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OPINIÃO
Ameaça à arquitetura olímpica e aos brasileiros
FLÁVIO FERREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
A arquitetura pode perder
a oportunidade de bem expressar a cultura brasileira
na Olimpíada de 2016.
O comitê organizador emitiu uma carta-convite para a
elaboração de todos anteprojetos do Parque Olímpico em
dez semanas. As exigências
feitas para realizar a tarefa
são apenas um portfólio resumido, as intenções de projeto e comprovar um capital
de no mínimo R$ 15 mil.
É bem verdade que consta
da carta-convite que o anteprojeto deve "garantir que o
Parque Olímpico seja um monumento genuinamente brasileiro e único" e "mostrar ao
mundo as qualidades e características da cultura, do
desenho urbano e da arquitetura carioca e brasileira".
Mas se equivoca ao colocar
essas responsabilidades para
serem realizadas por uma
única firma em dez semanas.
Não acredito em uma armação adrede preparada, como se comenta à boca pequena em alguns setores da cidade, porque as instituições e
pessoas envolvidas são honestas. Mas o que está errado
é tão ou mais grave: humilha-se a cultura e a arquitetura, ao se achar que estas se
resolvem através de soluções tão simplistas, e menospreza-se nossa inteligência.
É necessário que os anteprojetos sejam definidos com
prazos e custos prefixados, a
partir de concursos públicos,
escolhidos por júris classificados, possivelmente internacionais, e com todos os trabalhos concorrentes expostos em lugar público.
Assim será possível que a cultura brasileira bem se expresse na Rio-2016.
FLÁVIO FERREIRA, arquiteto, é professor do PROURB-FAU/UFRJ
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