São Paulo, domingo, 08 de novembro de 2009

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PAULO VINICIUS COELHO

A base de tudo


Basta ver os candidatos ao título deste ano para saber quem mais se beneficia por não ter alterado tanto o time


MURICY RAMALHO confia no retorno de Pierre, Maurício Ramos e Cleiton Xavier para escalar o time completo nas três últimas rodadas do Brasileirão. "Vamos decidir o campeonato com a equipe inteira", aposta. Mas, se você comparar o time que joga uma de suas finais hoje, contra o Fluminense, com o que disputou uma das decisões de 2008, notará a desvantagem do Palmeiras na reta de chegada. Em 9 de novembro do ano passado, o Palmeiras enfrentou o Grêmio com Marcos, Élder Granja, Gustavo, Martinez e Leandro; Pierre, Jumar, Léo Lima e Evandro; Denílson e Alex Mineiro. Como Diego Souza estava suspenso naquele dia e Marcos está suspenso hoje, pode-se dizer que a decisão contra o Flu, no Maracanã, não terá nenhum titular do ano passado.
Entre os candidatos ao título, só o Atlético-MG vive situação similar, mas Márcio Araújo, titular há um ano, estará no banco de reservas hoje, contra o Flamengo. Compare então os dois candidatos com o São Paulo do empate com o Grêmio, quarta passada. Dos titulares, sete estavam no jogo do título contra o Goiás, em dezembro de 2008.
Essa receita da base mantida de um campeonato para outro levou ao tricampeonato. O time titular de 2006 tinha nove campeões mundiais. Oito titulares de 2007 faziam parte do elenco de 2006. Nove titulares do tri participaram da campanha do bi.
Em junho, enquanto ouvia comentários desconfiados sobre seu currículo, logo após ser contratado pelo São Paulo, Ricardo Gomes dava informações sobre seus trabalhos recentes. Deste colunista, ouviu referência ao Monaco, modesto 11º colocado no Campeonato Francês da temporada passada, e o pedido de comparação com o Bordeaux, que levou ao vice-campeonato em 2006. Sua resposta: "Meu trabalho no Monaco foi muito melhor do que no Bordeaux. Em Montecarlo, peguei um time falido, que precisava ser reestruturado. Deixei uma base forte para as próximas temporadas".
Hoje dirigido por Guy Lacombe, o Monaco ocupa a terceira posição na tabela francesa. Ricardo Gomes costuma dizer que o papel do treinador não é interferir no resultado da partida, mas criar condições de trabalho e explorar as melhores características de cada jogador. Quer dizer, impedir atritos, favorecer o ambiente ou, em outras palavras, ser um bom chefe. "É isso o que torna o grupo forte. No São Paulo, eu já encontrei boa parte disso." Se a base de jogadores do ano passado ajuda? "É claro que tem um peso."
A impressão é que hoje os times mudam muito mais do que no passado. Não é 100% verdade. A histórica formação do Flamengo campeão mundial em 1981 -Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico- jogou junta só quatro vezes. Mas o grupo mudou pouco de 1978 a 1983 e ganhou três títulos brasileiros. Foi o último período de hegemonia semelhante ao do São Paulo atual.
O Palmeiras joga hoje contra o Fluminense e contra a dificuldade de se reformar durante o Brasileirão. Pode superar tudo isso. Mas Muricy tem certeza de que a sequência de trabalho dá muito mais segurança: "Ano que vem vai ser muito melhor, você vai ver!".

pvc@uol.com.br

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