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Casa Brasil
Governo federal gasta R$ 15 milhões com shows e usa pelo menos 60 servidores na África para fazer propaganda do país
FELIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA
O governo federal gastou
cerca de R$ 15,5 milhões com
shows de axé e ações promocionais, além de hotel e passagem, para pelo menos 60
servidores irem à África do
Sul com o pretexto de promover o Brasil durante a Copa.
O principal evento promovido pelo governo brasileiro
acontece hoje, quando o presidente Lula e um batalhão
de assessores desembarcam
na África do Sul para assistir
à cerimônia de lançamento
do logo da Copa-2014.
Além de Lula, os ministros
das Relações Institucionais,
do Turismo e do Esporte também foram à Copa representar o Brasil. Na média, o governo brasileiro gastou R$
520 mil para cada dia da Copa, ou R$ 21 mil por hora.
O maior gasto foi com o
projeto Casa Brasil, centro
nervoso do governo federal
na África do Sul, que custou
R$ 10 milhões, divididos
igualmente entre quatro ministérios: Esporte; Desenvolvimento, Indústria e Comércio; Ciência e Tecnologia; e
Turismo. De acordo com o
Ministério do Esporte, o dinheiro foi gasto na estrutura
e manutenção do espaço.
No local, 37 servidores trabalharam durante a Copa
-foram enviados à África do
Sul para falar de turismo,
ciência e cultura brasileira.
Localizada em um dos
centros de convenções mais
luxuosos de Johannesburgo,
a Brazil Sensational Experience foi aberta no dia 15 de
junho e só fechará as portas
no final de semana.
A casa tem 3.000 m2 e conta com bares e exposições de
artistas nacionais e de tecnologia nacional. As 12 cidades
que terão jogos em 2014 estão
representadas no espaço. A
casa ficou fechada ontem para preparar o evento de hoje.
O envio dos 60 servidores
para todos os eventos promovidos pelo governo custou R$
627 mil em passagens, e o governo estima gastar R$ 265
mil em diárias. Na média, cada servidor permanecerá na
África do Sul por 18 dias.
O governo gastou ainda
outros R$ 99 mil com distribuição de 5.000 bolas, bonés
e bandeiras, produzidos por
presidiários brasileiros.
Além da Casa Brasil, foram
enviados 16 policiais federais
e membros do Ministério da
Justiça para observarem o esquema de segurança da Copa. Parte das despesas foi
bancada pela África do Sul.
Em todos os casos, o governo brasileiro nega que o
dinheiro público tenha sido
usado para proporcionar que
servidores da cúpula dos ministérios assistissem a jogos
da Copa. A exceção é a Caixa
Econômica Federal.
A estatal gastou R$ 125 mil
para que cinco funcionários
seguissem grupo de premiados pelo banco e vissem pelo
menos dois jogos do Brasil.
Depois da Casa Brasil, o
principal gasto do governo
foi com shows de axé. Foram
usados R$ 4 milhões para
que Olodum, Samba Nagô e a
bateria da Portela fossem à
África representar a cultura
do país. O projeto ainda teve
palestras e oficinas de artes
com temática carnavalesca,
capoeira, percussão e dança.
Para garantir que tudo
funcionasse bem, o Ministério da Cultura enviou três servidores para a África.
Colaboraram EDUARDO ARRUDA e SÉRGIO
RANGEL, enviados a Johannesburgo
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