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São Paulo, quarta-feira, 08 de outubro de 2003

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TÊNIS

O alemão sem graça

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

O número um é, hoje, um molecão magricelo, alto, que joga com o boné virado para trás e que, ao ganhar seu primeiro Grand Slam, chorou feito um bebê. Dizem, aliás, que tem cara de bebê. Tem talento, tem jeito, tem carisma o meninão.
O número dois é um espanhol loirinho que também ganhou um Grand Slam. Já liderou seu país a uma Copa Davis e, coincidentemente, tem nome de rei. É, dizem, o novo "rei Juan Carlos".
O três é um suíço que tem o jogo mais bonito do circuito, golpes que todos gostam de imitar. O quatro é Andre Agassi.
O cinco já passou por um caso de doping, ficou afastado, voltou e, agora, é um dos atletas mais versáteis e empolgantes. Até os brasileiros se rendem ao talento do argentino Guillermo Coria.
Todos estarão no Masters, que deve ter sua edição mais atraente dos últimos anos. O sexto melhor tenista está quase lá, mas quase nada se fala dele. Não à toa.
Rainer Schuettler é um alemão que não acrescenta nenhum carisma ou charme ao tênis. Para quem viu um alemão como Boris Becker, por exemplo, ver Schuettler é um tédio sem tamanho.
No domingo, o alemão levantou o caneco em Tóquio. Os moderados aplausos da torcida local não poderiam ser mais adequados ao estilo de jogo do alemão: bom, mas nada empolgante.
Sem um golpe matador, o alemão sobrevive à custa de sua regularidade neste ano. Não é pouco, claro. Só perdeu uma vez na primeira rodada em 2003. Chegou 13 vezes pelo menos às quartas-de-final. Mas é preciso rodar muito para achar quem o aprecie.
Por aqui, ficou conhecido como "o alemão sem graça que eliminou Guga na Costa do Sauípe". Na ocasião, a coluna acompanhou Schuettler por algum tempo (não muito tempo). A última conversa foi mais ou menos assim:
Folha - É verdade que você começou a jogar ao ver Becker ganhar Wimbledon em 1985?
Schuettler - Não, não. Fiquei emocionado com aquele título, mas já jogava com meu pai.
Folha - Pensei que você jogasse futebol, sonhasse jogar no Borussia Dortmund e, com o título do Becker, tivesse optado pelo tênis. Foi o que me contaram...
Schuettler - Adoro futebol, sou torcedor do Borussia, sim, mas já jogava tênis.
Folha - Ah, sim... Você estourou tarde, talvez por ter demorado a adotar o tênis como esporte, ou não tem nada a ver?
Schuettler - Não, não. Talvez porque eu tenha optado pelos estudos. Quando resolvi ser tenista, já tinha 19, 20 anos. É tarde, não?
Folha - Sim, nessa idade os meninos já estão rodando o circuito.
Schuettler - Pois é...
Folha - Rainer, você tem amigos no circuito? Noto que geralmente está sozinho, que não conversa muito com outros tenistas...
Schuettler - Tenho amigos, sim. O Lars (Burgsmuller, alemão), o Ivo (Heuberger, suíço)...
Folha - Ah, sim. Mas você não se relaciona com outros top ten, Agassi, Federer, Roddick, Guga...
Schuettler - Não, não. Não tenho muito a ver com eles.
Rainer Schuettler não tem nada a ver com eles mesmo.

Em Florianópolis
A Federação Catarinense de Tênis oferece, agora, quadras em sua sede para moradores de Florianópolis. Por R$ 15 a hora, qualquer cidadão pode, até as 22h, usar as quadras. Os vestiários também estão abertos a quem aluga as quadras. Isso, sim, é incentivo ao esporte.

Em Joinville
A cidade recebe até domingo a quarta e última etapa do Circuito Banco do Brasil, um dos mais importantes infanto-juvenis do país. São mais de 200 jovens disputando o título no Joinville Tênis Clube.

Em San Diego
Maurício Pommê participa do Aberto dos EUA de tênis em cadeira de rodas. Busca uma vaga entre os 50 melhores do ranking mundial.

E-mail reandaku@uol.com.br


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