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Henry ainda busca brilho do clube em sua seleção
Com média de 0,43 gol por jogo no time francês, atleta é sacrificado por esquema tático de técnico Domenech, que dá privilégio à defesa
Atacante do Arsenal apresenta desempenho inferior quando atua pela França
DOS ENVIADOS A HAMELN
Seus colegas, muitos em fim
de carreira, como Zidane, brilham mais com ela do que em
seus clubes. Mas, para Thierry
Henry, 28, a camisa da seleção
francesa parece pesar mais.
É verdade que ele fez o gol da
vitória contra a seleção brasileira e teve outros bons momentos na Copa da Alemanha,
mas seja pela comparação fria
dos números ou para quem está
no calor dos estádios, ele não é
na França nem sombra do jogador artilheiro do Arsenal, clube
que defende há sete anos tão
bem que até já chegou perto de
ganhar o título de melhor do
mundo pela Fifa (foi segundo
colocado em 2003 e 2004).
Jogando pelo time nacional
do seu país, Henry tem média
de 0,43 gol por jogo. Não é grande coisa, tanto que Trezeguet,
condenado à reserva pelo técnico Raymond Domenech no
Mundial alemão, é melhor
-marcou 0,50 gol por partida.
Os números na artilharia de
Henry com a França ficam bem
longe do que ele consegue no
Arsenal. Pelo time de Londres,
ele tem a respeitável média de
0,63 gol por jogo oficial, ou 50%
a mais do que consegue na seleção azul. E nos últimos anos a
média é ainda maior. Na última
temporada européia, ele registrou 0,75 gol por partida.
Henry também ainda não
mostrou a força do seu futebol
em uma decisão pela França.
Em 1998, o atacante foi reserva
na vitória por 3 a 0 sobre o Brasil na final da Copa. Em 2000,
passou em branco no triunfo do
seu time sobre a Itália na final
da Eurocopa disputada na Bélgica e na Holanda.
Assim, ele vai na contramão
de outros jogadores, como Ronaldo e Zidane, que são mais
efetivos quando defendem suas
seleções do que em seus clubes.
Os próprios companheiros
de time admitem que Henry
não tem como fazer na França
o mesmo que consegue no Arsenal, clube com o qual foi vice-campeão da última Copa dos
Campeões da Europa, batido
na decisão pelo Barcelona de
Ronaldinho, que também é um
na seleção e outro no clube.
"O Zidane e o Henry também
fazem uma boa marcação, em
detrimento de seu jogo pessoal.
Todos estão se esforçando para
defender", afirmou Sagnol.
O lateral-direito foi um dos
dois jogadores escalados pelos
franceses para dar entrevistas
ontem, em Hameln, cidade no
norte da Alemanha que abrigou
treinos dos franceses durante
todo o Mundial de 2006.
Um dos reservas de Henry no
ataque, Sidney Govou, que defende o Lyon, disse que o estilo
de jogo da França "não é
atraente para os atacantes".
"Mas todos precisam entender que defender bem também
é uma forma de atacar."
Pelo esquema de Domenech,
Henry é o único jogador puro
de ataque do esquema francês.
Isso faz com que muitas vezes
ele receba a bola isolado e tenha
dificuldades para prendê-la.
Assim, de acordo com o Datafolha, ele é o recordista de desperdícios da França, com média de 9,5 por jogo.
Participando da marcação,
Henry tem outro número que
não justifica a sua fama de jogador técnico. Ele é simplesmente o atleta que mais comete faltas da França, com média de 2,7
infrações por partida.
A seu favor existe o fato de,
mesmo com pouca ajuda no
ataque, ser o recordista de finalizações da equipe, com 3,7 tentativas por confronto.
Sacrificado pelo esquema e
sem o brilho do clube, Henry ao
menos parece satisfeito pelo
desempenho da sua equipe no
Mundial da Alemanha.
"Agora estamos na final. E isso é o que importa, além do fato
de formarmos um grande time", disse o atacante, que também prevê muitas dificuldades
na decisão de amanhã.
"Não será fácil. A Itália é um
time que estuda muito o rival e
o faz adormecer. Então, quando você menos espera, faz dois
gols no final", disse em entrevista a um jornal italiano, referindo-se à vitória do rival de
amanhã contra a Alemanha,
por 2 a 0, na prorrogação, em
uma das semifinais do Mundial.0
(FÁBIO VICTOR E PAULO COBOS)
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