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TÊNIS
O alemão sem graça
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
O número um é, hoje, um
molecão magricelo, alto, que
joga com o boné virado para trás
e que, ao ganhar seu primeiro
Grand Slam, chorou feito um bebê. Dizem, aliás, que tem cara de
bebê. Tem talento, tem jeito, tem
carisma o meninão.
O número dois é um espanhol
loirinho que também ganhou um
Grand Slam. Já liderou seu país a
uma Copa Davis e, coincidentemente, tem nome de rei. É, dizem,
o novo "rei Juan Carlos".
O três é um suíço que tem o jogo
mais bonito do circuito, golpes
que todos gostam de imitar. O
quatro é Andre Agassi.
O cinco já passou por um caso
de doping, ficou afastado, voltou
e, agora, é um dos atletas mais
versáteis e empolgantes. Até os
brasileiros se rendem ao talento
do argentino Guillermo Coria.
Todos estarão no Masters, que
deve ter sua edição mais atraente
dos últimos anos. O sexto melhor
tenista está quase lá, mas quase
nada se fala dele. Não à toa.
Rainer Schuettler é um alemão
que não acrescenta nenhum carisma ou charme ao tênis. Para
quem viu um alemão como Boris
Becker, por exemplo, ver Schuettler é um tédio sem tamanho.
No domingo, o alemão levantou
o caneco em Tóquio. Os moderados aplausos da torcida local não
poderiam ser mais adequados ao
estilo de jogo do alemão: bom,
mas nada empolgante.
Sem um golpe matador, o alemão sobrevive à custa de sua regularidade neste ano. Não é pouco, claro. Só perdeu uma vez na
primeira rodada em 2003. Chegou 13 vezes pelo menos às quartas-de-final. Mas é preciso rodar
muito para achar quem o aprecie.
Por aqui, ficou conhecido como
"o alemão sem graça que eliminou Guga na Costa do Sauípe".
Na ocasião, a coluna acompanhou Schuettler por algum tempo
(não muito tempo). A última conversa foi mais ou menos assim:
Folha - É verdade que você começou a jogar ao ver Becker ganhar Wimbledon em 1985?
Schuettler - Não, não. Fiquei
emocionado com aquele título,
mas já jogava com meu pai.
Folha - Pensei que você jogasse
futebol, sonhasse jogar no Borussia Dortmund e, com o título do
Becker, tivesse optado pelo tênis.
Foi o que me contaram...
Schuettler - Adoro futebol, sou
torcedor do Borussia, sim, mas já
jogava tênis.
Folha - Ah, sim... Você estourou
tarde, talvez por ter demorado a
adotar o tênis como esporte, ou
não tem nada a ver?
Schuettler - Não, não. Talvez
porque eu tenha optado pelos estudos. Quando resolvi ser tenista,
já tinha 19, 20 anos. É tarde, não?
Folha - Sim, nessa idade os meninos já estão rodando o circuito.
Schuettler - Pois é...
Folha - Rainer, você tem amigos no circuito? Noto que geralmente está sozinho, que não conversa muito com outros tenistas...
Schuettler - Tenho amigos, sim.
O Lars (Burgsmuller, alemão), o
Ivo (Heuberger, suíço)...
Folha - Ah, sim. Mas você não
se relaciona com outros top ten,
Agassi, Federer, Roddick, Guga...
Schuettler - Não, não. Não tenho muito a ver com eles.
Rainer Schuettler não tem nada
a ver com eles mesmo.
Em Florianópolis
A Federação Catarinense de Tênis oferece, agora, quadras em sua sede para moradores de Florianópolis. Por R$ 15 a hora, qualquer cidadão pode, até as 22h, usar as quadras. Os vestiários também estão
abertos a quem aluga as quadras. Isso, sim, é incentivo ao esporte.
Em Joinville
A cidade recebe até domingo a quarta e última etapa do Circuito
Banco do Brasil, um dos mais importantes infanto-juvenis do país.
São mais de 200 jovens disputando o título no Joinville Tênis Clube.
Em San Diego
Maurício Pommê participa do Aberto dos EUA de tênis em cadeira
de rodas. Busca uma vaga entre os 50 melhores do ranking mundial.
E-mail reandaku@uol.com.br
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