São Paulo, quinta-feira, 08 de julho de 2010

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Casa Brasil

Governo federal gasta R$ 15 milhões com shows e usa pelo menos 60 servidores na África para fazer propaganda do país

FELIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA

O governo federal gastou cerca de R$ 15,5 milhões com shows de axé e ações promocionais, além de hotel e passagem, para pelo menos 60 servidores irem à África do Sul com o pretexto de promover o Brasil durante a Copa.
O principal evento promovido pelo governo brasileiro acontece hoje, quando o presidente Lula e um batalhão de assessores desembarcam na África do Sul para assistir à cerimônia de lançamento do logo da Copa-2014.
Além de Lula, os ministros das Relações Institucionais, do Turismo e do Esporte também foram à Copa representar o Brasil. Na média, o governo brasileiro gastou R$ 520 mil para cada dia da Copa, ou R$ 21 mil por hora.
O maior gasto foi com o projeto Casa Brasil, centro nervoso do governo federal na África do Sul, que custou R$ 10 milhões, divididos igualmente entre quatro ministérios: Esporte; Desenvolvimento, Indústria e Comércio; Ciência e Tecnologia; e Turismo. De acordo com o Ministério do Esporte, o dinheiro foi gasto na estrutura e manutenção do espaço.
No local, 37 servidores trabalharam durante a Copa -foram enviados à África do Sul para falar de turismo, ciência e cultura brasileira.
Localizada em um dos centros de convenções mais luxuosos de Johannesburgo, a Brazil Sensational Experience foi aberta no dia 15 de junho e só fechará as portas no final de semana.
A casa tem 3.000 m2 e conta com bares e exposições de artistas nacionais e de tecnologia nacional. As 12 cidades que terão jogos em 2014 estão representadas no espaço. A casa ficou fechada ontem para preparar o evento de hoje.
O envio dos 60 servidores para todos os eventos promovidos pelo governo custou R$ 627 mil em passagens, e o governo estima gastar R$ 265 mil em diárias. Na média, cada servidor permanecerá na África do Sul por 18 dias.
O governo gastou ainda outros R$ 99 mil com distribuição de 5.000 bolas, bonés e bandeiras, produzidos por presidiários brasileiros.
Além da Casa Brasil, foram enviados 16 policiais federais e membros do Ministério da Justiça para observarem o esquema de segurança da Copa. Parte das despesas foi bancada pela África do Sul.
Em todos os casos, o governo brasileiro nega que o dinheiro público tenha sido usado para proporcionar que servidores da cúpula dos ministérios assistissem a jogos da Copa. A exceção é a Caixa Econômica Federal.
A estatal gastou R$ 125 mil para que cinco funcionários seguissem grupo de premiados pelo banco e vissem pelo menos dois jogos do Brasil.
Depois da Casa Brasil, o principal gasto do governo foi com shows de axé. Foram usados R$ 4 milhões para que Olodum, Samba Nagô e a bateria da Portela fossem à África representar a cultura do país. O projeto ainda teve palestras e oficinas de artes com temática carnavalesca, capoeira, percussão e dança.
Para garantir que tudo funcionasse bem, o Ministério da Cultura enviou três servidores para a África.


Colaboraram EDUARDO ARRUDA e SÉRGIO RANGEL, enviados a Johannesburgo


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