São Paulo, quinta-feira, 08 de julho de 2010

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Andarilhos

MARTÍN FERNANDEZ
PAULO COBOS
ENVIADOS ESPECIAIS À CIDADE DO CABO

O prazo de validade dos holandeses nos clubes é menor que o de atletas de outros grandes países europeus.
Isso fica evidente no currículo dos 23 jogadores convocados pelo treinador Bert van Marwijk que decidem no domingo, em Johannesburgo, a Copa do Mundo da África do Sul, na terceira final de Mundial da equipe laranja.
Segundo dados da Fifa, os jogadores holandeses na Copa acumulam, juntos, 77 clubes diferentes na carreira (nesse cálculo entram eventuais voltas aos times em que eles iniciaram a carreira profissional), ou mais de três agremiações por convocado.
Esses números ficam bem acima da realidade das outras duas seleções europeias que chegaram às semifinais.
Os alemães passaram por 51 times, e os espanhóis, por 54. Em ambos os casos, a movimentação dos atletas dessas duas seleções ficou concentrada dentro dos próprios países, diferentemente dos holandeses do Mundial.
Sneijder e Robben, hoje os dois principais jogadores do primeiro finalista da Copa do Mundo, são ainda jovens (ambos têm 26 anos).
Mas eles se mostraram incapazes até agora de virar ídolos incontestáveis nos clubes que defenderam (quase todos gigantes do futebol europeu), justamente por nunca terem fincado raízes.
Sneijder, depois de deixar o Ajax, passou duas temporadas no Real Madrid. No ano passado, transferiu-se para a Internazionale, pela qual ganhou o Campeonato Italiano e a Copa dos Campeões na temporada 2009/2010.
E agora pode mudar de ares de novo. O inglês Manchester United está disposto a pagar o equivalente a R$ 70 milhões pelo meia, e o clube azul e preto de Milão parece disposto a fazer negócio.
Pesa contra o camisa 10 o temperamento forte.
No caso de Robben, a fragilidade do corpo faz com que os clubes que ele defende não tenham paciência com o atacante holandês.
Depois de revelado pelo pequeno Groningen, Robben tem no currículo passagens por quatro grandes europeus -PSV, Chelsea, Real Madrid e Bayern de Munique, seu atual clube. Em nenhuma dessas equipes ele ficou mais do que três anos, caso do inglês Chelsea, onde passou muito tempo machucado.

RAÍZES FORTES
Astros alemães e espanhóis têm raízes muito mais fortes nos clubes. Casillas fez sua carreira toda no Real Madrid, assim como Puyol, Xavi e Iniesta no Barcelona.
O meia Schweinsteiger chegou ao Bayern de Munique ainda garoto, com 14 anos. Está no clube até hoje, perto de completar 26.
Até quem é "estrangeiro" na seleção alemã cria raízes com um clube local. O brasileiro Cacau, um dos reservas do ataque germânico no Mundial, já está há sete anos defendendo o Stuttgart.


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