São Paulo, quarta-feira, 08 de outubro de 2008

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TOSTÃO

Soma de detalhes


Em uma seleção, com pouco tempo para treinar, é essencial saber priorizar o que é mais importante. Não é o que vejo

DUNGA DEVE manter o esquema tático dos dois últimos jogos e escalar Mancini no lugar de Ronaldinho, além de Kaká, no de Diego, e um centroavante para a posição de Luis Fabiano, contundido. Como Mancini atua pelos dois lados, seria melhor ele jogar pela direita, e Robinho, pela esquerda, onde atua melhor.
A moda na Europa é jogar com atacantes ou meias, um de cada lado, e mais um centroavante. Os três não possuem posições fixas. Isso acontece porque as equipes atuam com dois zagueiros e os laterais quase não avançam. Alguém precisa ocupar os espaços ofensivos pelos lados.
No Brasil, como os laterais atacam bastante, não sei se essa é a melhor opção tática. A vantagem é fazer duplas pelos lados, com os laterais e os atacantes. A desvantagem é deixar o centroavante isolado. Uma dupla na frente é também importante.
Com essa formação tática, a seleção tem outra dificuldade. Como Kaká é muito mais atacante que armador e os dois volantes jogam muito atrás, já que precisam fazer a cobertura dos laterais, existe um vazio no meio-campo. Falta um armador mais habilidoso, organizador, para iniciar as jogadas ofensivas.
Ontem, começaram os treinos. Com certeza, haverá todos os dias, pela manhã e à tarde, treinos de dois toques em um campo pequeno e com os jogadores fora de posição. Os técnicos de todo o mundo adoram esse treinamento. A finalidade é fazer com que os atletas se movimentem mais e consigam tocar a bola e sair de uma marcação em pequenos espaços.
Esse tipo de treino deve ser útil, já que os professores gostam tanto, mas ninguém me convence de que é prioritário. Ainda mais para a seleção com pouco tempo.
Seria muito melhor ensaiar as situações que mais acontecem em um jogo. Um time bem treinado precisa saber pressionar e, ao mesmo tempo, posicionar-se na defesa para o contra-ataque; saber marcar mais atrás e se preparar para contra-atacar; trocar passes e fazer triangulações; e inúmeras outras coisas. Não vejo nada disso na seleção.
Os técnicos precisam também treinar faltas, escanteios e o posicionamento dos jogadores nas bolas paradas, na defesa e no ataque. Isso os bons técnicos fazem muito. Só pensam nisso.
Tão ou mais importante que treinar é uma boa orientação e uma boa conversa no pé do ouvido com os jogadores. O técnico precisa definir com clareza o que quer.
Qualquer treinador, mesmo o do Íbis, conhece todos os esquemas táticos e sabe montá-los em uma prancheta ou em um computador. Difícil é perceber e conhecer em detalhes os detalhes. Isso poucos sabem.
A soma de muitos pequenos detalhes faz a diferença.

Previsões no Brasileirão
Que me perdoem vários jornalistas esportivos sérios, competentes, que tanto admiro, e também os que não admiro. Não quero ser diferente nem um chato de plantão, mas não consigo escutar tantas previsões, tantas hipóteses, tantas contas, tantas idas e vindas e tantas conversas inúteis sobre o futuro no Brasileirão.
Não me queiram mal. Se quiserem, podem dizer também que eu estou em cima do muro.


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