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"Ala cristã" aponta negligências
De forma velada, evangélicos da seleção criticam atletas que fumaram e beberam nas folgas da Copa
Ronaldo e Roberto Carlos
são os mais visados na
"turma da cervejinha" por
não cuidarem da forma e se
mexerem pouco em campo
DOS ENVIADOS A BERLIM
Alguns jogadores da seleção
brasileira não se cuidaram direito antes e durante a Copa.
Abusaram das baladas e não
deixaram de tomar cerveja e, ao
menos dois deles, de fumar. Essa é a opinião de parte dos atletas, a maioria evangélica.
Ninguém fala abertamente,
mas, assim que a França despachou o Brasil, a lavagem de roupa suja começou entre alguns
deles e, principalmente, nos depoimentos a amigos.
O principal alvo é Roberto
Carlos, que estava quase agachado no momento em que
Henry fez o gol que eliminou o
Brasil. Ainda no vestiário, após
o jogo, ouviu queixas de colegas
por "não correr" em campo.
Entre atletas, cartolas e empresários, Roberto Carlos e Ronaldo são conhecidos por gostarem de fumar e beber nas folgas. Os colegas evangélicos não
têm nada contra. Porém se irritaram porque esperavam que
eles mudassem os hábitos pensando na Copa. Tanto Ronaldo
como Roberto Carlos estavam
fora de forma e pouco se movimentaram em campo.
Entre os descontentes estão
Kaká, Zé Roberto e Lúcio, todos evangélicos. Os reservas
Cris e Luisão estão nesse grupo.
Um dia após a eliminação,
um integrante da delegação
brasileira, que pediu para não
ser identificado, referia-se a
dois grupos no elenco: o pessoal sério e o da cervejinha.
Durante a campanha, nenhum dos jogadores reclamou
com o técnico Carlos Alberto
Parreira sobre o assunto. Porém havia pressão sobre o treinador, já que os mais velhos
não admitiam ser substituídos,
apesar de jogarem mal. Os mais
novos queixavam-se para gente
de fora da delegação.
Nas primeiras entrevistas
após a queda começaram a surgir as queixas.
"Tenho consciência de que
me doei ao máximo. Cada um
precisa fazer a sua análise para
ver se também doou tudo o que
podia", disse Zé Roberto.
O preparador físico Moraci
Sant'Anna, acusado de não colocar o time em forma, sinalizou que alguns jogadores não
se cuidavam após as folgas.
Ronaldinho, que não fuma,
também incomodou os colegas.
Depois de ele se esbaldar na
noite de Barcelona no dia seguinte à eliminação, começaram a surgir depoimentos de
atletas falando de seus sofrimentos com a derrota. "Choro
todas as noites", disse Lúcio. Zé
Roberto também falou em choro dele e de sua família.
Sobre Ronaldo, pesa outra
acusação. Pelo menos dois atletas disseram a amigos que o
atacante estava mais preocupado em quebrar o recorde de gols
em Copas do Mundo.
Semelhantes críticas veladas
foram feitas ao capitão Cafu,
que se tornou o brasileiro com
mais jogos em Mundiais.
Para alguns cartolas, faltou
pulso a Parreira tanto para controlar o comportamento dos jogadores fora de campo como
para barrar veteranos. Na fase
de preparação, Roberto Carlos,
Ronaldo e Robinho, entre outros -nenhum deles evangélico-, apareceram em fotos de
jornais em casas noturnas.
(FÁBIO VICTOR E RICARDO PERRONE)
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