São Paulo, segunda-feira, 08 de novembro de 2010

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Primo rico

Interlagos muda seu conceito de VIP e atrai milionários para a pista enquanto, nos arredores, piloto sofre tentativa de assalto

DE SÃO PAULO

A economia brasileira está em alta, e o país virou prioridade para gigantes multinacionais. Isso mudou o conceito de VIP durante o Grande Prêmio de Interlagos.
No grid, antes da largada, nada de atriz global de sucesso ou modelo do momento. Estavam por lá, sim, alguns dos empresários mais famosos e milionários do mundo.
O autódromo paulistano recebeu ontem o banqueiro espanhol Emílio Botín, dono do Santander, e o brasileiro Carlos Ghosn, presidente mundial do grupo automobilístico Renault/Nissan.
Os dois reinavam no grid. Botín, mesmo com 76 anos, ficou lá até quando os carros partiram para a volta de apresentação. Correu com os mecânicos para deixar a pista e voltar para os boxes da Ferrari, que seu banco patrocina por valor não divulgado, mas que a imprensa europeia estima em mais de R$ 100 milhões por temporada.
Bem mais recluso do que Botín, a desenvoltura de Ghosn em Interlagos vai na contramão da sua opinião inicial sobre o investimento da empresa que dirige na F-1.
Ao assumir o cargo, ele cogitou, como forma de redução de custos, tirar a Renault (que conta com uma equipe própria e ainda fornece motores para a Red Bull, nova campeã entre os construtores) da categoria.
Nos camarote, com a camisa da empresa, quem aparecia era José Sergio Gabrielli, o presidente da Petrobras, a estatal que pagou para dar seu nome à etapa brasileira da temporada da F-1.
Políticos também competiam com os VIPs tradicionais. Além do prefeito Gilberto Kassab e do governador Alberto Goldman, representavam o governo federal o senador Delcídio Amaral (PT- -MS) e o ministro dos Esportes, Orlando Silva Jr.
Mas quem parecia o dono do espetáculo era Botín.
Sem um aparato ostensivo de segurança para quem está na lista das pessoas mais ricas do mundo, o banqueiro, que geralmente só assiste aos GPs nos países em que o Santander tem forte presença, falou com a Folha.
"Vim mais cedo para o Brasil desta vez porque tinha algumas coisas para resolver da Libertadores [competição de futebol que seu banco também patrocina] e porque vim conversar com o Lula [o presidente, com quem aparenta ter muita intimidade]."
Botín mostrou desconhecimento sobre a possibilidade de o Santander dar seu nome ao futuro estádio corintiano. A diretoria do clube paulistano tem a venda dos "naming rights" como a grande fonte de faturamento da arena de Itaquera.
"Não sei de nenhum interesse do banco em se associar a isto, na verdade nem sabia desde projeto. Que eu saiba, não há nada em negociação", disse Botín, que tem ideia de onde pode ter saído o suposto interesse.
"Aproveitei para ir a Campinas [de helicóptero] e acho que, no caminho, devo ter sobrevoado a área em que será este estádio", afirmou ele.
"Mas não fui lá para isso. Devo ter visto alguma coisa, mas não tenho certeza", completou o banqueiro. (CA, MM, PC, SM E TA)



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