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Seleção ignorou fórmula vitoriosa
Estratégia do Brasil na Copa em relação a treinos e à concentração foi diferente das adotadas por times semifinalistas
Quatro primeiros colocados
tiveram treino secreto, base fixa e amistosos fortes antes
da Copa, enquanto CBF quis mobilidade e exposição
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes da Copa, uma fã invadiu o campo de treinamento da
seleção brasileira em Weggis e
agarrou Ronaldinho. A presença da torcida era obrigatória
por causa de acerto financeiro
entre a CBF e uma empresa.
A três dias da final, um garoto
de três anos entra no campo da
seleção italiana. Classificada à
decisão do Mundial, o time fazia apenas seu quinto treino
aberto para torcedores.
As duas cenas mostram uma
das várias diferenças entre a estratégia da CBF na Copa e a dos
quatro semifinalistas, Alemanha, França, Itália e Portugal.
Isso pode ser visto desde o
pré-Copa. As quatro primeiras
colocadas no Mundial decidiram fazer seu início de preparação no próprio país, em seus
CTs, enquanto o Brasil foi para
a cidade de Weggis, na Suíça.
A França ficou em Clairefontaine, Portugal, em Évora, a Itália, em Converciano, e a Alemanha, próximo a Berlim.
Com exceção dos alemães, os
outros três times preferiram
chegar ao país da Copa perto da
competição. França e Itália
chegaram cinco dias antes da
estréia, Portugal, sete dias. O
Brasil foi a Königstein nove
dias antes do primeiro jogo.
A seleção ainda remou contra a corrente ao fazer amistosos fracos, contra Nova Zelândia e o clube Lucerna. Alemanha, França e Itália pegaram
seleções que estavam na Copa.
E Portugal, pelo menos, jogou
com seleções européias.
Na Alemanha, o Brasil também adotou procedimentos diversos dos rivais. Não teve base
fixa. Após a primeira parada, foi
a Colônia e a Bergisch Gladbach, mais próximos dos locais
de suas partidas seguintes.
Os quatro semifinalistas ficaram no mesmo local até o fim
da Copa. A Itália escolheu Duisburgo, com forte colônia italiana, e até montou uma casa cultural na cidade.
Portugal se hospedou em
Marienfeld, e a França em Hameln. A Alemanha seguia perto
de Berlim até ontem.
Os hotéis do Brasil eram fechados, como os dos rivais, com
exceção de Portugal. Só que jornalistas, principalmente os da
Globo, tinham acesso.
Nos treinos, o Brasil tinha
sessões abertas para o público
no início. E não fez treinos secretos em nenhum momento.
As outras seleções abriram
suas atividades poucas vezes ao
público e vetaram até jornais.
Dona da casa, a Alemanha fez
um total de 16 treinos fechados
à imprensa, ou abertos por apenas 15 minutos. Portugal, França e Itália também proibiram
filmagens e repórteres em algumas ocasiões. O técnico Parreira nunca quis esconder nada.
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