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São Paulo, segunda-feira, 08 de setembro de 2003

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FUTEBOL

Estréia animadora

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Gostei da estréia do Brasil nas eliminatórias. O time foi muito superior à Colômbia durante todo o tempo, e só sofreu gol por causa de uma bobeira da zaga (houve outras, é verdade).
A tática brasileira, no primeiro tempo, sob forte calor, estava correta: tocar a bola à espera do momento certo para dar o bote.
No lance do primeiro gol, por exemplo, houve uma triangulação perfeita entre Roberto Carlos, Zé Roberto e Ronaldo. Em poucos e rápidos toques, o Brasil desnorteou a defesa rival, deixando Ronaldo livre para "escolher o canto". Foi uma espécie de justiça poética: o primeiro gol brasileiro nas eliminatórias para a Copa da Alemanha foi marcado pelo artilheiro da Copa anterior.
No segundo tempo, o jogo ficou mais aberto e corrido, e o meio-campo perdeu importância relativa. Talvez por isso a substituição de Alex pelo mais agudo Kaká tenha funcionado bem.
Foi bonito também ver campeões consagrados, como Ronaldo, Cafu e Roberto Carlos, jogando com vontade e prazer. Gostei demais também de Zé Roberto e de Alex, que deram leveza e qualidade ao jogo do meio-campo. E Kaká mostrou mais uma vez que tem estrela: seu primeiro toque na bola foi para fazer um golaço.
 
Se as longas eliminatórias da Copa 2006 estão apenas começando, o Brasileirão-2003 já cumpriu quase dois terços de seu percurso. Um balanço provisório já é possível, mas talvez a única conclusão que não seja precipitada é a de que o torneio foi praticamente cindido em duas partes pelas vendas de jogadores ao exterior.
Alguns times, como o Grêmio, o Flamengo, o Vasco e o Corinthians, se desfiguraram inteiramente -e sofrem as consequências disso na tabela de classificação. Outros, como o Cruzeiro e o Santos, conseguiram evitar turbulências maiores e, mesmo sofrendo algumas modificações, mantiveram o bom nível.
Nesse contexto, o São Paulo é um caso à parte.
Atravessou as crises mais agudas antes dos outros clubes, no início do campeonato, e teve tempo de se reerguer em novas bases.
O tricolor de hoje tem um perfil bem diferente do que iniciou o campeonato. É menos brilhante, mas mais eficiente.
Depois de praticamente uma década sem títulos de grande expressão, talvez esse pragmatismo seja indispensável para acalmar sua exigente torcida.
Tão acirrada quanto a luta pelo título -que, ao que tudo indica, deve ficar entre Cruzeiro, Santos, São Paulo e Coritiba- deverá ser a disputa por uma vaga na Libertadores. Nesse páreo mais amplo, ainda estão, além dos citados, o Internacional, o Criciúma, o São Caetano, o Atlético-MG e, com um pouco de boa vontade, o Flamengo e o Corinthians.
Outro fator que deve manter aceso o interesse pela competição até o final é o salve-se quem puder das últimas colocações, sobretudo pelo fato de um ex-campeão brasileiro e mundial, o Grêmio, estar na lanterna.

Líder com mérito
O Palmeiras mostrou em Marília, no sábado, que não é líder do Brasileiro da Série B por acaso. No campo do adversário, saiu em desvantagem no placar e teve um jogador expulso ainda no primeiro tempo, mas soube reagir com garra e competência. Uma virada como essa seria impensável alguns meses atrás, quando um gol adversário provocava pânico e confusão nas hostes alviverdes.

Humor negro
O vice-presidente de futebol do Corinthians, Antonio Roque Citadini, garante: ninguém mais irá deixar o Parque São Jorge. Não é para menos. Além de ter acabado a temporada européia de contratações, já foi raspado o fundo do tacho alvinegro. Não sobrou o que vender para o exterior.


E-mail jgcouto@uol.com.br


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