São Paulo, segunda-feira, 08 de setembro de 2008

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Vitória no Chile alivia "incômodo" por partida no RJ

Dunga e sua comissão técnica preferiam jogar em cidade onde os torcedores pressionam e exigem menos da seleção

Jogo contra a Bolívia, no Engenhão, será a 3ª exibição do time em estádio carioca em 12 meses, mesmo número dos últimos 13 anos

DO ENVIADO A SANTIAGO

A vitória sobre o Chile por 3 a 0, ontem à noite, em Santiago, amenizou uma das principais preocupações do técnico Dunga e de sua comissão técnica: exibir-se no Rio de Janeiro (como será o caso na quarta-feira, quando a equipe enfrenta a Bolívia, no Engenhão).
Tradicionalmente crítico, o que gera muitas vaias em caso de situação ruim, o público carioca assusta o estafe técnico da seleção brasileira em um momento ruim como o atual (aliviado pelo triunfo de ontem).
Reservadamente, integrantes da comissão técnica dizem que preferiam atuar nesta hora delicada em praças onde a cobrança não é tão grande, como no Norte ou Nordeste.
Em 12 meses, a seleção brasileira vai jogar no Rio de Janeiro as mesmas três vezes que fez nos 13 anos anteriores.
Do torcedor até a comissão técnica da equipe do técnico Dunga, passando pelos políticos locais, a presença do Brasil no Rio está longe de ser só festa.
Desta vez, porém, o desinteresse pela partida contra a Bolívia é inegável, ainda mais se comparado à multidão que lotou o Maracanã, depois de tumultuada e rápida venda de ingressos, no final do ano passado no jogo contra o Equador, também pelas eliminatórias.
Depois de mais de uma semana de bilheterias abertas e com uma carga de apenas 29 mil ingressos à venda, um número considerável de entradas (a CBF não divulga quantas) ainda está disponível, evidenciando a falta de apelo popular do time de Dunga, medalha de bronze nos Jogos de Pequim.
Serão distribuídos 4 mil ingressos de forma gratuita para menores de 12 anos e idosos com mais de 65 anos.
Se o Engenhão, que no ano passado também recebeu, com pouca gente nas arquibancadas, um amistoso da seleção olímpica, não lotar de novo, questionamentos do público e pressão dos torcedores certamente serão atenuadas, para alívio do treinador.
A presença da seleção no Rio virou uma grande disputa política entre Prefeitura e Estado.
Apesar de cedido ao Botafogo, o Engenhão é propriedade da Prefeitura, comanda por César Maia (DEM). Como ele é inimigo político do governador Sérgio Cabral (PMDB), a CBF resolveu marcar, ainda que não de forma oficial, o jogo contra a Colômbia, em outubro, para o Maracanã, que é do Estado.
A decisão, por sinal, incomodou outro governador, o de São Paulo, José Serra (PSDB). A cidade contava com um compromisso que teria sido anunciado pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, de realizar o confronto no Morumbi.
Serão assim três jogos pelas eliminatórias no Rio apenas nas dez rodadas iniciais da atual edição do campeonato. Nos qualificatórios para 2002 e 2006, o Brasil jogou na cidade só duas vezes.
Com tantos jogos na cidade onde fica a sua sede, a CBF perde um de seus principais trunfos para agradar a seus aliados políticos e os mandatários das federações estaduais.
A seleção ainda não jogou fora do Sudeste nestas eliminatórias. O jogo contra o Peru deve acontecer em Porto Alegre, o que faz restarem apenas três partidas para serem distribuídas para o resto do país.
O time nacional tinha previsão de chegar nesta madrugada do Rio, para onde embarcaria logo depois do jogo em Santiago. A equipe vai ficar hospedada em um hotel na Barra da Tijuca. Estão previstos dois treinos no Engenhão, mas a prática desta tarde tende a contar apenas com jogadores reservas ou até mesmo pode ser cancelada, devido ao cansaço da viagem, pela comissão técnica chefiada por Dunga. (PAULO COBOS)


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