São Paulo, quinta, 8 de outubro de 1998

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FUTEBOL
Clube, rebaixado para a terceira divisão, busca apoio para um Brasileiro apenas com times mais tradicionais
Humilhado, Flu articula "virada de mesa'

SÉRGIO RANGEL
da Sucursal do Rio

Os dirigentes do Fluminense iniciaram ontem, dia seguinte ao rebaixamento do clube à Série C (terceira divisão), uma articulação para devolver a equipe à elite do Campeonato Brasileiro.
"O Fluminense não cabe na terceira divisão. A intenção é fazer uma reformulação global na competição", afirmou David Fischel, presidente interino do clube, logo após desembarcar no Rio, pela manhã, vindo de Natal (RN).
Na véspera, o empate em 1 a 1 com o ABC, combinado com a vitória do Santa Cruz sobre o Volta Redonda (3 a 2), selou o terceiro rebaixamento consecutivo do time carioca (veja quadro ao lado).
Esse foi o pior revés já sofrido em todos os tempos por um dos tradicionais clubes brasileiros. Com 1 título brasileiro e 28 estaduais, o Fluminense é um dos fundadores do Clube dos 13, que reúne as agremiações de maior torcida no país.
A tentativa de uma nova "virada de mesa" pelo Fluminense repete em parte a manobra feita em 97, quando o clube, rebaixado à Série B, voltou à Série A com apoio de dirigentes cariocas e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Desta vez, porém, o retorno do clube à elite do futebol pode passar pela criação de uma "Liga Nacional" independente da CBF.
Essa possibilidade, prevista na Lei Pelé (que rege o futebol atualmente), exigiria apoio do Clube dos 13, do qual faz parte também o Bahia, que neste ano disputou a Série B e poderia ser outro beneficiado com a nova competição.
O presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, não foi localizado ontem para comentar a proposta.
Ela foi defendida por Francisco Horta, ex-presidente do Fluminense nos anos 70 e candidato ao cargo na eleição marcada para dezembro. Ele concorreu neste ano a uma vaga como deputado estadual pelo PPB, mas não se elegeu.
Outra frente, formada por membros da diretoria interina do Fluminense, partiu ontem em busca de apoio de dirigentes do futebol para uma manobra igual à de 97.
Nos próximos dias, David Fischel deverá se encontrar com Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Fábio Koff, do Clube dos 13, e João Havelange, ex-presidente da Fifa e presidente de honra do Fluminense, para discutir o assunto.
Havelange é cotado pelos atuais dirigentes para formar uma chapa de consenso para as eleições de dezembro. Os atuais dirigentes acreditam que um nome de peso no futebol na presidência do clube poderia favorecer o Fluminense.
O presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, Eduardo Viana, foi o primeiro dirigente a aderir ao lobby tricolor.
Ontem, Viana disse que vai propor ao presidente da CBF que o Brasileiro-99 seja disputado com mais de 40 clubes, permitindo a inclusão do Fluminense -que, se tivesse de seguir as regras, só poderia voltar à Série A em 2001.
Para alterar a fórmula de disputa, Viana terá que contar com o apoio de todos os clubes ou o presidente da CBF decretar um ato administrativo, como fez em 97, mudando o regulamento e devolvendo Fluminense e Bragantino, outro rebaixado em 96, à Série A.
Viana e Eurico Miranda, vice-presidente de futebol do Vasco, foram os principais articuladores da decisão de Teixeira, que, com ela, descumpriu uma promessa pessoal. Ontem, Miranda manifestou solidariedade, mas disse que o Fluminense terá de ficar na Série C.
Um dos entraves para o Fluminense é o anúncio, feito no mês passado por Teixeira e Koff, de que o ano 2000 não será alterada a fórmula de disputa do Campeonato Brasileiro.
Esse foi ontem o discurso na CBF. "Por mim, não vai haver "virada de mesa', mas não sou eu que decido", disse o presidente interino da CBF, Alfredo Nunes, indicando haver brechas para eventuais benefícios ao Fluminense.
Nunes está à frente da CBF enquanto Teixeira se recupera de acidente.
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Com Reportagem Local e agências internacionais


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