São Paulo, sábado, 08 de julho de 2006

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Henry ainda busca brilho do clube em sua seleção

Com média de 0,43 gol por jogo no time francês, atleta é sacrificado por esquema tático de técnico Domenech, que dá privilégio à defesa

Atacante do Arsenal apresenta desempenho inferior quando atua pela França


DOS ENVIADOS A HAMELN

Seus colegas, muitos em fim de carreira, como Zidane, brilham mais com ela do que em seus clubes. Mas, para Thierry Henry, 28, a camisa da seleção francesa parece pesar mais.
É verdade que ele fez o gol da vitória contra a seleção brasileira e teve outros bons momentos na Copa da Alemanha, mas seja pela comparação fria dos números ou para quem está no calor dos estádios, ele não é na França nem sombra do jogador artilheiro do Arsenal, clube que defende há sete anos tão bem que até já chegou perto de ganhar o título de melhor do mundo pela Fifa (foi segundo colocado em 2003 e 2004).
Jogando pelo time nacional do seu país, Henry tem média de 0,43 gol por jogo. Não é grande coisa, tanto que Trezeguet, condenado à reserva pelo técnico Raymond Domenech no Mundial alemão, é melhor -marcou 0,50 gol por partida.
Os números na artilharia de Henry com a França ficam bem longe do que ele consegue no Arsenal. Pelo time de Londres, ele tem a respeitável média de 0,63 gol por jogo oficial, ou 50% a mais do que consegue na seleção azul. E nos últimos anos a média é ainda maior. Na última temporada européia, ele registrou 0,75 gol por partida.
Henry também ainda não mostrou a força do seu futebol em uma decisão pela França. Em 1998, o atacante foi reserva na vitória por 3 a 0 sobre o Brasil na final da Copa. Em 2000, passou em branco no triunfo do seu time sobre a Itália na final da Eurocopa disputada na Bélgica e na Holanda.
Assim, ele vai na contramão de outros jogadores, como Ronaldo e Zidane, que são mais efetivos quando defendem suas seleções do que em seus clubes.
Os próprios companheiros de time admitem que Henry não tem como fazer na França o mesmo que consegue no Arsenal, clube com o qual foi vice-campeão da última Copa dos Campeões da Europa, batido na decisão pelo Barcelona de Ronaldinho, que também é um na seleção e outro no clube.
"O Zidane e o Henry também fazem uma boa marcação, em detrimento de seu jogo pessoal. Todos estão se esforçando para defender", afirmou Sagnol.
O lateral-direito foi um dos dois jogadores escalados pelos franceses para dar entrevistas ontem, em Hameln, cidade no norte da Alemanha que abrigou treinos dos franceses durante todo o Mundial de 2006.
Um dos reservas de Henry no ataque, Sidney Govou, que defende o Lyon, disse que o estilo de jogo da França "não é atraente para os atacantes".
"Mas todos precisam entender que defender bem também é uma forma de atacar."
Pelo esquema de Domenech, Henry é o único jogador puro de ataque do esquema francês. Isso faz com que muitas vezes ele receba a bola isolado e tenha dificuldades para prendê-la. Assim, de acordo com o Datafolha, ele é o recordista de desperdícios da França, com média de 9,5 por jogo.
Participando da marcação, Henry tem outro número que não justifica a sua fama de jogador técnico. Ele é simplesmente o atleta que mais comete faltas da França, com média de 2,7 infrações por partida.
A seu favor existe o fato de, mesmo com pouca ajuda no ataque, ser o recordista de finalizações da equipe, com 3,7 tentativas por confronto.
Sacrificado pelo esquema e sem o brilho do clube, Henry ao menos parece satisfeito pelo desempenho da sua equipe no Mundial da Alemanha.
"Agora estamos na final. E isso é o que importa, além do fato de formarmos um grande time", disse o atacante, que também prevê muitas dificuldades na decisão de amanhã.
"Não será fácil. A Itália é um time que estuda muito o rival e o faz adormecer. Então, quando você menos espera, faz dois gols no final", disse em entrevista a um jornal italiano, referindo-se à vitória do rival de amanhã contra a Alemanha, por 2 a 0, na prorrogação, em uma das semifinais do Mundial.0 (FÁBIO VICTOR E PAULO COBOS)


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