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Decadente, Corinthians festeja empate
Na volta da equipe ao Pacaembu, time escapa de mais uma derrota com gol de revelação a apenas dez minutos do final
Corinthians 1
Fluminense 1
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de 72 dias, o Corinthians voltou ao Pacaembu, viu
a crise de perto, mas, com um
gol salvador do jovem meia
Bruno Bonfim, aos 35min do
segundo tempo, comemorou
um suado empate contra o Fluminense como vitória.
O 1 a 1, no entanto, só camuflou a situação de um time em
franca decadência no Brasileiro, que completou ontem quatro jogos sem ganhar -e cinco
sem vitórias em casa-, com 13
pontos e em 11º lugar. O fantasma da crise, por pouco, não voltou ao Parque São Jorge.
Em seu segundo jogo no comando corintiano no Pacaembu, o técnico Paulo César Carpegiani lembrou de sua trágica
estréia, quando foi eliminado
da Copa do Brasil pelo Náutico.
Na ocasião, a torcida tentou
invadir os vestiários e a delegação teve de deixar o estádio escoltada pela polícia.
No duelo de ontem, o técnico
sofreu outro desgaste. O time
ouviu vaias durante quase todo
o jogo e, pela primeira vez, Carpegiani foi chamado de burro.
"Eu não vou levar isso [as
ofensas] em consideração. A
equipe está em formação, é
muito nova e estamos pagando
o preço", disse o técnico, que
até agora, em cinco partidas
disputadas em São Paulo, só
venceu uma vez -o Juventude,
na estréia no Brasileiro.
Ontem, Carpegiani usou o
seu método mais conhecido para armar o time: as invenções.
Conhecido como "Professor
Pardal" nos tempos em que
treinou o São Paulo, ontem o
treinador "inventou" o volante
Carlos Alberto na ala direita e,
em alguns instantes, até o zagueiro Kadu arriscava jogadas
de lateral no campo de ataque.
Carpegiani também "ressuscitou" o fraco lateral-esquerdo
Everton, que estava no limbo
até algumas rodadas atrás. O
resultado da experiência, claro,
não foi bom para o Corinthians.
As jogadas pelas laterais praticamente não aconteceram. Dinelson, que virou o "craque" do
time depois de marcar um gol
na rodada anterior, não armou
absolutamente nada.
Mas, ao menos a defesa, vilã
na derrota para o Sport, parecia
segura. O Fluminense não
ameaçava. O 0 a 0 seria o resultado mais sensato, não fosse
uma nova trapalhada dos zagueiros corintianos, até outro
dia festejados pelo bom trabalho. O gol carioca nasceu de
uma longa troca de bolas dos
jogadores na área corintiana.
A conclusão do lance foi patética. Betão, sonolento, ficou
olhando o grandalhão Somália,
atacante que não é veloz, chegar antes de Felipe e tocar para
as redes corintianas.
A falha e a desvantagem no
placar, entretanto, não sensibilizaram Carpegiani, que manteve em campo seu trio de zagueiros. Mas o laboratório foi
desmontado no intervalo.
Saíram Carlos Alberto e Wellington. Entraram Pedro, lateral-direito de origem, e Rosinei,
que foi para o meio-campo.
Marcelo Oliveira passou para a
lateral-esquerda, posição em
que surgiu no time profissional.
A verdade é que o time não melhorou em nada.
O centroavante Finazzi, por
exemplo, ficou mais da metade
do segundo tempo sem tocar na
bola. Foi então que Carpegiani
tentou sua última cartada. Pôs
Bruno Bonfim, mas não tirou
um zagueiro. Sacou Dinelson, e
os gritos de "burro" ecoaram no
Pacaembu para o técnico.
A última experiência aliviou
a vida de Carpegiani. Um cruzamento de Everton Santos pela
direita para a área encontrou
Bonfim, que se antecipou ao
goleiro Fernando Henrique para empatar, aos 35min.
As vaias da torcida logo se
transformaram em apoio, mas
a capacidade de superação do
time parou no gol de empate.
"O empate não foi um mau
resultado pelas circunstâncias", disse o atacante Everton
ao final da partida.
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