São Paulo, domingo, 08 de julho de 2007

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Decadente, Corinthians festeja empate

Na volta da equipe ao Pacaembu, time escapa de mais uma derrota com gol de revelação a apenas dez minutos do final

Corinthians 1
Fluminense 1

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de 72 dias, o Corinthians voltou ao Pacaembu, viu a crise de perto, mas, com um gol salvador do jovem meia Bruno Bonfim, aos 35min do segundo tempo, comemorou um suado empate contra o Fluminense como vitória.
O 1 a 1, no entanto, só camuflou a situação de um time em franca decadência no Brasileiro, que completou ontem quatro jogos sem ganhar -e cinco sem vitórias em casa-, com 13 pontos e em 11º lugar. O fantasma da crise, por pouco, não voltou ao Parque São Jorge.
Em seu segundo jogo no comando corintiano no Pacaembu, o técnico Paulo César Carpegiani lembrou de sua trágica estréia, quando foi eliminado da Copa do Brasil pelo Náutico.
Na ocasião, a torcida tentou invadir os vestiários e a delegação teve de deixar o estádio escoltada pela polícia.
No duelo de ontem, o técnico sofreu outro desgaste. O time ouviu vaias durante quase todo o jogo e, pela primeira vez, Carpegiani foi chamado de burro.
"Eu não vou levar isso [as ofensas] em consideração. A equipe está em formação, é muito nova e estamos pagando o preço", disse o técnico, que até agora, em cinco partidas disputadas em São Paulo, só venceu uma vez -o Juventude, na estréia no Brasileiro.
Ontem, Carpegiani usou o seu método mais conhecido para armar o time: as invenções. Conhecido como "Professor Pardal" nos tempos em que treinou o São Paulo, ontem o treinador "inventou" o volante Carlos Alberto na ala direita e, em alguns instantes, até o zagueiro Kadu arriscava jogadas de lateral no campo de ataque.
Carpegiani também "ressuscitou" o fraco lateral-esquerdo Everton, que estava no limbo até algumas rodadas atrás. O resultado da experiência, claro, não foi bom para o Corinthians. As jogadas pelas laterais praticamente não aconteceram. Dinelson, que virou o "craque" do time depois de marcar um gol na rodada anterior, não armou absolutamente nada.
Mas, ao menos a defesa, vilã na derrota para o Sport, parecia segura. O Fluminense não ameaçava. O 0 a 0 seria o resultado mais sensato, não fosse uma nova trapalhada dos zagueiros corintianos, até outro dia festejados pelo bom trabalho. O gol carioca nasceu de uma longa troca de bolas dos jogadores na área corintiana.
A conclusão do lance foi patética. Betão, sonolento, ficou olhando o grandalhão Somália, atacante que não é veloz, chegar antes de Felipe e tocar para as redes corintianas.
A falha e a desvantagem no placar, entretanto, não sensibilizaram Carpegiani, que manteve em campo seu trio de zagueiros. Mas o laboratório foi desmontado no intervalo.
Saíram Carlos Alberto e Wellington. Entraram Pedro, lateral-direito de origem, e Rosinei, que foi para o meio-campo. Marcelo Oliveira passou para a lateral-esquerda, posição em que surgiu no time profissional. A verdade é que o time não melhorou em nada.
O centroavante Finazzi, por exemplo, ficou mais da metade do segundo tempo sem tocar na bola. Foi então que Carpegiani tentou sua última cartada. Pôs Bruno Bonfim, mas não tirou um zagueiro. Sacou Dinelson, e os gritos de "burro" ecoaram no Pacaembu para o técnico.
A última experiência aliviou a vida de Carpegiani. Um cruzamento de Everton Santos pela direita para a área encontrou Bonfim, que se antecipou ao goleiro Fernando Henrique para empatar, aos 35min.
As vaias da torcida logo se transformaram em apoio, mas a capacidade de superação do time parou no gol de empate.
"O empate não foi um mau resultado pelas circunstâncias", disse o atacante Everton ao final da partida.


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