São Paulo, sábado, 08 de julho de 2006

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Seleção ignorou fórmula vitoriosa

Estratégia do Brasil na Copa em relação a treinos e à concentração foi diferente das adotadas por times semifinalistas

Quatro primeiros colocados tiveram treino secreto, base fixa e amistosos fortes antes da Copa, enquanto CBF quis mobilidade e exposição


RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Antes da Copa, uma fã invadiu o campo de treinamento da seleção brasileira em Weggis e agarrou Ronaldinho. A presença da torcida era obrigatória por causa de acerto financeiro entre a CBF e uma empresa.
A três dias da final, um garoto de três anos entra no campo da seleção italiana. Classificada à decisão do Mundial, o time fazia apenas seu quinto treino aberto para torcedores.
As duas cenas mostram uma das várias diferenças entre a estratégia da CBF na Copa e a dos quatro semifinalistas, Alemanha, França, Itália e Portugal.
Isso pode ser visto desde o pré-Copa. As quatro primeiras colocadas no Mundial decidiram fazer seu início de preparação no próprio país, em seus CTs, enquanto o Brasil foi para a cidade de Weggis, na Suíça.
A França ficou em Clairefontaine, Portugal, em Évora, a Itália, em Converciano, e a Alemanha, próximo a Berlim.
Com exceção dos alemães, os outros três times preferiram chegar ao país da Copa perto da competição. França e Itália chegaram cinco dias antes da estréia, Portugal, sete dias. O Brasil foi a Königstein nove dias antes do primeiro jogo.
A seleção ainda remou contra a corrente ao fazer amistosos fracos, contra Nova Zelândia e o clube Lucerna. Alemanha, França e Itália pegaram seleções que estavam na Copa. E Portugal, pelo menos, jogou com seleções européias.
Na Alemanha, o Brasil também adotou procedimentos diversos dos rivais. Não teve base fixa. Após a primeira parada, foi a Colônia e a Bergisch Gladbach, mais próximos dos locais de suas partidas seguintes.
Os quatro semifinalistas ficaram no mesmo local até o fim da Copa. A Itália escolheu Duisburgo, com forte colônia italiana, e até montou uma casa cultural na cidade.
Portugal se hospedou em Marienfeld, e a França em Hameln. A Alemanha seguia perto de Berlim até ontem.
Os hotéis do Brasil eram fechados, como os dos rivais, com exceção de Portugal. Só que jornalistas, principalmente os da Globo, tinham acesso.
Nos treinos, o Brasil tinha sessões abertas para o público no início. E não fez treinos secretos em nenhum momento.
As outras seleções abriram suas atividades poucas vezes ao público e vetaram até jornais.
Dona da casa, a Alemanha fez um total de 16 treinos fechados à imprensa, ou abertos por apenas 15 minutos. Portugal, França e Itália também proibiram filmagens e repórteres em algumas ocasiões. O técnico Parreira nunca quis esconder nada.


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