São Paulo, segunda-feira, 08 de outubro de 2007

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JUCA KFOURI

O milagre de São Basílio


Na mesma meta em que Basílio fez o gol da libertação, 30 anos atrás, Betão marcou o do alento alvinegro

NEM AS abóbadas em forma de bulbos da famosa catedral de São Basílio, em Moscou, na Praça Vermelha, acreditariam se alguém lhes dissesse que o Corinthians ganharia do São Paulo.
Mas Corinthians é Corinthians.
Nesta semana em que muito se falará do nome do santo que batiza a igreja russa, pelos 30 anos do título de 1977 -e do gol de Basílio, não o santo, mas o Libertador-, eis que os corintianos convivem com o temor de ver seus três maiores rivais na Libertadores de 2008. Um deles ainda por cima como pentacampeão nacional e, se não bastasse o risco do rebaixamento, ainda vêem a Lusa com chance de voltar à Série A.
Mas, incredulidades, memórias e medos à parte, o fato é que o espírito de Basílio baixou no Morumbi.
Mais exatamente em Betão, que aos 40min do segundo tempo fez o gol que valeu uma vitória impossível, num jogo que foi todo, mesmo sem ser agudo, do São Paulo, que perdeu pela segunda vez seguida e para os dois times mais populares do país, ambos invictos diante do virtual pentacampeão. Só não foi jogo de gato e rato porque os corintianos se comportaram feito leões, obstinados em, ao menos, não perder.
Na mesma meta em que Basílio fez o gol do fim de quase 23 anos de jejum, Betão decretou o fim de uma escrita de 13 jogos sem vencer o São Paulo e, se ainda não tirou o alvinegro do rebaixamento, ao menos mostrou que o time não está morto, ao contrário do que parecia para aqueles, como este colunista, que imaginavam até uma goleada.
Sem Leandro e sem Dagoberto, o tricolor não mostrou a mobilidade habitual na frente e, se até fez por merecer seu gol, foi pouco perigoso e se deixou neutralizar pela incrível, comovente entrega corintiana.

Alviverde imponente
O Palmeiras jogou tão melhor e mais firme que o Grêmio que custa acreditar que só dois pontos os separam na tábua de classificação. Caio se firma como das boas surpresas desta reta final do Brasileirão, e Rodrigão fez um gol que qualquer grande centroavante assinaria, menos pelo tento em si, mais pelo primeiro passe de calcanhar que deu a Valdívia, que deveria, aliás, pedir proteção à Sociedade Protetora dos Animais, já que os árbitros são uns bananas.

Alvinegro eficiente
O Santos segue em sua toada. Se faz de morto, joga para o gasto, administra, corre um risco aqui e outro ali, mas, na hora agá, vence. Bem no finzinho, outra vez, agora no Engenhão, como no Mineirão. E cumpre a obrigação, pelo que custa, de se garantir na Libertadores.

Não é incrível, Huck?
Luciano Huck levou um baita susto nas ruas paulistanas e uma surra dos leitores desta Folha. Para quem o viu crescer e conhece seus propósitos, e de quem muito mais do que relógio, dinheiro e celular, perdeu o pai num assalto estúpido há 20 anos, três dicas: não se envergonhe de blindar o carro, siga no belo trabalho de sua ONG e tome o cuidado de não emprestar a imagem aos que têm farta responsabilidade pela desigualdade no país. Entre estes, alguns que estão organizando a Copa-14 no Brasil.

blogdojuca@uol.com.br


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