São Paulo, quarta-feira, 08 de julho de 2009

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TOSTÃO

Quem manda é o mercado


Quanto mais crescem a globalização, a comunicação e o desejo de ser cidadão do mundo, mais cresce o bairrismo


CRUZEIRO e Estudiantes fazem hoje o primeiro jogo decisivo. A Taça Libertadores da América é o título mais importante e mais desejado pelos clubes brasileiros e argentinos.
Mesmo assim, a CBF, para atender aos interesses da Globo, adiou o jogo entre Corinthians e Fluminense para o mesmo dia e horário da partida da Libertadores. Para a Globo, o jogo pelo Brasileiro dá mais audiência no Rio e em São Paulo.
Estou curioso para saber qual das duas partidas será transmitida para outros Estados, fora Minas, Rio e São Paulo. Com certeza, será a que a Globo acha que vai dar mais audiência. Quem manda é o mercado.
Será que o torcedor paulista e carioca, que não torce para Corinthians e Fluminense, prefere ver a partida do adversário a Cruzeiro x Estudiantes?
Se outras TVs abertas tivessem o mesmo poder da Globo, fariam o mesmo. São empresas particulares que visam primeiro o lucro. O esporte é, cada dia mais, um espetáculo comercial. Infelizmente, é a realidade, em todo o mundo.
A disputa pela audiência é tão intensa que a Globo nem cita a realização de um importante jogo, se ela não for transmiti-lo. Outras emissoras seguem o mesmo caminho.
Como a partida entre Cruzeiro e Estudiantes será transmitida para Minas, a maioria dos mineiros não está nem aí para saber qual jogo vai passar no Rio e em São Paulo.
Outros estão indignados, não só por isso. A indignação é também com os programas esportivos nacionais, de todas as emissoras, que falam pouco do jogo do Cruzeiro contra o Estudiantes, mesmo sendo uma decisão de Libertadores.
O bairrismo está presente em todos os Estados. Desde que não existam exageros, o bairrismo é compreensível e uma maneira de estimular e preservar a vida e a cultura local. No interior da França, é difícil encontrar um bom e médio restaurante que tenha vinhos e queijos de outras regiões do país.
Quanto mais crescem a globalização, a comunicação entre as pessoas e o desejo de romper as fronteiras físicas e afetivas e de ser cidadão do mundo, paradoxalmente, aumenta o sentimento de pertencer a uma nação, a um Estado, a uma cidade, a um bairro e a uma família. O encontro é sempre um reencontro com algo que vivemos e/ou imaginamos.
Muitas vezes, o bairrismo é tão estimulado pela imprensa local que se transforma em uma paranoia coletiva. As pessoas passam a achar que existem planos diabólicos para prejudicar seu time e seu Estado.
Vivemos a época do espetáculo e da audiência. Poucos querem saber de análises e de reflexões. Existe uma epidemia de idiotice. Os fatos se tornam importantes de acordo com a audiência. As pessoas passam a ser analisadas por seu comportamento pessoal, não pelo seu trabalho. Alguns jornalistas não querem apenas dar e analisar a notícia. Querem ser a notícia. É o show da audiência.

Absurdo
Ronaldo disse no programa "Bem, Amigos", do Sportv, que o presidente Lula tem ajudado bastante o Corinthians por meio de contatos com empreiteiros para a construção do centro de treinamentos do clube. Absurdo um presidente fazer isso! Parei!


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