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TÊNIS
Catarinenses aliados de Kuerten querem entrar na Justiça para pedir intervenção na confederação e afastar presidente
"Família Guga" articula para assumir CBT
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADO ESPECIAL A FLORIANÓPOLIS
A ""família Gustavo Kuerten"
quer assumir as rédeas do tênis
brasileiro. Descontentes com a
atuação de Nelson Nastás como
presidente da Confederação Brasileira de Tênis, aliados do tenista
irão entrar na Justiça para pedir
intervenção na entidade.
A ação será encabeçada por Jorge Lacerda da Rosa, presidente da
Federação Catarinense de Tênis e
adversário político de Nastás.
Ex-sócio de Alice Kuerten, a
mãe de Guga, em um posto de gasolina, Rosa trabalha com a família do tenista no Instituto do Tênis, associação criada para ajudar
novos tenistas catarinenses.
Vice-presidente do centro que é
dirigido por Rafael Kuerten, irmão e empresário de Guga, ele
acusa a CBT de uma série de irregularidades.
""Primeiro, até hoje [Nastás] não
registrou a ata [da eleição]. Segundo, desrespeitou a Lei Pelé ao
antecipar em dois anos as eleições
[de 2000 para 1998] e tornou o colégio eleitoral irregular. Eu, por
exemplo, teria votado se [a eleição] fosse em 2000 [assumiu a federação catarinense em 1999],
mas em 1998 ainda não tinha sido
eleito", protestou Rosa.
""Além do mais, a convocação
para a assembléia teria que ter sido veiculada três vezes por meio
de edital publicado na imprensa,
o que não ocorreu", continuou o
dirigente, que estará hoje em São
Paulo para entrar com a ação.
Segundo a Folha apurou, a estratégia do dirigente é conseguir o
afastamento de Nastás, uma intervenção por 90 dias na CBT e a
convocação de eleição para escolher um novo presidente -neste
caso Nastás, no cargo desde 1995,
não poderia concorrer.
Rosa e aliados de Guga, então,
lançariam uma chapa para tentar
assumir a confederação.
Caso não consigam afastar o dirigente por via judicial, os catarinenses terão de enfrentá-lo nas
eleições do ano que vem, cuja data
ainda não foi marcada. Calculam,
no entanto, que não teriam muitas chances, já que Nastás tem o
apoio da maioria das federações.
Um dos nomes que comporiam
o grupo seria o de Carlos Alves,
primeiro técnico de Kuerten. ""A
CBT não aproveitou o sucesso do
Guga, perdeu a grande chance para desenvolver o tênis brasileiro",
reclamou o treinador, que é pai de
Fernanda Alves, tenista que receberá auxílio da Hantei, construtora de Rafael Kuerten, para jogar.
Outro nome que faria parte da
chapa seria o de Perseu Lehmkuhl, coordenador de esportes do
Instituto Guga Kuerten.
Amigo de infância do tenista,
Lehmkuhl é responsável por três
projetos sociais que envolvem tênis, futebol e vôlei e atingem quase mil crianças em Santa Catarina.
O principal deles, o ""Ilha Criança", tocado em conjunto com a federação catarinense, é desenvolvido com 480 crianças carentes.
Na mesma linha de Carlos Alves, Lehmkuhl afirmou que a CBT
não tem feito seu papel e que, por
inércia, acaba prejudicando o
próprio Guga. ""Hoje a pressão sobre ele é ainda maior, porque ele
não tem sucessores. Se ganha, o
tênis vai bem, se perde, vai mal. Se
a CBT tivesse feito a parte dela e
aproveitado o fenômeno Guga, a
história seria diferente."
""Hoje quem apóia jovens tenistas? É o Instituto do Tênis, nós [do
Guga Kuerten], o próprio Guga...
Ele, por exemplo, acreditou no
Bruno Rosa [juvenil catarinense]
e decidiu ajudá-lo por conta própria. Mas as dificuldades que [Guga] teve para começar os tenistas
[juvenis] têm hoje do mesmo jeito. Não se trabalhou a base."
E justamente o trabalho de base
-investimento em novos talentos- deverá ser a principal bandeira dos catarinenses na disputa
pela CBT.
Eles dizem ser contrários ao fato
de a atual administração ter aplicado 96% dos mais de R$ 600 mil
recebidos em 2002 da Lei Piva
apenas em competições e na manutenção da entidade, e não em
formação de técnicos ou mesmo
em preparação de atletas.
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