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Primo rico
Interlagos muda seu conceito de VIP e atrai milionários para a pista enquanto, nos arredores, piloto sofre tentativa de assalto
DE SÃO PAULO
A economia brasileira está
em alta, e o país virou prioridade para gigantes multinacionais. Isso mudou o conceito de VIP durante o Grande Prêmio de Interlagos.
No grid, antes da largada,
nada de atriz global de sucesso ou modelo do momento.
Estavam por lá, sim, alguns
dos empresários mais famosos e milionários do mundo.
O autódromo paulistano
recebeu ontem o banqueiro
espanhol Emílio Botín, dono
do Santander, e o brasileiro
Carlos Ghosn, presidente
mundial do grupo automobilístico Renault/Nissan.
Os dois reinavam no grid.
Botín, mesmo com 76 anos,
ficou lá até quando os carros
partiram para a volta de apresentação. Correu com os mecânicos para deixar a pista e
voltar para os boxes da Ferrari, que seu banco patrocina
por valor não divulgado, mas
que a imprensa europeia estima em mais de R$ 100 milhões por temporada.
Bem mais recluso do que
Botín, a desenvoltura de
Ghosn em Interlagos vai na
contramão da sua opinião
inicial sobre o investimento
da empresa que dirige na F-1.
Ao assumir o cargo, ele cogitou, como forma de redução de custos, tirar a Renault
(que conta com uma equipe
própria e ainda fornece motores para a Red Bull, nova
campeã entre os construtores) da categoria.
Nos camarote, com a camisa da empresa, quem aparecia era José Sergio Gabrielli, o
presidente da Petrobras, a estatal que pagou para dar seu
nome à etapa brasileira da
temporada da F-1.
Políticos também competiam com os VIPs tradicionais. Além do prefeito Gilberto Kassab e do governador
Alberto Goldman, representavam o governo federal o senador Delcídio Amaral (PT-
-MS) e o ministro dos Esportes, Orlando Silva Jr.
Mas quem parecia o dono
do espetáculo era Botín.
Sem um aparato ostensivo
de segurança para quem está
na lista das pessoas mais ricas do mundo, o banqueiro,
que geralmente só assiste
aos GPs nos países em que o
Santander tem forte presença, falou com a Folha.
"Vim mais cedo para o
Brasil desta vez porque tinha
algumas coisas para resolver
da Libertadores [competição
de futebol que seu banco
também patrocina] e porque
vim conversar com o Lula [o
presidente, com quem aparenta ter muita intimidade]."
Botín mostrou desconhecimento sobre a possibilidade de o Santander dar seu nome ao futuro estádio corintiano. A diretoria do clube paulistano tem a venda dos "naming rights" como a grande
fonte de faturamento da arena de Itaquera.
"Não sei de nenhum interesse do banco em se associar a isto, na verdade nem
sabia desde projeto. Que eu
saiba, não há nada em negociação", disse Botín, que tem
ideia de onde pode ter saído o
suposto interesse.
"Aproveitei para ir a Campinas [de helicóptero] e acho
que, no caminho, devo ter sobrevoado a área em que será
este estádio", afirmou ele.
"Mas não fui lá para isso.
Devo ter visto alguma coisa,
mas não tenho certeza",
completou o banqueiro.
(CA, MM, PC, SM E TA)
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