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Desgaste
Pelo quarto ano consecutivo, São Paulo retoma o Nacional após planejamento que culmina com o fracasso na Libertadores
LUCAS REIS
RODRIGO MATTOS
DE SÃO PAULO
A fórmula é a mesma.
Contratam-se vários jogadores, principalmente os
destaques na temporada anterior. Mantêm-se altos os
gastos com o futebol profissional. Reformula-se o elenco às pressas, com novos reforços, às vésperas de jogos
importantes. Ignoram-se os
jogadores formados na base.
E o fracasso é o mesmo.
Em 2010, o São Paulo repetiu a mesma rotina dos últimos quatro anos, fruto de
uma obsessão irresistível pela competição continental.
A quinta queda consecutiva na Libertadores, todas
elas perante clubes brasileiros, escancara um círculo
vicioso que parece ser difícil
de ser interrompido.
Hoje, contra o Atlético-PR,
o São Paulo terá um déjà-vu:
tentará se reerguer no Campeonato Brasileiro após uma
dura eliminação de seu campeonato favorito. E o nome
do novo treinador parece estar longe de ser definido.
A obsessão pela Libertadores -e seus fracassos- esgota o São Paulo. É como se o time repetisse de ano.
Em 2009, o gasto com o futebol profissional e o de base
foi de R$ 113,9 milhões, o
maior de toda a sua história.
Mas o grande salto nos
gastos do futebol foi a partir
de 2007, justamente quando
começou a incessante busca
pela Libertadores. Havia perdido a final em 2006, e passou a querer ganhar o tetra
de qualquer maneira.
Por desejar tanto vencer a
Libertadores, o São Paulo
mudou sua atitude. Sempre
contrata atletas no início do
ano, dando pouquíssimo
tempo de preparação para
estrear na competição.
Das 13 contratações que
fez neste ano, poucas vingaram. Léo Lima, Cicinho e André Luís já se foram, e Marcelinho Paraíba deve ser o próximo. Cléber Santana é um
dos mais criticados pela torcida. Fernandinho alterna
bons e maus momentos, assim como Rodrigo Souto.
Os dois reforços mais elogiados, Fernandão e Ricardo
Oliveira, chegaram apenas
na reta final da Libertadores.
Apesar do aumento do investimento na base, o São
Paulo não aproveita os garotos, que têm um centro de
treinamento em Cotia. Hernanes, que se despediu ontem e vai para a Itália, foi a última grande joia lapidada.
"Futebol não se faz de um
dia para o outro. O time campeão de 2005 foi montado em
2004. Não podemos ter pressa na avaliação dos jogadores", disse Milton Cruz, interino hoje no banco do time.
O fato é que é difícil ver no
clube um planejamento de
um ano a outro. Contratam
para a Libertadores. Se não
deu certo, dispensam. Passado o Brasileiro, contratam
novamente no início do ano.
A sina já dura quatro anos.
Todo o processo é repetido, e a sonhada Libertadores
não vem. E, mesmo quando
vence o Nacional, como foi
de 2006 a 2008, fica aquela
pontinha de frustração.
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