São Paulo, segunda-feira, 08 de setembro de 2008

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Prancheta do PVC

PAULO VINICIUS COELHO - paulovinicius.coelho@uol.com.br

Os pontas de Dunga

DAS ANÁLISES bipolares da seleção, uma percorreu toda a semana. Com três volantes, o time é defensivo. Com três na frente, fica exposto. Vamos decidir? A retranca e a superexposição não têm a ver com o número de volantes ou avantes. Mas uma coisa é preciso dizer sobre o sistema usado ontem: Ronaldinho e Robinho jogam pelos lados com a função de armar e marcar. São muito mais meias do que atacantes. O sistema tem cinco no meio, mais do que três na frente. E funcionou. Os 3 a 0 sobre o Chile são o 19º jogo de Dunga com o sistema. Venceu 13 e só perdeu do México.
O mesmo sistema que faz muitos delirarem com a volta dos pontas -que são meias-, quando usado em Real Madrid, Barcelona, Chelsea ou Holanda, é olhado com desconfiança no Brasil. Os dois homens dos lados têm a função de preencher o meio e aproximar-se do atacante solitário para dar profundidade. O tipo de jogada que mais falta ao Brasil, com quatro homens ofensivos ou com três volantes. O estilo tático de Dunga lembra Parreira, a partir do chavão "valorizar a posse de bola". Se a bola está comigo, não está com o rival. Logo, não sofro gol. Assim o time percorre o ataque com passes laterais, que raramente levam à área. Toca, toca... e nada!
Foi assim contra Colômbia, Peru, até mesmo nos 5 a 0 com o Equador, quando o segundo gol só saiu depois de 71min de toca, toca... Problema agravado quando o time é marcado por pressão, como fez o Chile. Nesses dias, fica mais difícil até ter a posse de bola, e isso ficou flagrante no primeiro tempo de Santiago.
O jogo mostrou que, na derrota ou na vitória, é preciso corrigir o maior problema do time nos últimos anos: a falta de profundidade. Desde que goleou a Argentina (4 a 1) na final da Copa das Confederações-05, com Parreira valorizando a bola, mas com Kaká e Ronaldinho acelerando o jogo, o Brasil não se livrou do jogo excessivamente lateral. Mesmo ontem, apesar de quebrar o tabu de não vencer como visitante. Ausente no Chile, o zagueiro Juan arrisca uma explicação, Santiago à parte: "Não sei se é o ambiente, os campos mais duros ou os estádios ruins. Nos acostumamos com palcos da Europa e hoje é mais chato jogar nos estádios da América do Sul".

POSSE ARGENTINA
A Argentina encanta, mas tem o mesmo problema do Brasil, às vezes mais grave: não penetra. Contra o Paraguai, jogou no ritmo de Riquelme, não deu a bola para o adversário jogar nem ameaçou muito o rival em boa parte do confronto. Falta um centroavante, como Batistuta. Falta penetração.

COMO É RUIM!
A notícia do fim de semana, nas eliminatórias sul-americanas, é que a Colômbia não vai chegar. É outro que não entra na área, mas porque erra uma quantidade incrível de passes. Lugano foi o melhor do jogo de anteontem à noite e dá o sinal de que o Uruguai, sim, vai lutar por uma das vagas.

BRASILEIRÃO
A luta pelo título do Campeonato Brasileiro ainda não se encerrou, porque o Grêmio tem viagens incômodas a fazer na seqüência da competição. O time irá ao Beira Rio, onde enfrenta seu arqui-rival, o Inter, ao Mineirão, para pegar o Cruzeiro, e ao Palestra Itália, onde encara o Palmeiras. Além disso, terá um jogo complicado na Arena da Baixada, contra o Atlético-PR, que luta para fugir do rebaixamento. O Cruzeiro leva uma vantagem: pega Palmeiras e Grêmio em casa.


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