São Paulo, sábado, 08 de agosto de 2009

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Governo intervém, e CBF aceita estudar calendário

Lula e Ricardo Teixeira discutem a adaptação do futebol brasileiro ao europeu

Ao fazer planos conjuntos com cartola para o esporte, presidente não menciona uso de dinheiro público em estádios da Copa-2014

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo federal interveio no futebol brasileiro, e a CBF, pela primeira vez, aceitou sua atuação. Como consequência, haverá um estudo para alterar o calendário nacional, adaptando-o ao europeu. E analisa-se a possibilidade de reestruturação financeira dos clubes.
Foram esses os temas discutidos pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva com o da CBF, Ricardo Teixeira, em reunião em Brasília marcada pelo governo para tentar frear o êxodo de atletas do país.
A partir daí, a confederação e o Ministério do Esporte farão diagnóstico sobre o futebol nacional. É inédito que a entidade aceite participação da União na discussão do calendário. Sempre rejeitou essa ação baseada no estatuto da Fifa, que prevê a não intervenção de governos.
Segundo a CBF, a mudança de atitude deve-se à parceria da entidade com o governo Lula.
Parceiro, o presidente não mencionou na reunião a afirmação de Teixeira de que haverá dinheiro público na reforma de estádios da Copa-2014, em mudança de discurso. Estados vão botar dinheiro, e é possível uma linha de financiamento do BNDES para as obras. O Mundial só foi discutido em rápido diálogo entre o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., e Lula.
O tema central foi a frequente saída dos jogadores brasileiros para o exterior. Foram identificados fatores para ocasionar isso: o calendário, a atuação de empresários e a fragilidade financeira dos clubes.
Com o calendário atual, os atletas saem do país, principalmente, no meio do Brasileiro, quando a Europa contrata.
A CBF ficou de estudar a adaptação ao calendário europeu, mas não se comprometeu a uma mudança. Irá diagnosticar se é necessária uma alteração após o estudo, que deve ficar pronto em um período de 30 a 60 dias. Se houver a mudança, a temporada brasileira deve começar em agosto e terminar em maio ou junho.
"É possível [mudar o calendário], mas é preciso discussão porque isso envolve patrocinadores, vários clubes com interesses diferentes. Não tem uma proposta concreta e fechada", afirmou Silva Jr., que participou da reunião com Lula.
Há uma resistência clara: a TV Globo, dona dos direitos do Brasileiro e de todos os campeonatos importantes do país. Seus executivos sempre se manifestaram contra a mudança por representar prejuízos financeiros para a emissora.
Questionada pela Folha, a Globo informou que "irá analisar as várias propostas sobre modificações no calendário".
Há um contrato em vigor entre o Clube dos 13 e a Globo para o Brasileiro até 2011, com previsão da temporada se iniciando em janeiro. Ao ser questionado se a mudança poderia valer em 2011, o ministro admitiu que já há contratos assinados e que, portanto, a alteração exigirá período de transição.
O C13 informou que terá de ouvir seus filiados para determinar uma posição. Boa parte deles é a favor da mudança.
Outra intervenção do governo foi em relação à realização da Copa América no Brasil em 2015, como está marcado pela Conmebol. Atendendo a um pedido da presidente chilena, Michelle Bachelet, Lula reivindicou que Teixeira cedesse a competição ao Chile e que o Brasil fosse a sede em 2019.
"A CBF aceitou e vai agora conversar com organismos internacionais que cuidam desse assunto e com a Conmebol. É uma forma de o presidente [Lula] atender a um pedido de um país vizinho", afirmou Silva Jr. Ou seja, a mudança ainda depende de outros organismos. A CBF não se pronunciou.


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