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Ex-jogador relembra a sua conquista
ROBERT FALKENBURG
ESPECIAL PARA A FOLHA ONLINE
Wimbledon é o maior e mais
tradicional torneio do mundo, jogar lá é diferente. Toda a atenção
dos espectadores, o silêncio da
quadra central, tudo lá é especial.
Joguei três edições, mas meus
melhores anos foram 1947 e 48. O
tênis era um pouco diferente naquela época, os jogadores não
eram tão fortes fisicamente e não
existia profissionalismo.
Em 47, fui campeão de duplas
ao lado de Jack Kramer [também
norte-americano", então um dos
melhores jogadores e meu maior
rival. Perdi duas vezes para ele nas
quartas-de-final do Aberto dos
EUA e, se estivesse do outro lado
da chave, quem sabe não teria
uma sorte melhor, provavelmente até chegar a uma eventual final.
No ano seguinte, consegui ser
campeão de simples, lutando
contra problemas respiratórios
que me fariam abandonar as
competições anos depois.
Passei nas oitavas-de-final pelo
australiano Frank Sedgman
[campeão de Wimbledon-52, do
Aberto dos EUA-51 e 52 e da Austrália-49 e 50". Nas quartas-de-final derrotei o sueco Lennart Bergelin [que depois seria técnico de
Bjorn Borg", em uma das partidas
mais difíceis da competição. Sofri
muito com a falta de ar do meio
para o final do jogo.
Em seguida, venci Gardnar Mulloy, outro norte-americano. E, na
final, meu adversário foi o australiano John Bromwich, bicampeão
do Aberto da Austrália [39 e 46".
A decisão empatou em 2 a 2 [7/
5, 0/6, 6/2 e 3/6", e fomos para o
quinto set. Com uma quebra de
saque atrás, perdia por 5/2. Consegui manter meu serviço e fazer
5/3. No saque seguinte, Bromwich
teve triplo match-point.
Lembrei-me daquela partida ao
assistir à semifinal de Patrick Rafter contra Andre Agassi, pois estava na mesma situação do australiano. Salvei uma a uma todas as
oportunidades que Bromwich teve para vencer e ganhei confiança.
No tênis é assim, quando você
coloca na cabeça que vai ganhar,
não tem jeito. Se você tem confiança em seu jogo, adquire uma
força extra, algo que te move para
a vitória. Da mesma forma, quando desperdiça chances de vencer,
você se abate e vê a derrota em sua
frente. Aí você acaba perdendo.
Mantive a cabeça no lugar e
venci por 7/5. Foi um momento
muito feliz da minha carreira.
Em 1950, fui defender meu título, mas encontrei Bromwich no
caminho novamente, desta vez
nas quartas-de-final.
Abri 2 sets a 0, mas senti muita
falta de ar. Deixei-o vencer os dois
seguintes por 6/0 e 6/0, para ver se
recuperava minhas energias. Naquele tempo, não podíamos pedir
tempo, atendimento médico ou
coisa do gênero.
No quinto set, abri 5/3 e tive um
break-point para vencer a partida.
Mas não resisti ao jogo de Bromwich. Estava muito cansado e sem
fôlego para conseguir a vitória.
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