São Paulo, quarta-feira, 08 de julho de 2009

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Por Copa-14, Cuiabá usa até imposto

Outdoor na capital mato-grossense relaciona fim da evasão fiscal à construção do novo estádio, o Verdão, para o Mundial

Governo do Estado já se comprometeu a bancar nova arena, mas nega que dinheiro de taxas vá ser utilizado com esse objetivo

RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

Uma campanha publicitária lançada pela Secretaria da Fazenda de Mato Grosso relaciona o pagamento de impostos à construção do novo estádio de Cuiabá para a Copa de 2014.
Colocado na avenida mais movimentada da capital mato-grossense, um grande outdoor traz imagens do projeto do novo Verdão. No painel, uma mensagem avisa: "Sem evasão fiscal, se faz a Copa para você".
Em entrevista à Folha, o secretário de Estado da Fazenda, Eder Moraes, negou que a publicidade do governo faça conexão entre o pagamento de impostos e a construção do estádio. "Ali fazemos alusão à Copa do Mundo. Poderia ter utilizado imagens do Maracanã, por exemplo. O objetivo era ilustrar a chegada do evento."
Segundo Moraes, a alimentação do fundo não será feita com recursos dos impostos. Segundo ele, a possibilidade de participação da iniciativa privada no estádio não está descartada.
"Há cinco grandes conglomerados interessados em participar dos investimentos. Se alguma das parcerias for concretizada, o montante de gastos públicos será bem menor."
Mas o governo de Mato Grosso diz já ter reservado R$ 100 milhões em um fundo específico para a obra do estádio de 42 mil lugares, orçado em R$ 450 milhões. Ou seja, faltariam mais de três quartos da verba total para a reforma.
Após o anúncio, em maio, de Cuiabá como uma das 12 cidades da Copa, o governador Blairo Maggi (PR) falou que o principal compromisso do governo estadual era construir o estádio "com recursos próprios".
"Longe de se tornar um elefante branco, a ideia é ter um estádio de múltiplo uso. Um complexo como todo ao redor do estádio. Pretendemos ter centro de eventos e shopping", disse ele, à ocasião.
No momento, Mato Grosso não tem equipes nas séries A e B do Campeonato Brasileiro.
A CBF recomenda que não haja dinheiro público na construção ou na reforma de campos de futebol para 2014. Antes da escolha do país para o evento, o presidente Ricardo Teixeira disse que o "único trabalho" dos governos seria "oferecer transporte público de qualidade, saúde e outras coisas".
Procurada pela Folha, a CBF, por meio de sua assessoria, disse que o comitê organizador não possui poder legal para impor veto ao gasto público. Informou também que os projetos pertencem às cidades, e que cada uma vai utilizar o mecanismo que preferir.
Mas disse que desencoraja o gasto de verba pública, pois alega que, no Brasil, estádio de futebol dá lucro. O governo federal afirma que não vai investir em arenas para o Mundial.


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