São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2010

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Desgaste

Pelo quarto ano consecutivo, São Paulo retoma o Nacional após planejamento que culmina com o fracasso na Libertadores

LUCAS REIS
RODRIGO MATTOS
DE SÃO PAULO

A fórmula é a mesma.
Contratam-se vários jogadores, principalmente os destaques na temporada anterior. Mantêm-se altos os gastos com o futebol profissional. Reformula-se o elenco às pressas, com novos reforços, às vésperas de jogos importantes. Ignoram-se os jogadores formados na base.
E o fracasso é o mesmo.
Em 2010, o São Paulo repetiu a mesma rotina dos últimos quatro anos, fruto de uma obsessão irresistível pela competição continental.
A quinta queda consecutiva na Libertadores, todas elas perante clubes brasileiros, escancara um círculo vicioso que parece ser difícil de ser interrompido.
Hoje, contra o Atlético-PR, o São Paulo terá um déjà-vu: tentará se reerguer no Campeonato Brasileiro após uma dura eliminação de seu campeonato favorito. E o nome do novo treinador parece estar longe de ser definido.
A obsessão pela Libertadores -e seus fracassos- esgota o São Paulo. É como se o time repetisse de ano.
Em 2009, o gasto com o futebol profissional e o de base foi de R$ 113,9 milhões, o maior de toda a sua história.
Mas o grande salto nos gastos do futebol foi a partir de 2007, justamente quando começou a incessante busca pela Libertadores. Havia perdido a final em 2006, e passou a querer ganhar o tetra de qualquer maneira.
Por desejar tanto vencer a Libertadores, o São Paulo mudou sua atitude. Sempre contrata atletas no início do ano, dando pouquíssimo tempo de preparação para estrear na competição.
Das 13 contratações que fez neste ano, poucas vingaram. Léo Lima, Cicinho e André Luís já se foram, e Marcelinho Paraíba deve ser o próximo. Cléber Santana é um dos mais criticados pela torcida. Fernandinho alterna bons e maus momentos, assim como Rodrigo Souto.
Os dois reforços mais elogiados, Fernandão e Ricardo Oliveira, chegaram apenas na reta final da Libertadores.
Apesar do aumento do investimento na base, o São Paulo não aproveita os garotos, que têm um centro de treinamento em Cotia. Hernanes, que se despediu ontem e vai para a Itália, foi a última grande joia lapidada.
"Futebol não se faz de um dia para o outro. O time campeão de 2005 foi montado em 2004. Não podemos ter pressa na avaliação dos jogadores", disse Milton Cruz, interino hoje no banco do time.
O fato é que é difícil ver no clube um planejamento de um ano a outro. Contratam para a Libertadores. Se não deu certo, dispensam. Passado o Brasileiro, contratam novamente no início do ano.
A sina já dura quatro anos.
Todo o processo é repetido, e a sonhada Libertadores não vem. E, mesmo quando vence o Nacional, como foi de 2006 a 2008, fica aquela pontinha de frustração.


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