São Paulo, sábado, 08 de agosto de 2009

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União quer pacto para sanear clubes, que pedem mais dinheiro em troca

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL BRASÍLIA

Em reunião com a CBF, o governo federal manifestou sua intenção de criar um pacto de responsabilidade de gestão para sanear os clubes. O objetivo é que as agremiações gastem de acordo com suas limitações financeiras, sem salários milionários em times endividados. A confederação apoiou a ideia.
Mas essa proposta só seria possível por meio de um acordo, pois, a não ser que seja mudada a natureza jurídica das agremiações, a União não tem como influenciar nas mesmas.
Em contrapartida, cartolas dos principais times pedem dinheiro do governo federal para poderem saldar suas dívidas. Isso ocorreria por meio de empréstimos ou financiamentos de bancos públicos.
Um plano para a reestruturação dos clubes será estudado pela CBF e pelo Ministério do Esporte. A FGV (Fundação Getulio Vargas) deve levantar a situação financeira dos clubes.
Segundo o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., a má gestão dos clubes, que atrasam salários dos atletas por estarem endividados, contribui para o êxodo de jogadores do país.
"Os clubes têm dívidas porque as receitas do futebol brasileiro estão aquém do que deveriam ser, por vários fatores", disse ele. Mas, nos últimos anos, as rendas dos clubes têm crescido e as dívidas, também.
"O governo vai dar o quê?", questionou o presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil, sobre a possibilidade de pacto. Ele defende injeção de dinheiro do governo para sanear as dívidas. E oferece fiscalização sobre os cartolas por tribunal.
"Poderia ter uma renegociação de todas as dívidas, inclusive as privadas. O BNDES e a Caixa poderiam fazer um financiamento, e pagaríamos tudo", completou o presidente do Flamengo, Delair Dumbrosck.
Ele propõe que, por um acordo, os clubes separem 20% de suas receitas para pagar o empréstimo dos bancos, que serviriam para quitar todas suas dívidas. O débito do Flamengo chega a R$ 400 milhões.
"Para conseguir um pacto desses, você tem de conceder vantagens e fazer algumas exigências. Se deixar isso solto, vai ser difícil. É algo que exige cenoura e porrete", reforçou o presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzo, que está em comissão do Clube dos 13 para discutir as finanças dos clubes.
O governo federal já criou uma loteria, a Timemania, para refinanciamento da dívida fiscal dos clubes com condições favoráveis. Mas não exigiu contrapartida para dar maior responsabilidade na gestão deles.
A oposição queria transformar os times em empresas com esse objetivo, mas a medida foi barrada pela base de Lula.



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