda-feira, 08 de junho de 2009

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Subaproveitado, estádio do Pan do Rio recebe o apelido de "Vazião"

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO

O grito de Denise Costa ecoa pelas arquibancadas do Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão, na zona norte do Rio. Ela incentiva o saltador Marcelo Aparecido da Costa, da equipe BM&F Bovespa, a alcançar marca para a final do salto triplo no Troféu Brasil.
No lado oposto do estádio, o atleta pode ouvi-la, já que o silêncio e as cadeiras permanentemente vazias dominam o ambiente. "Vazião" é o apelido dado ao Engenhão por vizinhos e torcedores de futebol, dando a medida do abandono do local pelo público.
Palco das competições de atletismo e futebol dos Jogos Pan-Americanos do Rio, em 2007, e com capacidade para 45 mil pessoas, o estádio vê suas arquibancadas, então lotadas, amargarem quase dois anos de esquecimento. Até a torcida do Botafogo, clube que arrenda e administra o estádio da Prefeitura do Rio, pouco comparece.
"Cadê você, cadê você? No Maraca, eu nunca vi. No Engenhão, nunca vai lá", gritam os rivais nos clássicos locais.
A média de público do Botafogo no Campeonato Brasileiro não passou até agora dos 11.542 pagantes. No campeonato carioca deste ano, de acordo com a Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), é da ordem de 12 mil. Clássicos estaduais e partidas decisivas ainda são disputadas no Maracanã.
Durante o Troféu Brasil, de entrada gratuita, as pouco mais de 10 mil pessoas, segundo estimativa da CBAt, que visitaram o estádio no fim de semana movimentaram a região, mas não conseguiram lotar nem um dos lados das cadeiras inferiores.
"Pelo fato de ser um estádio novo, pode ser que esteja vazio por falta de costume da torcida. Mas é aquela velha história: não há divulgação de evento esportivo", disse Marilson Gomes dos Santos, fundista bicampeão da Maratona de Nova York e recordista sul-americano nos 5.000 m e nos 10.000 m.
A quantidade de público, no entanto, não é considerada impedimento para a qualidade das dependências da arena. O Engenhão é apresentado pela prefeitura como "o estádio mais moderno da América Latina" e faz parte do plano do Comitê Olímpico Brasileiro para a candidatura do Rio à Olimpíada de 2016.
"O estádio tem uma pista de nível internacional para competições, com posição de vento e iluminação excelentes, o que ajuda a melhorar as marcas", disse Élson Miranda, técnico de Fabiana Murer, campeã e recordista pan-americana no salto com vara.
Com o início das obras para a Copa de 2014 no Maracanã, no entanto, a tendência é que clássicos regionais, decisões e eventos de grande público voltem ao Engenhão, desfazendo a fama do estádio. (TN)


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