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FUTEBOL
Clube, rebaixado para a terceira divisão, busca apoio para um Brasileiro apenas com times mais tradicionais
Humilhado, Flu articula "virada de mesa'
SÉRGIO RANGEL
da Sucursal do Rio
Os dirigentes do Fluminense iniciaram ontem, dia seguinte ao rebaixamento do clube à Série C (terceira divisão), uma articulação para devolver a equipe à elite do
Campeonato Brasileiro.
"O Fluminense não cabe na terceira divisão. A intenção é fazer
uma reformulação global na competição", afirmou David Fischel,
presidente interino do clube, logo
após desembarcar no Rio, pela manhã, vindo de Natal (RN).
Na véspera, o empate em 1 a 1
com o ABC, combinado com a vitória do Santa Cruz sobre o Volta
Redonda (3 a 2), selou o terceiro
rebaixamento consecutivo do time
carioca (veja quadro ao lado).
Esse foi o pior revés já sofrido em
todos os tempos por um dos tradicionais clubes brasileiros. Com 1
título brasileiro e 28 estaduais, o
Fluminense é um dos fundadores
do Clube dos 13, que reúne as agremiações de maior torcida no país.
A tentativa de uma nova "virada
de mesa" pelo Fluminense repete
em parte a manobra feita em 97,
quando o clube, rebaixado à Série
B, voltou à Série A com apoio de
dirigentes cariocas e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Desta vez, porém, o retorno do
clube à elite do futebol pode passar
pela criação de uma "Liga Nacional" independente da CBF.
Essa possibilidade, prevista na
Lei Pelé (que rege o futebol atualmente), exigiria apoio do Clube
dos 13, do qual faz parte também o
Bahia, que neste ano disputou a Série B e poderia ser outro beneficiado com a nova competição.
O presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, não foi localizado ontem
para comentar a proposta.
Ela foi defendida por Francisco
Horta, ex-presidente do Fluminense nos anos 70 e candidato ao
cargo na eleição marcada para dezembro. Ele concorreu neste ano a
uma vaga como deputado estadual
pelo PPB, mas não se elegeu.
Outra frente, formada por membros da diretoria interina do Fluminense, partiu ontem em busca
de apoio de dirigentes do futebol
para uma manobra igual à de 97.
Nos próximos dias, David Fischel deverá se encontrar com Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol,
Fábio Koff, do Clube dos 13, e João
Havelange, ex-presidente da Fifa e
presidente de honra do Fluminense, para discutir o assunto.
Havelange é cotado pelos atuais
dirigentes para formar uma
chapa de consenso para
as eleições de dezembro. Os atuais dirigentes acreditam
que um nome de peso no futebol na presidência do clube poderia favorecer o Fluminense.
O presidente da Federação de
Futebol do Estado do Rio de Janeiro, Eduardo Viana, foi o primeiro
dirigente a aderir ao lobby tricolor.
Ontem, Viana disse que vai propor ao presidente da CBF que o
Brasileiro-99 seja disputado com
mais de 40 clubes, permitindo a
inclusão do Fluminense -que,
se tivesse de seguir as regras, só
poderia voltar à Série A em 2001.
Para alterar a fórmula de disputa, Viana terá que contar com o
apoio de todos os clubes ou o presidente da CBF decretar um ato administrativo, como fez em 97, mudando o regulamento e devolvendo Fluminense e Bragantino, outro
rebaixado em 96, à Série A.
Viana e Eurico Miranda, vice-presidente de futebol do Vasco, foram os principais articuladores da
decisão de Teixeira, que, com ela,
descumpriu uma promessa pessoal. Ontem, Miranda manifestou
solidariedade, mas disse que o Fluminense terá de ficar na Série C.
Um dos entraves para o Fluminense é o anúncio, feito no mês
passado por Teixeira e Koff, de que
o ano 2000 não será alterada a fórmula de disputa do Campeonato
Brasileiro.
Esse foi ontem o discurso na
CBF. "Por mim, não vai haver "virada de mesa', mas não sou eu que
decido", disse o presidente interino da CBF, Alfredo Nunes, indicando haver brechas para eventuais benefícios ao Fluminense.
Nunes está à frente da CBF enquanto Teixeira se recupera de acidente.
²
Com Reportagem Local e agências internacionais
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