São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2010

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PAULO VINICIUS COELHO

A pergunta certa


O plano do Santos é manter seus jogadores no clube. Só resta saber como conseguirá isso


O SANTOS já recusou oferta do Lyon por Paulo Henrique Ganso e do Chelsea por Neymar. Vendeu André, segundo sua diretoria, apenas porque o dinheiro mexeu com a cabeça do garoto de 19 anos, a menos promissora das três joias do primeiro semestre.
O mais incrível é que os jogadores não parecem chateados com as negociações frustradas. "É possível continuar no Brasil por um bom tempo, sim", disse Neymar, logo após ganhar a Copa do Brasil.
Esse é o plano do Santos. A questão agora é como viabilizá-lo.
Parece um sonho e talvez seja mesmo, levando em conta que Wesley tem proposta do Werder Bremen e Robinho dificilmente voltará. Mas num tempo em que os clubes brasileiros dividem-se entre os frustrados por não conseguir vender -o investimento europeu diminuiu- e os que entregam porcentagens de contratos para atletas ou investidores, o Santos sonha manter o melhor time do Brasil por conta própria. Ou quase.
O plano anunciado em junho com o sugestivo nome de "Terceira Estrela" prevê disparar gatilhos salariais a cada meta atingida pelos jogadores. O dinheiro vem dos empresários santistas que apoiaram a candidatura de Luis Alvaro à presidência, no ano passado. Durante a campanha, o atual presidente prometia criar um fundo de investimento que não tivesse por objetivo vender craques, mas mantê-los na Vila Belmiro, explorando suas imagens em ações publicitárias.
As palavras-chaves para seduzir os jogadores são "plano de carreira" e "gatilho salarial". A cada meta cumprida, o gatilho dispara. Se Ganso for campeão brasileiro, sua remuneração aumenta. Se Neymar ganhar a Libertadores, sua grana sobe também. E o salário também cresce se disputarem a Olimpíada em 2012, se estiverem na Copa de 2014 como jogadores do Santos -bem, nesse caso, o plano já terá dado certo.
Cada meta alcançada significa mais capacidade de atrair patrocinadores. A pergunta é até que porcentagem da remuneração europeia se pode atingir: "Idealmente, podemos chegar a 200%", é a utopia de Luis Alvaro.
Não, não vai ser fácil manter o melhor time do Brasil junto. A boa notícia é que o Santos é o primeiro clube que não faz a pergunta clássica, repetida há décadas no futebol brasileiro: "Qual o valor correto para vender?".
A pergunta certa é a que o Santos está fazendo agora: "Como fazer dinheiro suficiente para poder pagar o preço justo para que eles fiquem?".

pvc@uol.com.br


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